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Podemos evitar os "trancos e barrancos" no setor leiteiro nacional?

POR MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

ESPAÇO ABERTO

EM 12/05/2009

4 MIN DE LEITURA

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A Camex, através do colegiado de 7 ministros, decidiu suspender a partir do dia 28 de abril o licenciamento automático para importação de lácteos da Argentina, entrando em vigor um sistema de licenciamento não automático para as importações do país vizinho, sendo que um grupo interminesterial passará a monitorar os pedidos de importações.

A decisão foi justificada pelo fato de grandes importações de leite em pó com 75% do preço internacional, ficando o leite importado a R$ 0,41/litro, muito abaixo da média de R$ 0,59 recebido pelo produtor nacional, o que naturalmente, se for continuado, será um desastre para a pecuária leiteira brasileira, e consequentemente para a geração de empregos e para o desenvolvimento sócio-econômico do Brasil.

Chegou-se a levantar suspeita de que este leite importado não seja originário da Argentina, mas vindo da União Europeia através de triangulação, embora a situação dos preços internacionais e o preço do leite importado da argentina coloquem essa possibilidade como remota.

Parabenizamos a ação do Governo através da pronta ação do Ministro Stephanes e da Camex, decidindo não permitir importações de leite da Argentina de forma automática, sendo que cada pedido de importação deverá ser analisado especificamente e monitorado por uma comissão interministerial.

Parabenizamos também todos os que participaram no estabelecimento de um acordo de cavalheiros relativo a quantidades máximas e preços mínimos para importação de leite em pó argentino.

Mas é importante ter em mente que não são apenas exportadores argentinos, mas também importadores brasileiros, que estavam ganhando dinheiro com essa situação prejudicial à pecuária leiteira e ao interesse nacional.

A situação era estranha pois até o final de 2008 se falava numa grande oferta de leite por parte dos produtores e grandes estoques de leite em pó, para justificar substancial redução no preço pago ao produtor. Ora, se essa situação era verdadeira, é de se estranhar esse grande volume de importações de leite em pó da Argentina. Se não era verdadeira essa situação, teria sido um blefe para justificar a redução de preços ao produtor. Isso nos leva à pergunta: está havendo abuso de poder econômico nos elos mais fortes da cadeia produtiva, prejudicando não só a pecuária de leite, mas a geração de empregos e renda no País?

Temos a convicção que essa prática lesiva aos interesses nacionais e à pecuária brasileira não é generalizada, mas utilizada apenas por alguns empresários, mesmo porque acreditamos que contraria também interesses da maioria das nossas empresas de lacticínios e até mesmo de empresas argentinas.

Mas achamos que é importante que seja analisado pelo MAPA o que aconteceu em 2008 e no primeiro trimestre de 2009, em termos de produção, consumo, estoques e importações, e verificado se há necessidade de medidas permanentes para evitar abuso de poder econômico na cadeia do leite ou a ganância de alguns, que prejudiquem o agronegócio do leite brasileiro, principalmente o seu elo básico e o mais fraco, que é a pecuária de leite, mas que vem a ser o elo da cadeia que mais contribui para geração de empregos e desenvolvimento sócio-econômico.

A FAEG afirma que o preço do leite no atacado subiu 25% no primeiro trimestre deste ano, mas que o aumento do preço não foi repassado ao produtor, que continua no mesmo patamar, pressionado pelo aumento de custos, sendo que só os principais insumos subiram 33%, segundo a FAEG.

Matéria do jornal Correio Popular de Campinas mostra que o preço do leite nos últimos 15 dias teve alta de 17%, passando o preço médio do litro de R$ 1,70 para R$ 2,00. A explicação dada para o aumento foi a entressafra, onde diminui a oferta e aumentam os custos de produção, associado com a aproximação do inverno, quando as temperaturas diminuem e aumenta o consumo. Mas segundo a Scot Consultoria, que acompanha os preços na produção na região de Campinas, o preço médio do leite ao produtor em abril foi de R$ 0,68/litro, com um aumento de apenas 1% com relação ao mês anterior, e sensivelmente inferior ao preço médio de abril do ano passado, que foi de R$ 0,72.

Estes fatos mostram o descompasso dos ajustes de preços entre o que o consumidor paga e o que o produtor recebe, e sugerem que também é importante uma avaliação do MAPA sobre o comportamento dessa discrepância da variação dos preços do leite ao produtor e ao consumidor.

Muitos de nossos problemas urgentes e graves, que levam o nosso agronegócio do leite aos "trancos e barrancos" são decorrentes de questões que não foram convenientemente solucionadas a longo e médio prazos. Temos a convicção de que se contássemos com mecanismo permanente adequado para estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiros, distorções como essas recentes importações de leite em pó da Argentina e as grandes distorções entre a variação de preço ao consumidor poderiam, se não evitadas, ser pelo menos muito minimizadas.

Por isso, temos, desde a instalação da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados do MAPA, defendido a criação de grupo temático permanente para o estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro junto à Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados, composto por representantes do governo e dos elos de produção, que é fundamental para evitar situações estranhas e garantir o desenvolvimento sustentável de todos os elos dessa cadeia produtiva da cadeia produtiva.

Estamos confiantes que, sob o comando do Ministro Stephanes, o MAPA, com o apoio da CNA e demais entidades que participam da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados, possa implementar um mecanismo permanente e adequado para o estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro brasileiro, de forma a evitar os ¨trancos e barrancos" no setor leiteiro nacional.

MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

Membro da Aplec (Associação dos Produtores de Leite do Centro Sul Paulista )
Presidente da Associação dos Técnicos e Produtores de Leite do Estado de São Paulo - Leite São Paulo

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ANTONIO PATRUS DE SOUSA FILHO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/06/2009

Caro Marcelo
Encerrando minha participacao sobre este assunto,gostaria de lembra-lo que ingenuidade e desconhecimento nao fazem parte de minha trajetoria. Convivo com assunto de fazenda desde crianca e ha pelo menos tres geracoes estamos no ramo.Por razoes obvias diversificamos e formamos um grupo que hoje atua nos segmentos imobiliarios,construcao civel,varejo de tecidos e confeccoes,transportes, informatica, escritorio de advocacia, representacoes, etc,com mais de 500 empregados entre diretos e terceirizados.

Sei da enorme dificuldade de se criar uma central nacional ou regional. Apenas acho que pessoas com a sua capacidade, lideranca, militancia e experiencia no meio, com um site a sua disposicao,estao em mais condicoes de melhorar a luta do produtor e e claro com o meu apoio irrestrito, seje ele qual for. Por isto me coloquei a sua disposicao para criar a central. Porem vc educadamente em sua carta me incita nao a ajudar, mas a criar a central. Estamos a passos largos para tal e coloco meu endereco eletronico para adesoes e apoio: antonio@patrus.com Inicialmente seguindo sua ideia de regionalizar para depois, juntos, caminhar nacionalmente. Assim espero formar esta central para dizer aos laticinios que o nosso produto tera um preco minimo, acima do ICP do leite, e nao mais estipulados por eles, para dizer aos produtores que teremos representatividade,que somos capazes de defender nossos interesses na cadeia produtiva do leite.

Abracos P A T R U S.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Antonio Patrus de Souza Filho



Sou apenas engenheiro e produtor de leite a 47 anos. Apesar de seu incentivo e, inclusive pelos compromissos com a Leite São Paulo, realmente não teria condições de liderar um movimento para criação de uma central nacional, o que acredito que poderá vir a aconter naturalmente a partir do momento que tivermos algumas centrais estaduais.

Parabens por aceitar o desafio e se propor a trabalhar pela criação de uma central no seu estado! Precisamos de gente com essa disposição para liderar as transformações necessárias para mudar o panorama da pecuária leiteira nacional.

Pelo que você colocou, com sua experiência e de sua familia de pelo menos três gerações no ramo, e contando hoje um grupo diversificado, acredito desde já na posssibilidade de você criar uma central ai em Minas Gerais, e deixo o endereço eletrônico leitesaopaulo@mpc.com.br me colocando a disposição para colaborar com você no que for possível.

Espero que logo você esteja aglutinando um grupo de produtores mineiros dispostos a se engajar nessa empreitada de criar a central em Minas. Espero também que em outros estados surjam lideranças com sua disposição para criar centrais de produtores em seus estados. Se tivermos sucesso, e contarmos com algumas centrais estaduais, acredito que estas se entenderão para criar a central nacional.

Um grande abraço e meus votos de sucesso.

Marcello de Moura Campos Filho
MARIA LUCIA ANDRADE GARCIA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/06/2009

Marcello, dada a participação e extensão desse dialogo que se estabeleceu mais uma vez através de artigo focando a situação descabida do produtor de leite no Brasil, porque não considerarmos a possibilidade de criar uma associação ou uma central virtual de produtores para propor ações de nosso interesse diretamente ao MAPA? Eu particularmente estaria disposta a colaborar não só com idéias, mas também com dinheiro para tal. Penso que outros produtores também estariam. Veja a campanha do Obama a partir do "You can" e da Internet! Um abraço, Maria Lúcia.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezada Maria Lúcia Andrade Garcia

Como disse ao Patrus não me proponho a liderar movimento para criar central de produtores, virtual ou não, pois acho que é muita areia para meu caminhão e por isso concentro meu esforço na Leite São Paulo, que de certa forma está dentro da idéia de uma central de proutores, cuja atuação é no meu Estado.

Venho lutando em prol dos produtores a muitos anos, e penso que o produtor de leite não é solidário nem no cancer. Aliás a heterogenidade do produtor de leite no País dificulta essa soledariedade e a união dos produtores, que não interessa a outros elos da cadeia que por sua natureza são bem organizados e tem grande poder econômico. A criação de uma central nacional de produtorers de leite exigirá muito recurso financeiro, muita luta, inclusive com entidades de representação de produtores que, com uma visão distorcida, poderão ver essa iniciativa não como para somar na defesa dos produtores mas como concorrentes na disputa pelo poder.

Se pessoas como você e o Patrus se dispuserem a liderar o trabalho para cria essa central, me disponho a colaborar dentro do possível.

Mas veja, mesmo que se consiga criar essa central e ela tenha representatividade para agir diretamente junto ao MAPA, o que seeria ótimo, é natural que o MAPA não decida nada sobre as medidas que a central propuser sem ouvir também outros elos da cadeia produtiva, particularmente a indústria e comércio. Então a proposta de criação de um grupo permanente para estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro, com participação do MAPA, e de representantes dos produtores, da indústria e do comércio, onde o MAPA exerça as funções de coordenação, mediação e regulação é fundamental, e não prejudica a idéia da criação da central de produtores, que se for criada e tiver representatividade pode pleitear a participação nesse grupo.

Por isso é importante seu apoio, do Patrus e de lideranças produtores para conseguirmos criar esse grupo permanente para estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro, o que considero que seria muito bom.

Não pretendo me extender na discussão sobre a criação de uma "central" de produtores virtual ou não, e que acredito que seria ótimo para os produtores e reintero a minha convicção que a proposta para criação do grupo permanente para estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro é factivel e boa. Finalizo apenas lembrando que, via de regra, se colocamos o ótimo como inimigo do bom, podemos acabar não conseguindo nem uma coisa nem outra, e continuarmos com problemas sem solução, que como bem disse o Guilherme Alves de Mello Franco, vem desde o tempo de nossos avós.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
ANTONIO PATRUS DE SOUSA FILHO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/05/2009

Caro Marcelo:
No jornal Estado de Minas de domingo, 31/05/09, em entrevista de pagina inteira (17) o presidente do sindicato da Industria de Laticinios de MG, Silemg, Alessandro Rios, diz que a comemoracao do dia mundial do leite (01/06) é certa nos laticinios. Segundo ele, o setor nao sofreu o forte impacto da crise financeira mundial. Existem em MG, 1,1mil pequenas industrias e é hora do sindicato buscar acoes conjuntas para potencializar o trabalho delas. Diz ainda que o valor pago ao produtor deve ficar entre 0,65/0,70 por litro, enquanto o preco do longa vida deve se estabilizar ou ficar um pouco acima de 2,00. Vai mais longe ainda em dizer que a diferenca entre o preco pago ao produtor e o vendido ao consumidor
depende do produto.

Analisando sua entrevista, vemos o quanto estao organizados sob uma bandeira so, defendendo acoes para seus filiados, definindo o quanto vao pagar ao produtor (0,65/0,70) e quanto o consumidor pode pagar, algo em torno de 2,00, e ainda, vendem a ideia de que o preco pago ao produtor depende do produto, tornando-o um escravo da qualidade dentro da fazenda e mesmo assim, vendendo abaixo do custo de producao. Porem a grande verdade é que o lucro deles esta justamente nessa absurda diferenca(0,65 para 2,00). Poderiamos muito bem vender a 0,90 diminuindo o lucro deles e o consumidor esta pagando 2,00/2,20. Se tivessemos uma Central, que desse entrevistas nos meios de comunicacoes, como eles fazem via sindicato, que defendesse o produtor na hora da negociacao, que divulgasse nacionalmente um preco acima do ICP e o produtor seguisse, que definisse politicas e grandes diretrizes e que por fim representasse com legitimidade os produtores nos foruns da cadeia produtiva do leite, nao estariamos lamentando, como sempre ocorre.

Por estas e outras defendo a central como orgao gerador de grandes diretrizes e politicas de preco, com apoio nascido na base, deixando as associacoes e cooperativas como orgaos aglutinadores dos produtores e divulgadores das politicas estabelecidas pela central. Fora isto continuaremos pedindo foruns para discutir a cadeia produtiva, mediacao do governo, e quando os foruns ocorrerem chegaremos nele sem forca, sem politicas definidas, e o pior, sem apoio dos produtores que nao veem legitimidade nele, e pior ainda, muito mais fracos que os outros elos da cadeia, e portanto sem o respeito deles, perdendo sempre.

Somos mais fracos porque permitimos. Sem leite, nao exite laticinio. Somos fornecedores do que eles mais precisam. Basta organizarmos nacionalmente, divulgar um preco acima do ICP, e pedir o apoio do produtor. E sucesso na certa! Abracos . P A T R U S. OBS: divulgue essa carta de maneira mais contunde ai no MilkPoint e peca a opiniao dos produtores de leite e veja o apoio dessas ideias. Concordo com vc Marcello, da ideia do forum, mas precisamos chegar nele, vendendo uma ideia de forca e uniao do produtor e isso so atravez da central.
ANTONIO PATRUS DE SOUSA FILHO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/05/2009

Caro Marcelo:
Sugiro uma Central, em vez de um grupo permanente para o estabelecimento da politica e planejamento do setor leiteiro, pois ela aglutinara e mobilizara o produtor de leite para alcancar seu maior objetivo que é pelo menos um preco acima do ICP, enquanto o grupo permanente nao tera um canal efetivo junto ao produtor, que continuara desmobilizado e fraco. Primeiro devemos fazer a central, com uma diretoria nacional coordenando diretorias regionais junto as bacias leiteiras e ate utilizando as cooperativas e associacoes ja existentes, criar um canal de comunicacao com o produtor e isto é fundamental para o exito da central, permitindo assim uma participacao, mobilizacao e divulgacao deste preco no qual o produtor deve se pautar durante a negociacao com os laticinios e, caso o laticinio nao pague esse preco minimo, interferir na negociacao em prol do produtor.

A Central sera criada como uma tentativa para acabar com as desculpas para os graves problemas da
pecuaria leiteira e sim para resolver estes problemas. Ai, caro Marcelo, iremos fortes para qualquer forum da cadeia do leite, faremos governo e laticinios nos respeitarem, ja teremos uma posicao nacional e regional definidas. Na situacao sugerida por voce, primeiro um grupo permanente para estabelecer politicas e foruns com o governo de mediador ja chegaremos fracos e sem representativida e continuaremos a ser desrespeitados por todos, inclusive pelo proprio governo, que se curvara diante dos laticinios, varejos e interesses eleitorais. Fortalecer a categoria dos produtores de leite, representa-lo junto aos orgaos de governo e foruns da cadeia do leite, aglutinar o produtor em associacoes e cooperativas, e assim a Central, divulgar tecnologias e metodos para melhorar a qualidade e reduzir custos, e principalmente melhorar as condicoes de comercializacao, seriam os objetivos da central.

Nao adianta ir a foruns sem essa Central, que nascera da base, pois o produtor esta carente de uma grande lideranca nacional expressiva representativa e carismatica, e portanto confiando nela, levantara sua voz e sera ouvido pois tem uma central forte atras dele que o defendera na negociacao. Assim o sucesso da central estara garantido. Estou a disposicao para iniciar a central, divulga-la nacionalmente, e mudar os caminhos que hoje estamos trilhando, ca para nos, bastante timido e sem consciencia da nossa forca.

Abracos, P A T R U S.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Antonio Patrus de Sousa Filho

Você talvez não tenha idéia da dificuldade de criar uma central nestes moldes, e aglutinar os produtores nessa central.

A Leite São Paulo foi criada a cerca de 5 anos dentro desse conceito, uma espécie de "central" de produtores no Estado de São Paulo, e estamos ainda longe de ter os recursos financeiros e capacidade de mobilizar o produtor que precisariamos para ter a força que você imagina para defender melhor o produtor nas negociações. Imagino a dificuldade e os recursos financeiros para criar uma "central" nacional. Dizem que o mineiro só é solidario no cancer. Face as dificuldades que enfrentamos na Leite São Paulo, chego as vezes a pensar que o produtor de leite não é solidário nem no cancer. Mas nós aqui em São Paulo estamos batalhando para que uma "central paulista" ganhe a força que você gostaria que uma "central" tivesse, mas sabemos que isso exige perseverança e leva tempo, sem prejuizo de lutar também por medidas que achamos importantes como a criação de um mecanismo permanente com regulamentação e mediação do Governo para estabelecer a ploítica e o planejamento do setor leiteiro.

Eu não me proponho liderar para criação de uma "central" nacional, pois é muita areia para o tamanho do meu caminhão. Concentro meu esforço na Leite São Paulo, cuja atuação é no meu Estado. Mas com certeza colaboraremos dentro do possível com as lideranças de produtores se propuserem a realizar essa tarefa.

Se você acredita que é factivel criar uma "central" nacional, não se coloque a disposição para ajudar na sua criação, mas lidere movimento junto a produtores para cria-la. Mas talvez seja mais viável você criar essa "central" no seu estado. Se tivermos várias "centrais" estaduais atuando com sucesso, será mais fácil chegarmos a uma "central" nacional, através de uma confederação das "centrais".

A minha proposta, que apresentei neste e em outros artigos, é a de criação de um grupo permanente para estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro considero boa, factível e por isso luto por ela. Gostaria de contar com a colaboração de lideranças de produtores para viabilizar essa proposta e me coloco a disposição para discutir essa proposta.

Não pretendo me extender na discussão sobre a criação de uma "central" como você sugere, e que acredito que seria ótimo para os produtores. Finalizo apenas lembrando que, via de regra, se colocamos o ótimo como inimigo do bom, podemos acabar não conseguindo nem uma coisa nem outra.

Abraço.

Marcello de Moura Campos Filho
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/05/2009

Prezado Marcello: o grande problema é que a promessa de solução, desta já quase eterna romaria do produtor de leite em busca de preço para seu produto, é traduzida dentro do mercado há anos, nos tempos ainda de nossos avós. É que, parafraseando a você, a estrada dos chineses, para nós, ao invés de começar com um passo, termina nele e, sempre, temos que iniciar tudo de novo. Se o preço do leite ao produtor sobe, os insumos da produção já se elevaram muito antes. E, ao Governo atual, sabemos nós, não interessa que o produto se eleve ao consumidor, já que esteio das políticas sociais mais oportunas. Como elevar o preço ao produtor representará aumento do valor para o consumidor final, nada deve ser feito, pelo menos, até a próxima eleição presidencial.

Mas, como eu já dissera antes, a criação do grupo é bem vinda, desde que seguida de perto por outros eventos imediatos, como a fixação de valor mínimo para o produto ou, até mesmo, de subsídios à produção, tal como ocorre com os países desenvolvidos. Se não, este primevo passo pode nos conduzir ao precipício.
Um grande abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Guilherme Alves de Mello Franco

Agradeço o comentário.

Realmente desde o tempo de nossos avós não encontramos soluções adeequadas para muitos dos problemas do produtor de leite brasileiro. Mas várias tentativas foram feitas. Isto parece indicar que ainda não conseguimos encontrar o caminho certo para solucionar esses problemas.

A criação de um grupo permanente e agil para estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro, com representantes do Governo, dos produtores, da indústria e do comércio, onde o Governo desempenhe um papel de regulação e mediação é algo novo, e que acredito que seja o primeiro passo na direção de encontrarmos solução para os problemas do agronegócio do leite e, principalmente, da pecuária de leite nacional.

Mas você tem razão, não basta criar esse grupo, que é apenas um primeiro passo. É preciso que nós produtores trabalhemos para que nossos representantes nesse grupo possam levar e defender as propostas que atendam os nossos legítimos interesses, conseguindo as medidas que efetivamente problemas que persistem, como você bem disse, desde o tempo de nossos avós.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
ANTONIO PATRUS DE SOUSA FILHO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/05/2009

Caro Marcelo:
E preciso reconhecer que as entidades de representacao dos produtores (acho que nao deveriamos ter entidades e sim uma central) nao tem a organizacao e o poder economico de representacao dos outros elos da cadeia produtiva do leite. Porem, precisamos mais ainda reconhecer, que admitir este fato e nao fazer nada de concreto e uma atitude passiva, omissa, medrosa e autofagica. Ha geracoes estamos lutando sem sucesso pois nunca tivemos uma central forte que nos represente ate mesmo nos foruns adequados para discussoes e negociacoes. Temos de mudar este pensamento secular que somos o elo mais fraco da cadeia, quando deveria ser justamente o contrario.

Cabe lembrar que o governo, sugerido como mediador, nao tem o menor interesse em promover o lucro de produtores, laticinios e redes varejistas e sim levar o menor preco para a mesa do consumidor, que afinal é quem o elege. Nao creio que o governo va interferir no mercado estipulando precos minimos, etc. Nós produtores temos de nos organizar em uma central e fazer valer nossos interesses. Ja imaginaram se todos os setores da economia passassem a depender da mediacao do governo? Ou estamos sugerindo ao governo socializar a economia, definindo margens de produtores, laticinios e varejos? Acho que nenhum setor da economia quer a presenca do governo no negocio. Ja basta sua participacao atraves da excessiva tributacao e fiscalizacao.

Vamos rodar, rodar, o tempo passando e os prejuizos acumulando. Sem uma central continuaremos a ser fracos e desrespeitados na cadeia produtiva do leite, nos foruns ou em qualquer nome que queiram dar a esse projeto.

Abraços, PATRUS.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Antonio Patrus de Souza Filho

O elo produtivo ser o mais fraco da cadeia do leite não é um pensamento, mas sim um fato, que você mesmo reconhece. Concordo que reconhecer esse fato e não fazer nada para mudar essa situação é um absurdo, mas também é fato que os produtores, suas entidades ou centrais tem feito, ao longo de anos, muito pouco progresso para conseguir mudar esse quadro.

Quanto aos políticos e ao Governo é natural, e no meu entender legítima, a preocupação que os alimentos cheguem à mesa do consumidor com preços baixos. O que está errado é que esses preços baixos sejam via de regra conseguidos com o "esmagamento" do produtor, que muitas vezes paga a conta das besteiras cometidas por outros elos da cadeia produtiva e pelo próprio Governo. E por que isso acontece? Porque o produtor é o elo mais fraco, mais desorganizado e com menor poder econômico na cadeia produtiva, sem capacidade para pressionar o Governo e negociar com os outros elos da cadeia defendendo seus legítimos interesses e melhorar sua situação.

As nossas entidades de prodtutores, ou uma central como você acha que deve ser ( a CNA não deixa de ser uma central com ramificações nos estados e municípios através das Federações Estaduais e Sindicatos Rurais ) não conseguirão nada se o Governo não fizer, pelo menos, o papel de um orgão regulador e mediador das diferenças de interesses entre os elos da cadeia produtiva, trazendo equilibrio e justiça para os participantes. Lembro que justiça não é tratar igualmente todas as situações, mas tratar desigualmente as situações desiguais, e por isso para o produtor de leite é importante o papel do Governo como regulador e mediador.

A ação do Governo como regulador e mediador não tem nada a ver com socialização da economia. A crise de 1929 e a atual crise econômica demonstram inequívocamente que a iniciativa privada, o liberalismo econômico e o livre mercado não são suficientes para manter equilibrada uma economia cada vez mais centralizada e globalizada, e com cada vez mais diferença de poder econômico entre os participantes da atividade produtiva. Dessa forma, regulação e mediação de Governo são aspectos fundamentais se quizermos que, o mundo de forma geral, e o setor de leite em particular, não vivam em crises permanentes e possam ter um desenvolvimento equilibrado e sustentável.

Como dizem os chineses, toda longa caminhada numa direção começa com o primeiro passo.

A proposta, ou como você diz, projeto, de um grupo permanete e agil para estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro, no meu modo de ver é o primeiro e importante passo na direção das mudanças necessárias para lutar e fortalecer a pecuária leiteira, de forma a mudar o fato desse elo produtivo ser o mais fraco da cadeia, e permitir que seja mais respeitado pelos outros elos da cadeia e pelo próprio Governo.

Se você acha que o primeiro passo deva ser uma "central", em vez de um grupo permanente para o estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro, sugiro que você nos mostre como acha que deva ser essa "central" e o que devemos fazer para chegar lá.

Talvez a idéia da "central" e de um grupo permanente para estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro possam ser passos complementares, dados em conjunto ou em sequência, contribuindo para que a pecuária leiteira seja mais forte e respeitada pelos outros elos da cadeia e pelo próprio Governo, que é, com certeza, o que todos nós produtores desejamos e precisamos.

Abraço/Marcello
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/05/2009

Prezado Marcello: São absurdos como o que você denuncia em seu artigo que quase fazem os produtores de leite deixarem a profissão. Nós só não largamos a produção de leite, porque nosso sangue é branco (rsrsrs), herdado geneticamete de nossos avós, fazendeiros de longa data. Nós, por outro lado, já nos acostumamos a ser lesados em nossos direitos, já que a diferença entre o valor do leite que sai de nossas fazendas e o que é oferecido nas gôndolas dos supermercados, por si só, descortina algo de errado.

Alguém sempre ganha com tais "importações" e, infelizmente, não somos nós, os produtores de leite brasileiros. Apesar de acharmos auspiciosa (palavra em voga, nos dias atuais, em face de uma novela, onde ninguém serve um copo de leite sequer, aliás, fato corriqueiro, já que os autores preferem wisque e coca-cola) a criação desta pseudobarreira comercial, não acreditamos que dure muito tempo ou, mesmo, que surta efeitos, já que o poderio econômico manda e desmanda em nosso território nacional e, "as situações estranhas", que você colocou, devem continuar a acontecer. Mas, se "para inglês ver" ou não, pelo menos, a restrição ora criada serve de um alento e de esperança de que as coisas passem a mudar, que a corrente do rio, algum dia, siga o nosso mesmo caminho, ao invés de termos que continuar lutando contra ela para não falecermos afogados.

Impedir a importação, não negamos, é um grande passo, mas melhor seria se viesse acasalada com a construção de um preço mínimo e justo para o produto. Mas, Cabral ainda admitirá que já sabia destas terras e que sua viagem foi premeditada antes de vermos a luz no fundo do túnel, esperando - sempre - que esta não seja o farol do trem.
Um grande abraço e parabéns pelo artigo.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Guilherme Alves de Mello Franco

Agradeço os comentários.

Impedir concorrência desleal de importações através de proibição ou tarifas compensatórias, sempre que necessário e por tempo definido, a construção de um preço mínimo justo para o produtor, são todas questóes que serão resolvidas adequadamente e em tempo oportuno se tivermos um grupo permanente e ágil para o estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro junto ao MAPA.
Acho, como você diz, usando um termo da moda, muito auspicioso para toda a cadeia produtiva, e especialmente para a pecuária leiteira nacional, a criação desse grupo.

Abraço/Marcello
MARIA LUCIA ANDRADE GARCIA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/05/2009

Caro Marcello: parabéns mais uma vez pelo artigo. Pelas cartas recebidas, vejo que engrossa cada vez mais a voz de desconforto do produtor de leite. Penso que além de foruns e politicas, precisamos de medidas mais imediatas e obvias da parte do governo, especificamente do MAPA. Uma regulamentação simples e eficaz que estabeça a certificação do estabelecimento produtor de leite, através de autorização para produção para o mercado e contratatação do fornecimento com uma indústria.

Através da autorização e da contratação, o mercado primário poderia também ser mais facilmente fiscalizado pelos estados mediante sua delegação às prefeituras. Estas, poderiam ter mais uma fonte de renda na concessão da certificação e na sua fiscalização, baseadas nas condições técnicas e sanitárias de produção e nos contratos de fornecimento.

Ano passado, no MilkPoint, tive ocasião de passar meu ponto de vista de que o aumento do leite tinha muito mais a ver com a financeirização das empresas lácteas já que as condições de consumo tinham sido favorecidas pelos aumentos concedidos na época ao salário mínimo, passando pela bolsa familia, funcionários públicos e aposentados. O consumo nos supermercados mostrou isso, mantendo-se firme todo esse tempo. A realidade mostrou que o problema estava mesmo no caixa das empresas. O exemplo da Sadia por ter se tornado público, fala por si.

Precisamos antes de tudo de medidas regulatórias simples, e eficazes. Um abraço, Maria Lúcia.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezada Maria Lucia Andrade Garcia.

Agradeço os comentários.

Concordo que precisamos mais do que foruns e políticas para conseguirmos o que presisamos para conseguir as medidas que precisamos para assegurar o desenvolvimento equilibrado e sustentável de nossa pecuária leiteira. Como já conversamos, concordo também contratos e fiscalização se enquadram dentro dessas medidas. Acredito também que muitas vezes o preço do leite espelha mais os aspectos financeiros das empresas de lacticínios do que a realidade do mercado consumidor.

Concordo que precisamos de medidas regulatórias eficazes e simples para resolver os problemas dos produtores de leite. O ponto é: como conseguir essas medidas? No meu modo de ver um grupo permanente e agil para estabelecimento da política e planejamento setorial, com o Governo assumindo o papel de regulador e mediador é primeiro e importante passo nessa direção. Se você outros passos para conseguirmos isso, é importante levantar. Talvez esses passos possam ser dados juntos ou em seqência e chegarmos mais rápido onde desejamos. Veja a resposta que dei à segunda carta do Antonio Patrus.

Abraço/Marcello
L. FERREIRA DE AGUIAR

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/05/2009

Sr. Marcello

Parabéns pelo artigo e pela luta incessante a favor da pecuária de leite nacional. Depois da euforia vivida em 2008, quando chegaram a comparar o leite ao petróleo, vivemos um ano de muitas dificuldades, acredito que nos quarenta anos que sou produtor de leite, esse foi o ano mais difícil e que mais prejuízo tive nessa atividade.
E infelizmente vi coisas muito desagradáveis, em Belo Horizonte MG, um litro de leite
longa vida estava sendo vendido por R$1,68 e o pasteurizado de saquinho (conhecido como barriga mole) está sendo vendido a R$1,98. Parece que o consumidor descobriu que esse é mais confiável, e o setor final da cadeia produtiva (indústria e supermercados) na sua ânsia de ganhar dinheiro, usando seu poder econômico passou a vender esse mais caro, o que não acontecia antes das fraudes recentes. Enquanto isso o produtor recebia R$0,56 que não cobre nem os custos fixos de produção. Esse mês de abril, o leite no Triangulo Mineiro teve uma alta significativa passando de R$0,61 em março, leite recebido em abril, para R$0,69.

Agora é esperar pela ação dos órgãos governamentais, não só com medidas de controle das importações, mas também com ações que mantenham o equilíbrio de preço entre o que é recebido pelo produtor e o pago pelo consumidor. Que os agentes do final da cadeia produtiva do leite, compreendam que sem o setor primário a indústria não sobrevive. Ou senão teremos que aproveitar esse bom momento que parece está começando para acabar com nossos rebanhos, porque viver aos trancos e barrancos como tem sido até hoje é burrice.

Lucas.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Lucas Aguiar

Agradeço seus comentários.

A decisão de liquidar o rebanho e sair do leite é sempre uma decisão pessoal.

Os outros elos da cadeia produtiva do leite nunca tomarão uma medidas que levem ao abandono em massa dos produtores que seria fatal para seus negócios, mas podem tomar medidas que mantenha o produtor no limiar da sobrevivência, onde alguns abandonarão o leite, mas que poderão ser compensados por outros que entrarão por acharem que são mais espertos ou mais capazes do que os que sairam.

A pecuária de leite é e será sempre o elo mais fraco da cadeia produtiva, e para que possa ser ouvida de respeitada dentro da cadeia precisa de um forum adequado para discussões e negociações onde o Governo seja o coordenador e mediador e atue para assegurar o equilibrio da cadeia e o desenvolvimento e sustentabilidade de todos os elos. Um grupo permanente e agil, com representante dos elos da cadeia e coodenação e mediação do governo para o estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro é uma proposta nesta direção.

Abraço/Marcello
ANTONIO PATRUS DE SOUSA FILHO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/05/2009

Caro Marcello: fica evidente em seu artigo que alguem está lucrando muito em detrimento do produtor quando o preco medio do leite em 15 dias sobe de 1,70 para 2,00 reais, aumento de 17%, e o preco medio pago ao produtor sobe ridiculamente 1%, passando de 0,68 para 0,69. Num mercado capitalista, de livre concorrencia, quem é mais forte define as regras do jogo! Os laticinios e varejistas organizados em sindicatos e associacoes definem suas margens de lucro. O produtor, pulverizado pelo pais, sem uma central nacional representativa de seus interesses, sem acesso a informacao, assiste passivamente, o laticinio definir qual preco ele vai receber e apos ja ter entregue seu produto.

De nada vai adiantar, na camara setorial da cadeia produtiva do leite e derivados, composto por representantes do governo e elos de producao, ficar conversando fiado, com os produtores sem uma voz firme. É necessario uma central para definir que so entregaremos nosso produto por um preco superior ao icp (Indice do custo de producao) hoje acima R$ 0,75 e tambem um preco em que todos ganhem proporcionalmente, e nao como vem ocorrendo com o produtor recebendo um repasse ridiculo de 1% e os laticinios e varejos 17%. Situacoes estranhas, expressao que voce, Marcello, cita no texto, continuarao a ocorrer enquanto o produtor nao se organizar nacionalmente e definir um preco de venda acima do icp, diga-se de passagem mais do que justo, pois ninguem pode vender com prejuizo. E necessario uma central, para definir um preco de referencia, divulgar para todos os produtores este preco, e estes so entregarem seu leite por este preco ou acima. Na cadeia produtiva do leite, o que vemos é o controle da mesma pelos laticinios que infiltraram nas associacoes de leite e cooperativas que nunca conseguiram representar o produtor decente e honestamente.

Tambem acredito que no mercado capitalista mixto em que vivemos nao se estabelece politicas e planejamento com a criacao de grupos tematicos. E necessario pressao, representatividade, o que lamentavelmente nao temos. Ou sera que os laticinios, na reuniao, terao dó de nos e por misericordia nos darao uma fatia proporcional do bolo? Desculpem a ironia, mas so rindo para nao chorar. A Faeg tambem ja viu a discrepancia de precos e nada acontece. Produtor, é hora de criarmos a CNPL, central nacional dos produtores de leite, para definir preços acima do icp, para lutar contra as importacoes, no nascedouro e nao tardiamente como agora onde o leite em po argentino ja quebrou o produtor brasileiro, pra estabelecer grandes diretrizes inclusive diminuir a producao quando necessario, e pricipalmente para quando houver a reuniao da cadeia produtiva do leite dizer alto e bom som que temos representatividade e agora chega: nao mais pagaremos a conta! Queremos agora um preco justo para nosso produto e isso so se consegue com pressao, com representatividade!

Aguardo sugestoes e me coloco a disposicao para iniciar a CNPL! Abracos, PATRUS.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Antonio Patrus de Sousa Filho

Agradeço seus comentários

Em qualquer discussão ou negociação a firmeza da voz de uma entidade depende da sua organização e do seu poder econômico. É preciso reconhecer que as entidade de representação de produtores não tem a organização e o poder econômico de entidades de representação dos outros elos da cadeia produtiva. É preciso reconhecer também que precisaremos muito tempo para conseguir chegar à organização e poder econômico dos outros elos da cadeia, e talvez isso possa nunca acontecer. A nossa força terá que vir do reconhecimento da nossa fraqueza. Somos e seremos o elo mais fraco da cadeia produtiva. E por isso precisamos de um forum para discussão e negociação entre os elos da cadeia produtiva que tenha a coordenação e mediação do governo. A questão dos preços deveria ser tratada nesse forum e mediada pelo Governo. A proposta de um mecanismo permanente e agil, com coordenação e mediação do Governo, para o estabelecimento da política e planejamento setorial poderia ser este forum. Penso que os produtores e sua entidades deveriam unir suas forças e lutar por esta bandeira. Se isso acontecer teremos o apoio do Governo para conseguirmos este forum, onde nossa voz poderia ser firme por ser legítima e ter sua fraqueza compensada pela mediação do Governo, a quem interessaria o desenvolvimento equilibrado de toda a cadeia. Creio que devemos unir as forças para tentar esse caminho, e deixar a criação da CNPL - Central Nacional dos Produtores de Leite como alternativa a ser tentada se não conseguirmos um forum com coordenação e mediação do governo para discussão e negociação entre os elos da cadeia produtiva.

Abraço/Marcello
RENATO CALIXTO SALIBA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/05/2009

Marcello, como sempre você toca nos pontos chaves do problema. Queria que o governo tivesse coragem de publicar a relação das empresas que fizeram essas importações criminosas, somente com essa atitude poderiamos, os produtores de produtos lácteos saberiamos quem é quem nesse nosso mercado.
Quanto a Camâra Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e derivados, o Mapa poderia todo mês emitir um preço mínimo, sem que seja obrigatório, mas para que os produtores possam ter uma ideia aproximada do seu custo.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Renato Calixto Saliba

Agradeço seus comentários.

Penso que a publicação das empresas que importam leite e as quantidades importadas é uma questão que depende muito mais da legislação do que da coragem ou não do Governo publica-las. Mas o que o Governo não pode deixar de fazer é saber quem e quanto está importando, avaliar os efeitos dessas importações, e tomar, sempre que necessário, as medidas cabíveis para que a indústria e, principalmente, a pecuária de leite nacional não seja prejudicada.

Por isso seria muito útil ao Governo um grupo permanente e agil para o estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro, que permitiria ao Governo avaliar se as importações estão dentro do contexto da política e planejamento estabelecido para o setor leiteiro. A questão de preços ao produtor, à indústria e ao consumidor, deveria também a ser tratada por esse grupo ao estabelecer a política e o planejamento setorial, pois o efeito das importações de leite sobre a política e planejamemnto do setor leiteiro devem ser feitas em função dos volumes e preços praticados.

Abraço/Marcello
MÁRCIO F. TEIXEIRA

ITAPURANGA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/05/2009

Prezado Marcello,

é incrível ver que depois de tantas experiências e discussões no setor leiteiro brasileiro ainda estamos (nós produtores) tão desamparados pelos governos federal e estadual. Isso pq o leite é o principal produto da agricultura familiar, imagina se não fosse.

A verdade, na minha opinião, é que existe um "cartel" que domina e estabelece o preço do leite no país, e isso explica o motivo do preço pago ao produtor não acompanhar as respostas dos preços pagos pelos consumidores. Ou seja, quando as respostas são positivas o repasse do preço aos produtores ocorre de forma lenta, e ao contrário, quando o mercado "esfria", os preços despencam rapidamente. Só p lembrar, em 2007, foram apenas 4 meses de preços acima de R$ 0,80 e em 2008 não é bom nem lembrar do preço q recebemos, 2009 idem.

Como não temos nenhuma entidade que, de fato, defenda os produtores, os mesmos trabalham em um mercado que é manipulado. Como a esperança é a última que morre, quem sabe algum dia tenhamos alguma entidade que nos represente de maneira séria e de forma permanente. Se isso já estivesse ocorrendo as importações da Agentina não teriam acontecido, sem explicação.

Por falar nisso, só p lembrar, como está o caso dos adulteradores de leite em Minas?? ninguém falou mais.. daqui a pouco aparece outra bomba p sujar o nome dos produtores profissionais de leite no Brasil.

Espero que vc continue participando e nos defendendo junto ao MAPA e na Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados, bom trabalho !!!

At.
Márcio

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Márcio Teixeira

Agradeço os comentários.

Se você acha que tenho defenfido os produtores e feito um bom trabalho junto à Câmara Setorial da Cadeia produtiva de Leite e Derivados, na realidade o mérito é da Associação dos Produtores de Leite do Estado de São Paulo - Leite São Paulo, entidade que represento. Acredito que outras entidades de produtores, como a CNA, tem procurado defender o produtor, embora nem sempre atendendo as espectativas dos produtores. Um dos motivos para que isso aconteça é a diferença de organização e poder econômico das entidades de produtores e entidades dos ourtos elos da cadeia produtiva, ficando sem ser atendidos legítimos interesses dos produtores e, mesmo que não haja formação de cartel, do preço que o consumidor paga pelos lacteos não chega ao produtor uma parte justa.

No meu entender o equilíbrio entre os elos da cadeia produtiva do leite só acontecerá se tivermos um forum para estabelecer e acompanhar a política e o planejamento do setor leiteiro, que seja permanente e agil, que tenha um representante do MAPA como coordenador e mediador. E só teremos perspectiva disso acontecer se as entidades de representação de produtores calçarem as "sandálias da humildade" e reconhecerem que isso é absolutamente necessário para compensar as enormes diferenças de organização e poder econômico entre os elos da cadeia, e agirem junto ao MAPA para que isso aconteça.

Abraço/Marcello
NELSON JESUS SABOIA RIBAS

GUARACI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/05/2009

Os valores indicados no artigo demonstram uma margem de até 194% entre a industria e o varejo. O MAPA deve sim continuar trabalhando para organizar a Cadeia Produtiva do Leite, mas me parece muito importante envolver orgão de proteção ao consumidor não só para controlar a qualidade desde o produtor até o varejo assim como monitorar as margens de lucro dos elos desta cadeia. Com o tempo vamos ver que melhor do que subsidio sera garantir preço minimo para os produtores. Acho que existe tecnologia e conhecimento para determinar os custos reais do produtor e também condições de fiscalizar, enfim existe um grande trabalho a ser feito mas até hoje tem faltado vontade politica de atuar neste tema.

Talvez agora com a crise mundial e a eminente quebra dos produtores e de alguns lactinios possamos andar para frente nesta batalha, imprescindível a participação da CNA.

O nível de preço que os produtores estão recebendo atualmente não serve nem para aqueles que produzem com baixissima tecnologia e trabalham no arrepio da lei usando "cama de frango" para alimentar suas vacas, estamos vivendo o anuncio do desmonte dos produtores sérios e de qualidade.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Nelson Jesus Saboia Ribas

Agradeço os comentários.

Concordo com você que é imprescindível a participação da CNA, representando os produtores, num mecanismo permanente para estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro, e vou mais além, a CNA deveria liderar um movimento junto à Câmara Setorial do MAPA para a criação e implantação deste mecanismo, pois o elo que mais se recente dos "trancos e barrancos" que ocorrem no setor leitreiro e o da pecuária leiteira, que é o mais fraco e que sempre acaba pagando a conta dos êrros e "espertezas" cometidas por falta de um mecanismo para estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro.

No meu entender, este mecanismo permanente para estabelecimento da política e planejamento sertorial, deveria ter um representante da Secretaria de Política Agricola como coordenador e mediador, favoreceria o desenvolvimento equilibrado e sustentável de todos os elos da cadeia produtiva e o o desenvolvimento econômicpo e social do País, e por isso o MAPA deve ter interesse na sua implementação.

Mas melhorar o mecanismo de estabelecimemento da política e planejamento do setor leiteiro, com a criação de um grupo temático permanente e agil para esta finalidade, depende muito do MAPA e da CNA entenderem que isso é necessário e liderarem a formatação e implementação

O que tenho feito é levantar essa idéia que julgo fundamental para o equilibrio e desenvolvimento do setor leiteiro, especialmente da pecuária leiteira, e estarei sempre a disposição do MAPA, CNA ou qualquer outra entidade para discutir essa questão.

Abraço/Marcello

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