A taxa anual de crescimento da demanda é determinada pela seguinte fórmula:
D = P + e R, em que
D = taxa anual de crescimento da demanda;
P = taxa anual de crescimento da população;
E = coeficiente da elasticidade-renda da demanda de lácteos; e
R = taxa anual de crescimento da renda per capita.
Determinado o valor da taxa anual de crescimento da demanda, pode-se calcular o valor (Vn) da demanda em um ano n, projetando-se para este ano a demanda (Vo) de um ano qualquer considerado como base. Nesta projeção utiliza-se a fórmula:
Vn = Vo (1 + R)n, em que
Vn = demanda no ano n;
Vo = demanda no ano-base;
R = taxa de crescimento da demanda/100; e
n = número de anos, da base ao projetado.
Nos cálculos das projeções da demanda de leite no Brasil, apresentados a seguir, são utilizados os seguintes parâmetros:
a) 1,56% ao ano, crescimento médio da população;
b) 0,392 elasticidade-renda da demanda;
c) cenários de crescimento da renda per capita:
- cenário pessimista, 1% ao ano,
- cenário realista, 2% ao ano,
- cenário otimista, 3% ao ano,
d) 23.521.395 mil litros de leite no ano-base (2004).
Nos cálculos das projeções da produção de leite são utilizados os seguintes parâmetros:
- cenário pessimista, crescimento da produção de 2,5% ao ano;
- cenário realista, crescimento da produção de 3,0% ao ano;
- cenário otimista, crescimento da produção de 3,5% ao ano.
Projetadas as demandas e as produções, considerando três cenários de renda per capita e três cenários de produção, o passo seguinte diz respeito ao balanço do mercado doméstico, definido pela diferença entre a produção e a demanda. As Tabelas 1 e 2 apresentam os resultados das projeções.
Tabela 1 - Projeções da produção e da demanda de leite no Brasil para o ano 2014. Dados em mil litros
Tabela 2 - Balanço do mercado de leite (produção-demanda) no Brasil, em 2014. Dados em mil litros
Quando o balanço for positivo, indicará excesso de produção no mercado doméstico. O ajustamento do mercado doméstico poderá acontecer via exportação desse excesso.
Quando o balanço for negativo, indicará falta no mercado doméstico, e o ajustamento poderá ocorrer via importação do que faltou.
Mesmo quando o país atingir auto-suficiência no mercado de lácteos, não significa que não ocorrerão importações. Deve haver, no futuro, importações e exportação de lácteos, e o que importa é o balanço dessas operações.
Em 2004, ano em que pela primeira vez as exportações foram maiores que as importações de lácteos, foi exportado o equivalente a 400.000 mil litros, e a produção nacional foi de 23.521.395 mil litros. A exportação correspondeu a 1,7% da produção nacional.
De acordo com as tabelas anteriores, em 2014, o excesso projetado irá corresponder a 7% da produção naquele ano, num cenário realista. Admitindo que esse excesso será exportado, isto significa mudança no mercado de leite, e a exportação ocupará lugar de destaque no equilíbrio do mercado doméstico.
A principal conclusão deste artigo é que os empresários da cadeia produtiva do leite devem ser rápidos na preparação para exportação, porque o ajustamento do mercado doméstico dependerá muito do mercado externo. Se isto não acontecer, provavelmente, o ajustamento do mercado doméstico implicará queda no preço recebido pelo produtor.