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Pesquisas sobre cruzamentos entre raças leiteiras

ESPAÇO ABERTO

EM 10/11/2005

5 MIN DE LEITURA

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Por Fernando Enrique Madalena 1

A produção de leite na faixa tropical do Brasil está baseada na utilização de mestiças de Bos taurus x B. indicus, que respondem por uma proporção estimada na ordem de 80% da produção nacional. Este tipo de animal é o mais adequado para sistemas de produção a pasto, como os que predominam no Brasil, devido à combinação de sua produção de leite, suficiente para atingir o nível econômico, com a sua maior adaptação, incluindo-se aí fertilidade, precocidade sexual, longevidade, tolerância ao calor e resistência aos parasitas, o que, somado, se reflete em menor custo de produção.

Nas últimas três décadas a produção de leite do Brasil aumentou à taxa de quase 3% ao ano, tendo inclusive o País passado de importador a exportador, por enquanto incipiente, de lácteos. Tal crescimento ocorreu de forma diferente nos vários Estados, sendo maior nos chamados "de fronteira", como Goiás, Mato Grosso do Sul, Acre, etc, em quanto que em outros o crescimento foi menor, ou até, no caso de São Paulo, a produção diminuiu, não somente em termos relativos, mas, também, absolutos. Naquele Estado têm sido preconizados insistentemente sistemas de produção "intensivos", baseados em altos insumos de capital, que não conseguem competir com os sistemas mais baratos utilizados nas outras regiões, acarretando migração da pecuária leiteira e liquidações de plantéis. Enquanto não se ofereçam aos produtores soluções econômicas, esse processo ira continuar. Ironicamente, há produtores de São Paulo anunciando maior lucratividade com o leite que com a cana, em sistemas a pasto, com gado mestiço, e a Estação Experimental de Ribeirão Preto tem excelentes resultados na produção a pasto, com cruzamentos de Jersey.

As pesquisas brasileiras sobre cruzamentos, em especial as conduzidas pela EMBRAPA-Gado de Leite, com apóio da FAO/PNUD, tem esclarecido diferentes aspectos, particularmente, as vantagens econômicas do aproveitamento pleno da heterose através da utilização de animais F1 de Bos taurus x B. indicus. Por exemplo, foi demonstrado que, em fazendas comuns, de duas ordenhas, com apojo do bezerro, o lucro obtido por vacas F1, durante toda sua vida, superava à segunda melhor opção, o cruzamento rotacional, num valor equivalente a 5.000 litros de leite (Madalena et al. 1990). Em outra pesquisa, o lucro obtido com filhas de pai Jersey x vacas Holandês/Gir superava em 47% ao obtido com filhas de pais Holandeses, diferença que aumentaria com o pagamento por sólidos do leite (Teodoro e Madalena, 2005).

Com base nesses resultados, a Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de Minas Gerais, implementou, junto com os Bancos do Brasil e do Nordeste, um programa de financiamento para a produção de fêmeas F1, bem como das matrizes Bos indicus (Gir, Guzerá, etc) necessárias para sustentá-lo. Um abrangente programa de pesquisa da EPAMIG fornece o suporte técnico. Em outros estados, por exemplo, no Paraná, há interesse dos organismos técnicos em buscar alternativas para os cruzamentos, como evidenciado pelo recente simpósio sobre taurindicus organizado pela EMATER em Londrina. Já os produtores vêm valorizando cada vez mais o gado mestiço. As novilhas F1 em Minas Gerais recebem preços de 2 a 2 ½ vezes a arroba de boi gordo, e as matrizes Gir e Guzerá alcançam altos preços. As vendas de sêmen mostram a mesma situação: segundo a ASBIA (https://www.asbia.org.br), no período 2000-2004, as doses de sêmen vendidas de Holandês e Pardo Suíço diminuíram 22 e 37%, respectivamente, enquanto que as de Gir, Guzerá Leiteiro, Girolando e Jersey aumentaram 195, 127, 442 e 36%, respectivamente. As doses vendidas destas quatro raças em conjunto, passaram de 30% das doses de Holandês e Pardo Suíço, no ano 2000, para 82%, em 2004.

Apesar de estar bem documentada a superioridade econômica das mestiças, engana-se quem achar que "já se sabe tudo sobre cruzamentos", como decretaram alguns sábios. Muito pelo contrário, ainda há muito que pesquisar. Por exemplo, nas raças taurinas, qual o Holandês a ser utilizado, o Holstein ou o da Nova Zelândia? Como se compara o cruzamento tríplice de Jersey x Holandês/Gir com as F1 destas últimas duas raças? Qual seria a contribuição da genética sueca? E nas zebuínas, qual o desempenho comparativo das mestiças das diferentes raças zebuínas (acredite se quiser, no país do zebu ainda não se fez essa comparação). Para aumentar a pouco numerosa população de zebu leiteiro, poder-se-ia fazer cruzamento de absorção do Nelore, mas, quantas gerações de cruzamento com raças zebuínas leiteiras seriam necessárias, para se fazer a forma para cruzar com B. taurus? Como funcionaria um composto de zebu leiteiro nos cruzamentos? Para complicar, as respostas não serão as mesmas em diferentes sistemas de produção, em vacas de 15 litros que em vacas de 8, com bezerro ou sem bezerro, aproveitando os machinhos ou descartando-os, fora as diferenças climáticas entre as regiões.

Não se pense que estas são questões acadêmicas; muito pelo contrário, já há criadores pesquisando-as. Como acontece toda vez que a pesquisa pública se omite, os criadores de ponta saem na frente, o que, contudo, não é a melhor solução, já que a qualidade da pesquisa depende de delineamento e análise profissional - que influenciam a validade e abrangência dos resultados.

No meio científico internacional os cruzamentos de gado leiteiro estão totalmente em pauta. Para se ter uma idéia, no congresso mundial de melhoramento que estamos organizando para o ano próximo, em Belo Horizonte (https://www.wcgalp8.org.br) o comitê científico indicou três palestras sobre o assunto: uma de L.B. Hansen (USA) - Monitoring the worldwide genetic supply with emphasis on managing crossbreeding and inbreeding, outra de N. Lopez-Villalobos (Nova Zelândia) - Crossbreeding systems for dairy production in New Zealand e a terceira de V. L. Cardoso e A.E. Vercesi Filho (Brasil) - Alternative crossbreeding strategies for dairy cattle production in tropical circumstances.

O Brasil não tem de quem copiar soluções para a pecuária tropical, pelo que tem que continuar a inventá-las aqui mesmo, como sempre fez. Disponibilizar para os produtores um leque de opções de cruzamentos, indicando seu desempenho econômico, para permitir tomada de decisões seguras, é uma das mais importantes prioridades da pesquisa pública.

Referências

Madalena, F.E., Lemos, A M., Teodoro, ., Monteiro, J.B.N. Barbosa, R.T. Evaluation of strategies of crossbreeding of dairy cattle in Brazil. J. Dairy Sci. 73:1887-1901. 1990.
Teodoro, R.L; Madalena, F.E.. Evaluation of crosses of Holstein, Jersey or Brown Swiss sires x Holstein-Friesian/Gir dams. 3. Lifetime performance and economic evaluation Genet. Mol. Res. 4: 84-93. https://www.funpecrp.com.br/gmr/ 2005.

________________________________________
1 Fernando Enrique Madalena é professor da UFMG

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CLEBER MEDEIROS BARRETO

SOBRAL - CEARÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/12/2005

Fernando Madalena,



Peço encarecidamente que se possível o senhor caracterize o que chamou de "Fazenda de Ponta". Aqui no Nordeste, acho que não diferentemente do resto do país, podemos conceituar, fazenda de ponta, aquela propriedade de mega-grupos de empresários que durante quase 40 anos saquearam os cofres e decretaram o triste fim da SUDENE, tão bem idealizada pelo paraibano Celso Furtado no governo JK.



Quanto ao Flávio, que teceu considerações sobre os cruzamentos em aves e suínos, comparando com o que se pode fazer em gado de leite, vale ressaltar que essas marcas comerciais oriundas de cruzamentos, não são elaboradas para "sobreviverem" e sim produzir a todo e qualquer custo verticalmente, sabendo-se que as margens de remuneração em tais atividades são reconhecidamente baixas e que só a busca pela eficiência produtiva levará qualquer produtor a se credenciar para figurar, não sobreviver, no setor leiteiro de nosso país.



Para finalizar, digo-lhe que é tanto preconceito com a maravilhosa condição tropical, que em muitas universidades brasileiras não há nem a chance em a chance de um graduando ou mesmo os pós-graduandos saberem realmente o conceito de vaca especializada.



Agradeço,



Cleber Medeiros Barreto



<b>Resposta do autor:</b>



Prezado Sr. Cleber Medeiros Barreto,



Agradeço os comentários. Veja o senhor que eu não falei em "fazendas de ponta", mas em "criadores de ponta", aqueles que estudam, se informam, que, acima de tudo, pensam com a sua cabeça, arriscam seu dinheiro e acertam novos caminhos válidos, sendo por isso os pioneiros, os ponteiros, os que marcam rumos.



Não gostaria de comentar a respeito do que outros leitores do MilkPoint escreveram, mas da minha parte, acho que a meta para o produtor de leite deva ser ganhar dinheiro para retribuir decentemente seu trabalho e seu investimento, e não apenas sobreviver. Os cruzamentos constituem uma das ferramentas para faze-lo, ao aumentar a eficiência econômica na grande maioria das condições de produção de leite do Brasil.



Atenciosamente,



Fernando Enrique Madalena
LEOVEGILDO LOPES DE MATOS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 12/12/2005

Parabéns, Professor Madalena!



O Senhor tem toda razão quando afirma que não é o responsável pelos preços do leite praticado no mercado doméstico brasileiro. Tão pouco sobre os preços dos insumos, energia, custos financeiros, máquinas e equipamentos. O caminho para a eficiência econômica não passa mais pela velha equação "produção máxima = lucro máximo" e sim deveria ser perseguida da forma: "nível de produção ótimo = lucro máximo".



A ênfase exagerada que normalmente é dedicada à genética e à elevação da produção por vaca, pois produtividade individual é o chavão de forte promoção comercial, não tem levado em consideração dois fatores muito importantes:



O primeiro se refere ao balanço estequiométrico e a termodinâmica (transformações metabólicas e fisiológicas que logicamente obedecem a "Lei de Conservação das Massas", de Lavoisiere), isto é, o leite é produto da transformação dos nutrientes consumidos pelo animal.



O segundo tem a ver com a Lei dos Retornos Decrescentes, isto é, biologicamente, as respostas marginais vão sendo reduzidas para cada incremento unitário de insumo utilizado, na faixa da curva além da inflexão posterior à fase linear de resposta.



Como atividade leiteira deve visar lucro, o ponto ótimo-econômico estará sempre antes do ponto máximo de resposta física ou biológica, principalmente no caso de vacas leiteiras, em que o incremento nutricional necessário para manter maiores produções de leite ocorre à custa da maior participação de forragens conservadas e concentrados, onerando muito os custos da dieta dessas vacas de elevado potencial.



O interessante é que nossos produtores que adotaram esses sistemas de produção não admitem que o mundo (mercado) mudou e que eles deveriam se ajustar a essas mudanças. O mesmo acontece com os técnicos que sempre recomendaram "o uso de tecnologia", como se somente esse caminho adotasse tecnologia, e agora não querem perder seus clientes e não aceitam discutir novos rumos.



Sempre têm a desculpa de que "cada caso é um caso" e cada situação é bastante particular e ímpar, como o caso dele próprio. "Não doutor, meu custo de produção de milho para ensilagem é baixo, pois no meu caso....". Então eu lhes retruco: "então você está tendo muito lucro com leite". Como réplica me afirmam quase sempre que não, porque o preço do leite está muito baixo.



Se o preço do leite é considerado baixo por eles, significa que o custo de produção da silagem de milho (o dele próprio, ímpar, caso particular, etc.) está caro em relação ao mercado. O leite é que tem que pagar a silagem de milho. No mundo todo, qualquer sistema de produção, de pepino a suíno, os produtores usam e se beneficiam da heterose, com cruzamentos e hibridações, exceto na bovinocultura, corte ou leite, em que todos querem ser "criadores" da raça X ou Y, em vez de produtores de carne ou leite. Espero que não seja muito tarde para a grande maioria dos nossos produtores e técnicos se conscientizarem que a função dos nossos produtores não é produzir muito leite e sim lucro.
FLAVIO BITENCOURT

INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 21/11/2005

É importante para o setor da pecuária de leite mundial, saber que tanto produtores quanto pesquisadores estão se interessando pelo cruzamento. As indústrias suína, avícola e a pecuária de corte utilizam-se das vantagens da heterose para produzirem animais economicamente mais eficientes. Um comentário, ou melhor, uma pergunta para o Prof. Madalena: você acha que o trabalho que o Prof Timothy Olson da Universidade da Florida vêm realizando com a inserção do gene do pêlo curto na raça holandesa e uma opção para o Brasil no futuro?



Flavio Bitencorurt

B&D Dairy

Greenvile, Florida



<b>Resposta do autor:</b>



Prezado Flavio Bitencourt,



Os trabalhos que o Prof. Olson vêm desenvolvendo sobre o gene do pêlo curto (sleek hair) são da maior importância, porque os animais portadores apresentam maior tolerância ao calor. Ele foi detectado em várias raças, como o Senepol e a Carora, um mestiço da Venezuela. Teremos a honra de ter o Prof. Olson entre os palestrantes convidados no Congressso Mundial https://www.wcgalp8.org.br



Já os problemas do Holandês para produzir em condições tropicais são muito mais amplos do que apenas a intolerância ao calor: também há problemas de fertilidade, baixa resistência aos parasitas, menor capacidade de lidar com forragens de baixa qualidade e com níveis baixos de alimentação. Assim, a forma mais barata e prática de se obter animais leiteiros adaptados contínua sendo o cruzamento com zebu, o que certamente poderá ser reforçado com a introdução de genes específicos, como o do pêlo curto. Holandês na Florida só é possível na base do subsidio pesado - até quando durará?



Atenciosmente,



Fernando Enrique Madalena
RENATO PALMA NOGUEIRA

GUAXUPÉ - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 21/11/2005

Prezado Dr. Madalena,



Começo esta minha humilde consideração sobre o artigo pelo senhor escrito citando o filósofo iluminista Voltaire: "Posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas lutarei até a morte pelo vosso direito de dizê-lo".



De muito venho lendo suas explanações neste site e confesso que muitas vezes me sinto incomodado com a postura agressiva que o senhor defende suas posições. Dirijo esta carta tanto como filho de produtor de leite, como por profissional (zootecnista) envolvido com assistência técnica a produtores de leite. Acho que todo sistema de produção deva ser analisado individualmente, pelas características tanto da propriedade como do proprietário e não apenas por sermos um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Por este motivo fizemos a opção em casa, no estado de São Paulo (e são dois profissionais na área, pois meu irmão é agrônomo) por trabalharmos com animais especializados e em regime confinado, embora tínhamos um sistema de cruzamentos com zebu de longa data.



Muitos dos produtores de leite que saíram da atividade no estado de São Paulo citam dentre as principais razões: outra opção agrícola, devido ao valor da terra, em especial cito aqui os arrendamentos para a cana-de-açucar, desinteresse dos filhos em dar continuidade a atividade leiteira e descrença na política leiteira, em especial na falta de um contrato de longo prazo com a indústria onde um preço mínimo pelo produto diminuísse ou até evitasse o risco que qualquer produção com investimento em tecnologia fatalmente teria.



O senhor caminha por terreno perigoso quando fala que o sistema de produção adotado no estado de São Paulo com alto uso de insumos é o motivo de insucesso na atividade, porque nunca vi técnico de nenhuma outra área dizer uma coisa destas. O que deve mandar é a velha máxima da relação Custo/Benefício. Também não acho que rebanhos puros devam ser o caminho para todos, embora o foi em casa.



Vale lembrar o levantamento do MilkPoint dos Top 100 na produção de leite, ou será que todos que optaram por produção intensiva optaram por perder dinheiro? Também gostaria de dizer que os produtores de leite que fazem uso de altos investimentos em tecnologia pagam muitos impostos por estas tecnologias e por isto merecem todo o respeito de quem atua nos órgãos públicos de pesquisa que são financiados pelo governo, que recebe este rico dinheirinho e os repassam as instituições federais.



Respeito todas as opções de produção, acho que todas bem conduzidas podem dar bons resultados. Não acho que a opção em produção com animais mestiços deva excluir a utilização de tecnologia, embora acho que a escolha por rebanhos especializados não tenha a opção nas épocas de crise de deixar de usá-las, o que aumenta e muito o risco da atividade.



Acho o seu trabalho com cruzamentos muito importante para a atividade leiteira nacional, mas condeno veementemente a postura agressiva que se refere a quem faz uma opção diferente do que o senhor considera o ideal. Também acho um absurdo liberação de financiamento para compra de animais do Banco do Brasil estar condicionada à certa genética, que deveria ser decisão do produtor e não do banco. O Banco deveria condicionar a liberação do dinheiro a capacidade do produtor em produzir alimento para estes animais ou obrigar o produtor a investir parte do dinheiro liberado a produção de forrageiras para a época seca do ano.



Viva a diferença, viva a variabilidade, viva a democracia.

Atenciosamente,



Renato Palma Nogueira - Zootecnista.



<b>Resposta do autor:</b>



Prezado Dr. Renato Palma Nogueira,



Agradeço seus comentários e a altura com que os coloca, mesmo na discrepância. Vamos aos fatos.



Segundo a EMBRAPA, https://www.cnpgl.embrapa.br/, a produção de leite no Estado de São Paulo passou de 1.982 milhões de litros em 1998 para 1.785 em 2003, uma queda de 10%, em quanto que, no mesmo período, o resto do Brasil aumentou a produção em 22%. São Paulo passou de ser o 2o Estado maior produtor de leite da União para a 5a posição. Não vejo como fugir à conclusão que os produtores de leite daquele Estado perderam competitividade frente aos do resto do País. Por outro lado, é claro que a existência de uma tendência geral não exclui que alguns produtores individualmente tenham resultados diferentes.



O Sr. cita terra cara, desinteresse dos filhos e descrença na política leiteria com os principais fatores, porém, note, por favor, que os dois últimos motivos se aplicam a todos, não apenas aos produtores de São Paulo. Parece óbvio que, se aí quiserem reverter a saída do leite, deverão oferecer soluções competitivas, mas, também, se insistirem que está tudo bem, os outros Estados certamente ficarão agradecidos. Soluções competitivas implicam em combinação de lucratividade, baixo risco e liquidez, como para qualquer outro investimento (e não apenas a relação custo/benfício). O Sr. parece confundir tecnologia com tecnologia cara, mas, é bem sabido que para qualquer situação dada, há um nível ótimo de insumos, pela lei dos rendimentos decrescentes.



Em definitiva, não se incomode comigo, não sou eu que determina o preço do leite, nem as flutuações climáticas, apagões, preço do dólar, aftosa, e tantos outros fatores de incertidumbre que enfrentam os produtores; entretanto, acredito sim que devam ser levados em conta nas decisões, o que favorece os sitemas de gado mestiço a pasto, como o Sr. mesmo aponta. Veja que seria bem mais fácil para mim ficar caladinho no meu canto, sem incomodar ninguém, porém infelizmente acredito que me pagam para tratar de ajudar, que para isso existe a Universidade, e é o que venho fazendo em mais de 44 anos de servidor público, nacional ou internacional, 30 deles no Brasil. Quero crer que se recebo a honra de ser levado em consideração mesmo por pessoas que discrepam com as minhas opiniões, como o Sr., não é por ter me omitido. Mas, afinal, a essência do meu artigo era que se deve pesquisar mais sobre cruzamentos, focando nos aspectos econômicos, e nisso não parece haver discrepância.



Atenciosamente



Fernando Enrique Madalena



PS. Em quanto à sua proclama em prol das diferenças, variação e democracia, embora não acho que venham ao caso, o Sr. não poderia achar alguém mais de acordo.











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