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O estreitamento das margens de lucro na produção de leite: tem saída?

POR MARIA LUCIA GARCIA

ESPAÇO ABERTO

EM 11/03/2005

7 MIN DE LEITURA

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Uma das questões a meu ver mais importantes para todos nós que fazemos da fazenda e da pecuária de leite nosso negócio é o problema do estreitamento crescente da margem de lucro de nossa atividade. E de tal forma que mesmo mantendo sob vigilância os custos, não nos sobra o necessário para ao mesmo tempo nos remunerarmos e investirmos na atualização da produção. Sabemos que sem investimento não há atualização do negócio. Toda melhoria que se coloca como desejável nesta direção, seja em aumento de escala, tecnologia, aquisição de matrizes produtivas ou desenvolvimento de recursos humanos tem um custo de investimento. Há alguns anos esse custo era bancado pelos lucros, hoje, o único e penoso caminho é o financiamento bancário, que, mesmo a juros favorecidos, nos deixam apertados para pagá-lo.

Ficamos num dilema esquizofrênico, "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". Caímos nos braços do sistema financeiro, como naqueles casamentos obrigatórios de antigamente, onde o banco vira nosso companheiro, odiado mas inseparável. A pergunta que todos fazemos cada vez mais é: por que isso?

Muitas explicações têm surgido, como, estamos saindo da sociedade industrial para a sociedade da informação; o setor produtivo vem perdendo espaço para o setor de serviços, etc. e tal. Muito bem, mas alguma vez foi feita a pergunta de se é possível a sociedade da informação, sobreviver apenas com os intangíveis da informação e do conhecimento concentrados e repassados pela televisão, internet, educação, consultoria, sem os tangíveis representados pela comida, vestuário, moradia, escritório, fábrica, escola, automóvel, avião, supermercado, aparelho de tv, computador, rede de telecomunicação, e o que mais caiba na esfera dos bens de consumo que as pessoas precisam para viver?

A emergência das novas tecnologias jogou no mercado novos produtos que se acrescentaram ou substituíram produtos existentes. Todos os bens que se definem como de consumo, dependem dos sistemas de produção. Não há como consumir leite pasteurizado, iogurte, queijo, sem estabelecimentos que produzam o leite e/ou o industrializem. Não há como consumir computadores sem estabelecimentos que produzam materiais minerais e os industrializem.

Os sistemas de produção e de serviços são a base da economia, ou seja, da satisfação das necessidades materiais humanas, e o consumo não ocorre no ar. A multiplicação pletórica dos bens e das necessidades de consumo nas sociedades contemporâneas ocidentais, se espalha por toda a Terra de forma avassaladora. Aumenta a desconfiança de que o planeta não vai agüentar esse ritmo sem sérios e crescentes prejuízos ambientais que comprometem o padrão de vida das gerações futuras.

O que ocorre então para que os sistemas produtivos sejam vistos como suplantados por um novo tipo de sociedade, conformada pelas novas tecnologias de informação e comunicação? E a tal ponto que esses sistemas vêm perdendo a lucratividade, se tornando cada vez mais dependentes do crédito e do sistema bancário, que transformou seus serviços de intermediação financeira, agora paradoxalmente denominados "produtos", numa simulação de ocupação do espaço da produção e da indústria?

Penso que estamos vivendo uma época em que o sistema produtivo deixou de manter com o capital relações saudáveis, na medida em que perdeu sua capacidade de gerar renda na forma de lucros que excedam o pagamento das contas da produção. Ou seja a produção não gera excedente para investimento. O capital financeiro se transformou no grande aspirador da renda do setor produtivo através do crédito. E é também através do crédito que mantém o consumo elevado comprometendo também a poupança e o futuro do consumidor.

No setor produtivo sobrenadam bem as grandes empresas que constituíram seus próprios bancos. Antonio Ermírio de Morais, figura emblemática do setor, foi pioneiro em reclamar da espoliação da indústria pelo banco. Hoje não fala mais sobre o assunto, seu grupo industrial tem um banco... Da mesma forma a indústria automobilística, redes varejistas, supermercados, que se não têm, se associam aos bancos para financiar seus clientes.

De tudo isso se conclui, que o sistema produtivo está fadado a ter que abrir mão de sua capitalização via lucro, para enfrentar suas necessidades de investimento permanente - na lei de que se não investe sucumbe? A capitalização será substituída pelo crédito bancário, acarretando mais ônus e custo para a fazenda?

Pensando que vivemos num país chamado Brasil, em que os mercados são limitados por níveis de renda baixos e por uma política econômica distorcida que estimula o sistema bancário extorquir com seus juros e taxas, tanto o produtor e empresário como o consumidor, isso tem tudo para continuar. Em detrimento da poupança e do investimento que fazem a verdadeira riqueza de um país. No setor leiteiro, vivemos duplamente essa situação: somos pagos, no estrito limite de nossos custos, com uma margem mínima de lucratividade, que nos obriga a cair na dependência crescente do crédito para sobreviver.

Saídas existem para isso? Saídas sempre existem, desde que nos disponhamos a exercitar a imaginação, aceitando o desafio de nos manter no negócio e bem. Se admitirmos isso, temos que imaginar como enfrentar essa situação insidiosa, que iniciativas podemos tomar, tanto em termos coletivos como pessoais.

No primeiro caso, teríamos como categoria produtora, que pressionar nossos órgãos de representação política, para que patrocinem e divulguem sistematicamente, através da imprensa, tv e internet, informações e pesquisas sobre custos e margens de lucro da produção leiteira em todo o Brasil. Mais ações são necessárias, regulamentações de mercado, como a contratação do leite pela indústria, a institucionalização de órgãos de referência estatísticos e econômicos especializados, a reformulação da legislação cooperativa. Muitas delas já iniciadas mas que devem ser aceleradas e complementadas.

Do ponto de vista pessoal do produtor, iniciativas também podem visualizadas, enquanto o "andor coletivo segue sacudindo", destinadas a profissionalizar a fazenda ou empreendimento leiteiro. Começando por focar bem o processo produtivo, enxugando tudo o que é desvio de sua atividade fim. Índices de produção e de produtividade em todos os setores devem ser estabelecidos, acompanhados e otimizados.

Atenção particular deve ser dada aos índices de produtividade do rebanho, descartando permanentemente e trocando, pelo menos na base de duas por uma, vacas menos produtivas por vacas mais produtivas, dentro dos limites admitidos de raça, alimentação e manejo da fazenda.

Outra iniciativa é buscar alternativas de alimentação mais baratas, considerando os custos do transporte e as vocações regionais de produção de forragens e grãos, considerando sempre o potencial leiteiro do rebanho. Em seqüência, poderiam ser identificadas possibilidades de alianças e associações, seja para a compra e a produção de insumos, seja para a terceirização de setores que desonerem o leite do peso do ciclo reprodutivo e agrícola da fazenda, como a recria e a produção de forragens e grãos. Ou agregar valor ao leite produzido, através da verticalização parcial ou total, intra ou extra-porteira. Esta, poderia ser feita com laticínios de pequeno e/ou médio porte, dependendo da escala de produção da fazenda. Outro caminho seria explorar nichos de mercado, como a demanda por lácteos específicos, na linha dos naturais, artesanais e orgânicos. Ou ainda produtos de colocação assegurada ou contratada de antemão por hotéis, escolas, hospitais, cadeias de fast food.

As possibilidades aventadas, entretanto, não eximem a fazenda e o empreendimento leiteiro de adotar um gerenciamento rigoroso de todo o processo produtivo, através do estabelecimento de metas, responsabilidades e rotinas de trabalho bem definidas, indicadores de desempenho para todos os cargos e monitoramento permanente dos resultados. Para tanto, a informatização se faz indispensável para que a fazenda se profissionalize, em toda sua extensão, mantendo-se informada todo tempo sobre o que está acontecendo em todos os setores - rebanho, agricultura, recursos humanos, contabilidade, etc.

Deixei para o fim a mais importante exigência ou pressuposto para a fazenda que quer enfrentar o desafio de continuar produzindo e bem. Para tal, vamos partir da pergunta: quais são os dois referenciais básicos de uma fazenda ou empreendimento leiteiro, em torno dos quais os demais referenciais, como melhoramento, alimentação, manejo, etc., se organizam? A resposta óbvia: rebanho e gente. Rebanho bom, com muita produtividade e potencial leiteiro. E gente boa, com muita competência, motivação e criatividade para manejar o rebanho e fazer do leite um negócio lucrativo. Duas alavancas para enfrentar o aperto das novas condições de produção geradas pela incerteza da economia globalizada e pela voracidade do sistema financeiro.

Seleção, motivação e desenvolvimento permanente dos funcionários e trabalhadores passam a ser a pedra de toque para viabilizar algumas das possibilidades aventadas e outras mais que venham a ser imaginadas. O negócio do leite depende fundamentalmente das pessoas e dos rebanhos, para reencontrar os caminhos da sustentabilidade. Ou seja, atingir a lucratividade que deixe margem para o investimento. Sem ele, não há empreendimento ou fazenda que se mantenha tecnologicamente atualizada e viva.

Há qualquer coisa de desprendido e amoroso na produção de leite. Precisamos mais do que da metáfora materna para mostrar que esse negócio, como qualquer outro, tem que se "vitalizar" de forma permanente. Se não, perde a sustentabilidade. E não há milagre nisso; tem que bancar o investimento. (Em 10-03-05)

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PAULO ROBERTO VIANA FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/03/2005

O artigo nos leva a muitos caminhos sobre a produção de leite:



Definir a assistência técnica.



Montar um sistema de produção compatível com minha realidade, com animais adaptados às minhas condições e da oferta natural de volumoso (a região de Entre Rios tem problemas de qualidade de solo).



Eficiência + escala + qualidade + custo viável = lucro. Esta equação deve ser discutida todos os dias.



O lucro da atividade leiteira está ligada a realização completa da equação.



Lembramos que preço é ditado pelo comportamento do mercado.



<b>Resposta da Autora:</b>



Prezado Paulo Roberto: concordo com sua primeira proposição de que não se toca mais nem se monta um sistema de produção de leite sem assistência técnica, seja ela governamental e ou de especialistas profissionais.



Sua segunda proposição de montar um sistema de produção de leite de acordo com minha realidade, com animais adaptados às minhas condições de oferta natural de volumoso, com a observação de que Entre Rios de Minas tem problemas de qualidade de terra, etc. - leva qualquer um a concluir que capital, tecnologia, desenvolvimento de recursos humanos, melhoramento genético e recuperação de solo são dispensáveis para montar um sistema de produção de leite. Um negócio hoje cada vez mais complexo, porque todos esses problemas têm que ser resolvidos para que dê lucro. O fato de sobrar dinheiro no fim do mês, não significa que se está tendo lucro - este pode estar escoando pelo ralo da degradação da terra, da baixa produtividade do gado, perda da capacidade de investir para melhorar algumas coisas e consertar outras, cujos efeitos são imperceptíveis no dia a dia mas visíveis ao longo dos anos. Os mais velhos já viram esse filme. A equação que propõe me pareceu simplista como está expressa na combinação de três termos que precisariam ser melhor especificados:



a) minha realidade (definida em quais termos? meus, ou do negócio que toco ou pretendo tocar, capital, tecnologia, terra, rebanho, recursos humanos, mercados?) ;



b) animais adaptados (a que? a dar mais leite, não pegar carrapato, não adoecer, só comer volumoso em condições de pasto?);



c) com oferta natural de volumoso (apenas pasto nativo? ou também o que é plantado, pasto, capineira, cana, milho, sorgo, soja e outros? Complementações estão fora da oferta natural ou ela inclui mistura de farelos protéicos e energéticos, sal e minerais?)



A equação de um negócio tem que ser definida em seus próprios termos, não nos meus. Se for nos meus, a decisão é simples: tenho condições de tocar ou montar um sistema de produção de leite para ganhar dinheiro? Posso partir inicialmente do que tenho (capital, terra, gado, etc.), mas apenas partir e não me adaptar. Se fosse me adaptar à terra problemática de Entre Rios, provavelmente não estaria mais produzindo leite, como não estão os que não cuidaram dela, não melhoraram seus rebanhos, não usaram da tecnologia para aumentar sua produtividade. Se o problema de produzir leite dependesse de qualidade da terra, os holandeses não estariam produzindo tão bem nos campos do Paraná, hoje totalmente fertilizados e produtivos. Vale a pena conhecer Arapoti, Carambei, Castro.



Não discuto sua terceira proposição, de que o preço é determinado pelo mercado. Discuto que o mercado não é um jogo "natural de forças", como se repete por aí. O mercado é controlado pelos grandes conglomerados industriais e comerciais, ao passo que o produtor de leite in natura , pelas suas características de produção individualizada, em pequena escala e dispersa geograficamente, tem que ser equilibrado e fortalecido por uma regulamentação e uma organização de produção cooperativa que previna a extorsão de sua renda e lucro pela grande indústria e supermercados. Cabe ao MAPA criar através de regulamentação competente, condições para que isso aconteça.



No mais, meu abraço.



Maria Lúcia.
HELTON PERILLO FERREIRA LEITE

LORENA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/03/2005

Parabéns Maria Lúcia, excelente seu artigo e boas suas idéias para o futuro.



Também sou produtor de leite, em Lorena (SP), entendo que nossa margem de lucro esteja caindo principalmente pela alta dos preços dos insumos e queda do preço do leite. Já usamos resíduos dos resíduos na alimentação do gado (resíduo de cerveja, resíduo de laranja, o farelo de trigo é resíduo, etc.), aqui quase não usamos milho (terra fraca), fazemos silo de capim napier (comida de segunda).



Quanto à união dos produtores: as cooperativas de leite hoje se competem, não cooperam entre si. No Brasil o sistema cooperativo capta cerca de 20 % do leite, no resto do mundo (USA, Nova Zelândia, ...) é o contrário, as cooperativas captam 80 a 95 % do leite.



Quanto à divulgação da realidade econômica do setor, é comum que os vários órgãos relacionados com o leite afirmem que o negócio vai de vento em popa, em céu de brigadeiro, tudo bem. Em meados de 2004 a Embrapa - Centro de Pesquisa de Gado de Leite afirmava que o produtor estava ganhando dinheiro no leite, para isto baseava-se em uma sequência de preços de insumos e do leite de cerca de 12 meses. A perda de renda vem de muito mais tempo.



O próprio Milkpoint sempre divulga artigos positivos, onde o leite é bom negócio.



Quanto aos bancos, não creio ser culpa deles, eles estão com altos lucros, é verdade, mas a soma dos lucros dos 10 maiores bancos do país não alcança o lucro de uma única empresa, a Petrobrás. Note que podemos não usar bancos, mas na produção de leite não podemos não usar combustíveis da Petrobrás.



De qualquer modo parabéns pelo artigo



Helton



<b>Resposta da Autora:</b>



Prezado Helton: obrigada pelas palavras de apoio. Seu depoimento confirma a experiência que todos nós produtores termos de ver nossa margem de lucro minguar a ponto de não podermos investir e melhorar o próprio negócio. A não ser via empréstimo bancário que, mesmo a juros mais baixos, representam um ônus a mais para nós, para não falar da exorbitância tributária do governo. Não tenho dúvida de que o cooperativismo tem que se reorganizar urgentemente nos moldes de outros países, exemplos de modernização do setor leiteiro.



As alternativas nos paises em que os produtores levam uma vida decente, são claras: subsídio ou organização cooperativa que o permita como produtor acionista, receber mais pelo leite. Pois o caminho é a modernização e a profissionalização do setor, o que implica em vários passos, analisados e demonstrados à exaustão. Por que não são dados, são protelados? Pela mesma razão severina, conluio e complacência com a esperteza e a fraude, que desobrigam nossas lideranças de levar a sério o interesse coletivo.



Minha sugestão no artigo foi a de que também pensemos em ações de alcance pontual que complementem nossa renda e tornem sustentável nosso negócio.



Concordo com você que há uma distância de vivência e experiência dos produtores e dos que, até com interesse genuíno no sucesso do negócio do leite, pesquisadores, vendedores, empresas, etc., vejam com cores mais róseas a situação real da produção leiteira no Brasil.



Uma coisa que me chateia por exemplo, é a transferência absurda de custos para o produtor, baeada na sua fragilidade estrutural que os faz "tomador de preços" e não vendedor de leite in natura, como colocou o Prof. Martins. Ou seja, sua insustentabilidade ou descapitalização, do ponto de vista do agregado tem pouca importância, já que será substituído por outro produtor e assim por diante, até que todos sejam substituídos por mega-produtores industriais (?)... É isso que queremos?



O que me aterroriza é a insensibilidade política embutida nesse modo "naturalista" de ver o produtor, quando sabe-se que a esfera dos negócios humanos e o mercado, não tem nada de natural, ocorre no contexto da cultura, ou seja requer decisão e ação das lideranças e dos grupos interessados em mudar a situação. O diagnóstico e as receitas para o setor leiteiro são conhecidos - mas quando virá o "mãos a obra"?



CLEBER MEDEIROS BARRETO

SOBRAL - CEARÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/03/2005

Simplesmente esplêndidas e muito lúcidas as colocações feitas pela Sra Maria Lúcia. Para nós entusiastas do negócio é como um grito de ordem, são como postulados que devem ser perseguidos e alcançados.



Realmente existe sim uma verdadeira guerra travada na tal "economia de mercado", onde não os produtos e sim os setores buscam sobrevida através das diversas operações do mercado financeiro. Não precisando muito esforço para entender que num país como o nosso, onde ainda predomina em alto grau o desgoverno generalizado, ou seja, campo fértil para os mercenários do século XXI.



Então, é com alegria que vemos o testemunho de uma produtora experiente, preocupada não só com a atividade em foco, mas com o setor primário como um todo, nos dando assim, mais combustível (compreensão) do que é o NEGÓCIO DO LEITE. Finalizando reforço aqui a importância de artigos dessa natureza que contribuem de forma decisiva para a eminente e irreversível profissionalização do setor de lácteos do nosso imenso e grandioso Brasil.



<b>Resposta da Autora:</b>



Cleber: agradeço suas palavras de compreensão e entusiasmo quanto às idéias que meu texto procurou passar aos produtores de leite.



Como produtora e articulista, confio na força da propagação das idéias e do conhecimento para transformar o setor leiteiro num campo de negócios que atraia competência e a realização profissional de mais pessoas.



Um abraço, Maria Lúcia.



PAULO FERNANDO ANDRADE CORREA DA SILVA

VALENÇA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/03/2005

Excelente artigo. Concordo em quase tudo com a autora. Apenas em um ponto discordo: verticalizando deixamos a atividade de produzir leite e perdemos o foco. Não podemos compensar um mal negócio (produzir leite) com outro negócio melhor (industrializar o leite produzido).



Parabéns pelo artigo.

Paulo Fernando.



<b>Comentário da autora:</b>



Paulo Fernando: quando sugeri a alternativa de agregação de valor via indústria, tinha em mente casos bem sucedidos que conheço. Intra-porteira: produção artesanal (iogurte, coalhada e leite pasteurizado). Extra-porteira, associação com laticínio pequeno ou de médio porte (fazendas com escala maior de produção de leite). Minha experiência ocorrida há mais de 15 anos, de associação numa pequena indústria, na condição de sócio minoritário, foi negativa, porque ela abandonou seu projeto original que era de agregar valor ao leite dos sócios-produtores. Estes, acharam melhor deixar de produzir e comprar o leite dos outros, impondo ao sócio minoritário as leis do "mercado" da compra de seu leite pelo menor preço. Hoje essa indústria mingua, na mão do sócio não-produtor admitido posteriormente e hoje único dono. Já não consegue fazer face à concorrência. Um desvirtuamento e oportunismo comuns nos negócios de então, menos protegidos pela legislação. Um abraço, Maria Lúcia.



<b>Comentário final:</b>



Maria Lucia,



Nós aqui em Santa Isabel do Rio Preto, RJ, criamos uma Associação, a APLISI, <a href=https://www.APLISI.com.br>www.APLISI.com.br</a>;, cujo objetivo principal é viabilizar a produção de leite pelos associados por si só. Em outras palavras, ganhar dinheiro e prosperar produzindo leite, sem ter que se envolver em outras atividades para compensar a falta de rentabilidade da produção de leite.



Estamos trabalhando neste sentido e já temos conseguido algum resultado, como contrato anual para a venda do leite com indexadores e compra de cevada com condições pré-estabelecidas.



Mais uma vez reitero: apreciei muito o seu artigo. A diferença de opinião aí é só um pequeno detalhe.



Um abraço,



Paulo Fernando

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