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O Brasil e as cadeias globais

POR MARCOS SAWAYA JANK

ESPAÇO ABERTO

EM 19/10/2015

2 MIN DE LEITURA

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*Marcos Sawaya Jank, especialista em questões globais do agronegócio, para o jornal Folha de São Paulo.

Um dos aspectos mais interessantes da globalização é a integração das cadeias de suprimento e valor. Roupas, carros, computadores e celulares são exemplos de bens cujas cadeias de produção atravessam dezenas de países. Grandes multinacionais americanas, europeias e asiáticas estão espalhadas pelo mundo não só para chegar aos consumidores, mas também para se aproveitar das vantagens competitivas dos diversos países nas cadeias de valor de seus produtos.

A União Europeia e a Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) são exemplos de blocos de países que reduziram os custos de transação gerados pela internacionalização das cadeias de valor das suas empresas. Ou seja, são arranjos que harmonizaram as "regras do jogo" dentro de uma região específica, fazendo com que mais da metade do comércio já se dê hoje dentro do próprio bloco.

O século 21 trouxe de fato um "mundo plano" que uniformizou e globalizou lojas e cadeias de suprimento na produção de iPhones, roupas fashion e cafés e sanduíches. Mas ainda convivemos todos os dias com um "mundo não plano", marcado por realidades de produção e consumo que aparentam não ter ainda chegado ao século 19. Matérias-primas de baixa qualidade produzidas sem qualquer controle, baixa produtividade, mercados rústicos, armazenagem sofrível e comércio na calçada. O moderno convive com o atrasado em cada país. O melhor do século 21 convive com o pior do século 19 em cada cidade.

No meu entendimento, a principal razão para essas disparidades origina-se da falta de competição e abertura comercial. Quando um país se fecha para o mundo, os produtos e mercados tendem a ter uma menor relação preço-qualidade e as cadeias produtivas rapidamente se concentram na mão de poucos. No caso do Brasil, a integração das empresas nas cadeias globais de suprimento ainda é medíocre. Altas tarifas de importação, exigências de conteúdo nacional, forte instabilidade institucional e o custo Brasil nos isolaram do resto do mundo. Por querermos produzir de tudo no Brasil, acabamos fazendo mal e inovando pouco.

No exterior, nossa maior competitividade está nos produtos intensivos em recursos naturais, basicamente commodities clássicas do mundo agrícola e mineral. Mas, com raras e saudáveis exceções, nossas empresas ainda estão longe de vender produtos diferenciados com marca global e mesmo investir no exterior. No caso do agronegócio, por exemplo, temos dificuldade para ir além da relação com traders e importadores. No setor de carnes, enfrentamos elevadas barreiras para avançar nas cadeias produtivas no exterior. Basta dizer que metade da população asiática vive em países que se encontram literalmente fechados para o Brasil, impossibilitando a integração na cadeia alimentar, ao contrário do que ocorre nesses mesmos países nas áreas de automóveis e eletrônicos.

Num período de crise como o que estamos vivendo, a inércia nos empurra a examinar apenas os problemas e soluções domésticas. Mas a história nos ensina que os países que mais se desenvolveram foram aqueles que conseguiram se encaixar direito no mundo, abrindo as portas para o comércio e os investimentos, se integrando nas cadeias globais de valor e fazendo com que suas empresas crescessem enfrentando os melhores concorrentes globais.

 

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WASHINGTON DURÁN

MONTEVIDEO - MONTEVIDEO

EM 27/10/2015

Excelente presentación, que perfectamente se puede extrapolar al MERCOSUR. Es muy importante que los gobiernos entiendan la situación y reencaucen a la región por el camino del crecimiento con desarrollo y para eso hace falta negociar con el mundo entero. Juntos podremos hacerlo!
DUARTE VILELA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 27/10/2015

Caro Jank, como sempre muito pertinente suas colocações.



Em recente palestra na Colômbia sobre o futuro da pecuária nos trópicos, coloquei dois pontos que veem ao encontro do que coloca. O primeiro é sobre o crescimento das cidades: até 2030, 60% da   população mundial viverá nas áreas urbanas, o outro é sobre a região ÁSIA - PACÍFICO, onde concentrará 60% da classe media mundial, o que incrementará a demanda de proteína animal: leite, carne, etc!

O que vejo mais uma vez é o Brasil não acordar para o que acontece com as cadeias globais. Os americanos já enxergaram esse nicho com o tratado de livre comércio  - TPP. Acrescentaria ainda a recente reportagem sobre a Índia que coloco aqui pedindo desculpas pela não tradução "India:"es la gran sorpresa entre los grandes países emergentes del mundo" La India se convertirá seguramente en el próximo fenómeno mundial por características únicas: 1,2 billones de personas de que 50% jóvenes; crece en 7.5% y con el aumento de población y renta por habitante, la creciente urbanización ofrecerá inmensas oportunidades para América Latina, principalmente por la carencia de recursos naturales, tierra y agua. La demanda de leche aumentará un 29%".



HERMENEGILDO DE ASSIS VILLAÇA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 26/10/2015



    Comentários do senhor,Dr. Marcos, são sempre valiosos.



            Congratulações.  



                   Hermenegildo Villaça

                                                             Embrapa  Gado de Leite





ANTÔNIO CARLOS DE SOUZA LIMA JR.

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/10/2015

Caro prof. Marcos,



Muito bons seus comentários.

Precisamos literalmente globalizar e praticar o princípio dos "vasos comunicantes" no que se refere a tecnologia e inovação, nivelamento do custo Brasil, agregação de valor às nossa commodities do Agronegócio.

Abraço,

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