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O vai e vem dos preços continua

ESPAÇO ABERTO

EM 22/08/2005

3 MIN DE LEITURA

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Por André Zanaga Zeitlin1

Mesmo de longe acompanho os percalços do setor através do MilkPoint. Apesar da redução da sazonalidade, o estigma da imprevisibilidade dos preços continua. Agora talvez até seja pior: antes, ao menos, sabia-se que na safra os precos cairiam e na entresafra se recuperariam. A dúvida ficava restrita a quanto. Agora, flutuações no câmbio, renda e consumo, importações inesperadas e anomalias climáticas, cada vez mais freqüentes, agitam os preços a qualquer momento.

Em junho do ano passado, o MilkPoint publicou artigo em que eu chamava a atenção para os riscos relacionados a um direcionamento excessivo do setor em direção às exportações, em detrimento do mercado interno. Argumentava eu que, embora fosse inteiramente favorável ao desenvolvimento de nossas exportações lácteas, o setor estava enganado ao encará-las como "solução" de seus problemas. Pelo contrário, o mercado externo é mais volúvel e competitivo que o interno e, embora permitisse ao setor crescer, acarretaria um nivel de risco adicional. Deu no que deu...

Aceita ou não a tese da importância de nosso mercado interno, o que é que está faltando para participar do mercado externo de forma menos arriscada? Aprovar e implementar a IN-51 é o obvio. Ampliam-se os clientes potenciais o que por si só já reduz risco e também reduzem-se as chances de barreiras sanitárias. Mas voltando ao tema dos preços que teimam em nao se comportar, falta mesmo um mecanismo de gerenciamento de informações. O Dr. Paulo Martins, Chefe Geral da Embrapa Gado de Leite e colunista do MilkPoint, tem batido nesta tecla artigo após artigo. Ainda em março alertava para o "Perigoso Otimismo" e em seguida decretava "Segundo semestre sera dificil". O Dr. Paulo não tem bola de cristal: apenas conhece a importância de analisar as informações do mercado. Mais do que só pregar no deserto, articulou o SIMLEITE com informações dos mercados atacadista e varejista e busca viabilizar o acesso a informações sobre volumes de estoque e de vendas. Aguardamos ansiosos.

O Marcelo P. de Carvalho, editor deste site, deu um belo exemplo de um sistema de gerenciamento de informações conhecido como "supply chain management" ou gestão da cadeia de suprimentos. Funciona, e muito bem, mas requer um prévio entendimento de que os agentes da cadeia estarão melhor se trabalharem em cooperacão. Por enquanto o entendimento geral é de que supermercados, indústrias e produtores são "competidores" e acreditam que não faz sentido franquear um ativo tão precioso e estratégico quanto "informação".

O que podem fazer os produtores, enquanto relações mais modernas não se instalam por aqui? Tentar equiparar-se aos demais agentes em seu nível de informação talvez seja a primeira medida. Primeiro para se precaver um pouco das "marolas" do mercado. Afinal quem acaba pagando o grosso da conta, é sempre quem pode menos. Segundo porque se todos estiverem próximos em seu nível de informação, esta perde grande parte de seu carater "competitivo" e compartilhar fica mais fácil e natural.

Há certamente muita coisa já sendo feita em termos de gestão da informação. Acompanhamento de precos é uma delas, embora recentemente tenha ficado claro que muita gente ainda não entende nem como é feito, muito menos para que serve (certo Maurício?). O Conseleite Paraná, já com anos de estrada no acompanhamento de preços e volumes, certamente tem sua contribuição a dar. A Embrapa Gado de Leite parece estar nisso até o pescoço. Vamos em frente.

Roberto Jank, comentando artigo do Maurício Nogueira, toca num ponto que tem tudo a ver com gestão da informação: tempo de resposta. Seu argumento, correto creio eu, é de que agora na entresafra o ajuste da oferta frente a queda dos preços tende a ser mais rápido que na safra. Isso é fundamental para o funcionamento da gestão das informações, afinal ninguém investe em informações como um fim, mas sim como meio de responder ao ambiente, procurando ajustar a oferta à demanda prevista. Se não houver uma coordenação da divulgação da informação e uma sinalização de para onde o mercado aponta, a informação torna-se estéril e inútil.

Os produtores precisam pressionar suas entidades e lideranças para, aproveitando a disposição da Embrapa, constituir um sistema de gerenciamento de informações de mercado. É preciso monitorar volumes (de produção, estoques e vendas), preços internacionais, taxa de câmbio, nível de atividade econômica não só aqui mas nos demais países também. Sem isso, tentar participar do mercado internacional será mais um fator de risco do que de sucesso. Com isso o país começa a se posicionar com verdadeiras chances de se tornar um player importante neste mercado.

Isto não vem antes nem depois de outras tarefas como marketing institucional, fortalecimento do cooperativismo, gestão da qualidade ou melhoria das relações entre os elos da cadeia. Precisa ser conduzido simultaneamente, como parte das políticas de longo prazo do setor.


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1Médico veterinário e estudante de MBA em Davis, California

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NEVIO PRIMON DE SIQUEIRA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/09/2005

Caro André, gostaria de registrar que é bom vê-lo "por aqui" apesar da distância.



Acho importante o gerenciamento da informação como você sugere, mas temos problemas por aqui, como você bem sabe, de acesso à informação. Infelizmente uma grande parte dos produtores ainda não faz uso de veículos de informações, e outros não conseguem analisar de forma correta as informações recebidas para a tomada de decisão. O que mais acontece por aqui é a total falta de critério para analisar as informações ou as tendências de mercado. Por exemplo; no início do ano quando o mercado mostrou uma estabilidade nos valores do leite, houve uma grande procura por vacas de leite, novilhas e bezerras, fazendo inclusive os valores desses animais subir significativamente no mercado. São aqueles que procuram entrar no mercado ou aumentar sua participação quando o mercado já mostrou uma alta ou sinais de melhora, porém não percebem que quando eles obtiverem seus resultados positivos em termos de produção, a resposta do mercado já vai roê-los.



Talvez uma das saídas fosse a cotização da produção leiteira do país, como é feito no Canadá, por exemplo. Já que o produtor brasileiro não tem capacidade de fazer essa análise de tendências de mercado, eu deixaria que fosse feita por uma comissão formada por membros da cadeia leiteira (produtores, industria e varejo) para que a produção seja compatível com a demanda esperada a médio prazo e para que haja tempo de se promover aumentos ou reduções de produção para ajustá-la à necessidade, e não como é hoje que quando existe uma melhora, dura pouco devido, entre outros fatores, à entrada de aventureiros no mercado que o tornam ainda mais volátil do que realmente seria.



Deixo claro que isso não acontece somente com o leite, mas tambem com a laranja, o café, o milho, etc.



Também concordo com você quando diz que a exportação não pode ser considerada tábua de salvação para o setor, até porque conhecemos o Brasil e infelizmente ainda não podemos ter total confiança nos problemas sanitários que enfrentamos. Basta surgir um foco de aftosa no norte da Amazônia para jogarmos todo o leite fora de um dia para o outro - inclusive o leite do Rio Grande do Sul apesar das distancias serem enormes.



Precisamos fortalecer o consumo no mercado interno, através de campanhas de marketing e propaganda. Como é possível que se tome tanto refrigerante, cerveja, água mineral, tudo isso com preços de venda superiores ao do leite, e até onde eu sei, os benefícios de cada um não se compara aos do leite. Isso sem falar de cigarros.



Enfim, acho que a informação é muitíssimo útil, desde que seja gerida com inteligência e competência, por pessoas capacitadas e envolvidas com o setor, para que possam orientar aqueles que não sabem lidar com isso. Como você disse, é um meio para que seja alcançado um objetivo.



O mais difícil não é obter a informação, mas sim saber utiliza-la de forma coerente.



Um grande abraço a você e sua família,



Névio.





Comentários do autor:



Caro Nevio,



Obrigado pelos comentários. Concordo com você. Já não bastassem as

dificuldades para reunir os dados, processa-los em informação e

posteriormente divulgá-las, muita gente não tem a menor idéia do que

fazer com isso.



Acho que você aponta um caminho ao sugerir que comissões

com representantes dos diferentes elos para sinalizassem aos produtores para

onde estamos caminhando. De uma forma ou de outra é preciso aprender a

fazer projeções sobre o futuro e utiliza-las para embasar as decisões de

hoje.



Você menciona ainda um outro ponto muito interessante e que daria

margem a infinitos comentários e debates. A inigualável capacidade de

resposta de nossa produção. Contribuem para isso as baixíssimas barreiras

à entrada de novos participantes e também a capacidade de resposta dos

que já estão no negócio.



O modelo canadense me parece impossível de ser

transposto para o Brasil, em função das enormes diferenças de cultura,

legislação, aparato publico de fiscalização, renda, etc. Mas sempre

lembramos dele porque sentimos falta de um mecanismo mais moderno de

controle da oferta, que não seja a derrocada dos preços.



Em resumo, expandir exportações e mercado interno não será suficiente

para nos livrar da permanente ameaça de uma super-oferta.



Estenda meu abraço a todos os amigos,



Andre Zeitlin
ROBERTO TRIGO PIRES DE MESQUITA

ITUPEVA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 22/08/2005

Olá André,



Gostaria de entender melhor a sua proposta sugerindo que "os produtores pressionem suas entidades e lideranças para, aproveitando a disposição da Embrapa, constituir um sistema de informações de mercado".



Não vejo qualquer sentido e viabilidade prática em se "monitorar volumes (de produção, estoques e vendas), preços internacionais, taxa de câmbio, nível de atividade econômica não só aqui" e muito menos "nos demais países também".



Mais incompreensível ainda é imaginar que só daí poderemos "tentar participar do mercado internacional" com alguma possibilidade de sucesso.



Pensar que tudo isso tenha que ser feito simultaneamente com a implementação de campanhas de marketing institucional, do fortalecimento do cooperativismo, da gestão da qualidade e da melhoria das relações entre os elos da cadeia, além de utópico e surrealista, não impedirá em hipótese alguma que os verdadeiros e competentes players do mercado internacional continuem manipulando o "vai e vem dos preços", inclusive a nível nacional.



Do meu ponto de vista, os produtores envolvidos na cadeia produtiva, precisam imediatamente implementar uma gestão plena, safra a safra, estruturada com objetivos da máxima agregação de renda em sistemas de produção que atendam às demandas efetivas prospectadas para produtos com alto valor agregado, em mercados segmentados e regionalizados, ou seja, "on demand".



Um abraço





<b>Resposta do Autor:</b>Caro Roberto,



Obrigado por encontrar tempo para não só ler, como ainda comentar meu artigo. Quando ninguém comenta, ficamos nos perguntando o que saiu errado. Mais uma vez, obrigado.



Creio que você mesmo mencionou o porque da importância de se estruturar um sistema de informações de mercado. Você cita "verdadeiros e competentes players do mercado internacional" e como eles "manipulam o mercado". Ora, ninguém é competente sem deter informações estratégicas. Se há manipulação, de novo, é preciso muita infomação, além de poder econômico e competência.



Como bom homem de marketing você sugere a gestão da produção como função do atendimento às demandas de mercado. Perfeito. Mas a gestão da produção brasileira é, exceção às cooperativas, desvinculada da industrialização. Nao ficou claro como o setor produtivo pode atender "às demandas efetivas prospectadas para produtos com alto valor agregado, em mercados segmentados e regionalizados" no atual nível de gestão da cadeia. Ainda que assim fosse, sou eu quem pergunto: como gerenciar aquilo que nao se conhece? Quais são as demandas que se apresentam? Seus volumes? Quem as está atendendo hoje? Qual a nossa competitividade para enfrentá-los? A falta de coleta e análise das informaçoes é que tem nos levado a reagir ao mercado ao invés de nos anteciparmos a ele. O que estou recomendando é justamente uma sistemática de levantamento de dados de mercado que possam subsidiar a gestão que voce preconiza.



Você sugere que esse esforço seria "surrealista e utópico". Discordo: outras demandas do setor já nos pareceram inatingíveis e chegamos lá. Quando alguém como o Dr Paulo Martins "estende a mão", nao me parece sábio "virar a cara"... Nossa capacidade de empreender as ações mencionadas, dirá que tipo de "player" seremos no futuro.



Espero que tenha ficado mais claro porque defendo a organização e divulgação de informações de mercado. Caso contrário envie novo comentário: tem faltado debates no MilkPoint.





MAURÍCIO PALMA NOGUEIRA

CASA BRANCA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/08/2005

Grande André!!



Saudações!!



Excelente a sua análise.



Gostei muito, especialmente por reforçar a importância do uso de informações em empresas rurais.

Um forte abraço e sucesso em Davis.



Maurício



<b>Resposta do autor</b>:Caro Maurício,



Obrigado pelos comentários. Se você que é "do ramo" gostou, fico satisfeito. A você e a todos da Scot Consultoria, meu reconhecimento pela contínua coleta, processamento e divulgação de informações do mercado de lácteos.



Abraços,



André







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