ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Novela América, o planeta "country"

ESPAÇO ABERTO

EM 06/06/2005

2 MIN DE LEITURA

8
0
Por José Luiz Tejon Megido1

Arre, xo, chega tche! Tudo bem. Gosto de música "country" americana. Nada contra. Mas a cidade de boiadeiros da novela América da Rede Globo é uma galáxia de Nashville. Todo mundo está o tempo todo cantando e dançando "country music". Que raio de lugar é esse? Pelo amor de Deus, volta Sérgio Reis, Almir Sater, Rolando Boldrin, Borghetinho, mineiros, goianos, nordestinos, pessoal da viola do caterete. Até Chitão e o Xororó!

Quem só anda aqui pelos lados da "cidade grande", olha essa novela, vai achar que o interior brasileiro é a maior festa "country" do planeta. Estive na capital da música country do mundo, nos Estados Unidos: Nashville, pelo menos uma meia dúzia de vezes. Nunca vi as pessoas dançando country pelas ruas, e shows somente os bem pagos para turistas nos salões ou na "countrylândia" local. Uma espécie de Disneylândia da música country.

Impossível não imaginar que não exista uma operação da indústria fonográfica country para inundar o Brasil com o seu modelo.

Se essa coisa pegar, não passaremos mais por Itumbiara, Rio Verde, Rondonópolis, Vilhena, Ribeirão Preto, Uberaba ou Passo Fundo sem aprender a cantar, dançar e agir, no mais perfeito "american country way".

Curiosamente esta poderosa invasão cultural, num dos mais espetaculares tempos dedicados de "merchandising" já vistos, ocorre exatamente quando o Brasil passa a ser reconhecido e percebido, como pais de primeiro mundo no agronegócio (ou agribusiness para quem gosta mais de country). A carne brasileira domina o planeta. E domina exatamente por ter sido mantida tropicalizada, ao longo de toda sua história. Do boi Nelore, cruzamentos de raças, do gado europeu nos pampas gaúchos, e preservada a sua espetacular ração natural. Boi brasileiro come capim. Come fotosíntese. Não tem vaca louca.

Realmente deixamos a época "Jeca Tatu" bem distante, utiliza-se tecnologia e a música do interior também incorpora esta evolução.

Alguém poderá sempre dizer, até que ponto essa chamada música "sertaneja" que faz sucesso no Brasil é representativa das raízes? É híbrida eu diria. Como a tropicália misturando o trópico com o rock. Tem arte e melodias lindas e tem porcarias comerciais. Mas é fruto desse contraste nacional.

Sem dúvida Almir Sater, Renato Teixeira, Sá, Guarabira são distintos de centenas de duplas sertanejas que andam por aí. Mas não importa. Não falamos de "xenofobia" ou preconceitos. O country também é uma bela expressão musical.

Porém, o que intriga e me deixa perplexo é o resultado de tamanha exposição de um modelo só. À quem interessa isso? Não posso crer que a autora de América acredite que exista uma cidade brasileira assim. Ou que deva existir.

Abre a cena em Boiadeiros e , todo mundo no maior "country", dançando à moda da "quadrilha americana", o tempo todo. Até lindas "boiadeiras" de maiô!?

Ou os gaúchos bravos da fronteira e os movimentos de raízes nos salvam, ou acho melhor começarmos a produzir e exportar música country também. Aí sim, nossos irmãos do hemisfério norte ficarão mais furiosos tendo de competir não só na soja, no boi, no algodão, milho, laranja cana, porco, frango... Mas também numa das indústrias que mais vendem nos Estados Unidos. Música "country".

Isso é agronegócio também, mas só interessa se for para exportação.


________________________________
1José Luiz Tejon Megido, Presidente da ABMRA - Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio

Artigo originalmente publicado no Jornal da Tarde, reproduzido com autorização do autor.

8

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

RENZO CIRELLI

SÃO CARLOS - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/06/2005

Parabéns pelo seu artigo Sr. José Luiz,



Concordo em gênero, número e grau.



Glória Perez foi e está sendo muito infeliz no desenvolver da novela. Poderia aproveitar a mídia enorme que envolve o horário na globo para mostrar realmente o que é o interior (que não tem nada a ver com o que é mostrado).



Principalmente que existe pessoas sérias e trabalhadoras que movem esse país.
MARCELO DE REZENDE

LONDRINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/06/2005

Parabéns ao autor pela análise corretíssima do assunto!



A própria música tema da novela "Soy Loco por Ti, América", escrita por Caetano Veloso, que originalmente destaca a alegria e as peculiaridades dos povos da América central e do sul, é usada na novela como uma exaltação ao pseudo-paraíso encontrado pelos brasileiros nos subempregos dos EUA.

CLEDSON LUIS FURTADO REZENDE

OUTRO - SÃO PAULO - FRIGORÍFICOS

EM 13/06/2005

Acho que é nossa obrigação defender nossas raízes, é um absurdo retratar o interior brasileiro como se fosse uma extensão dos EUA, dá nojo de ver aquelas pessoas, na novela, dançando, de passinho o tempo todo, música Country.



O interior é formado por pessoas de personalidade e cultura forte, inteligentes e cada vez mais técnicas, que realmente sabem o que querem, agora, na novela, os inteligentes moram no Rio e tem terra no interior, e o nosso povo é representado por Tião, Jil e companhia, tenha dó, realmente estou decepcionado com a Glória Peres desta vez, acho que faltou se informar melhor, ou realmente é puro merchandising, "vamos vender música, bota, chapéu, fivela"...
EDIVALDO DE SOUZA BRITO JÚNIOR

TEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA

EM 11/06/2005

Embora eu também seja um ouvinte e admirador da música country, acho também que tudo demais é sobra ou desperdício. Concordo em gênero, número e grau com o artigo.



Já perdemos nossas folhas, vendemos nossas madeiras e agora querem nos fazer esquecer de nossas raízes? Será que não temos uma história mais rica e atraente do que essa que tentam nos fazer engolir?



Realmente que saudade de Almir Sater, Sérgio Reis, Renato Teixeira, Rolando Boldrin, Xangai, Elomar, Adelmário Coelho, os repentes nordestinos, os cantadores de toadas, os aboios de vaquejada...



Será que o Brasil se foi?
ROGERIO SILVA DE LIMA

TEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/06/2005

Vez ou outra precisam aparecer pessoas como você para denunciar esse tipo de absurdo. Não é disso que precisamos, talvez seja melhor assistir Carandiru.
LUCIANO FERES JACOB

SÃO SIMÃO - GOIÁS - EMPRESÁRIO

EM 08/06/2005

Concordo com o autor e acho que passa uma falsa imagem sobre o que ocorre no campo ainda por cima ridiculariza o homem do campo. Muito infeliz a retratação da autora da novela, que não deve ter nenhuma ligação com o campo.
ROSEMERE LANA DE AGUIAR

OUTRO - SÃO PAULO - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 07/06/2005

Caro José Luiz,



Há muito tempo não lia uma crítica tão adequada (em que pese a inadequação da novela).



Você foi muito feliz e sereno, o que é melhor. De qualquer forma, acho esta novela um porre.



Sob minha ótica, a Homérica, ou melhor, América presta valorosa contribuição para reforçar a imagem estereotipada que através da qual os americanos identificam o povo brasileiro.



Roselana Tolentino
BRUNO DE JESUS ANDRADE

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 06/06/2005

Acredito que não exista um capítulo da novela que deixe de passar alguém dançando em Boiadeiros ao som da música country.



Isso é ruim, pois deixamos de valorizar grandes compositores e cantores brasileiros que, de certa forma, deixariam o folhetim muito melhor, assim com em "Renascer" ou em "O rei do gado".



Enfim, o que mais importa nessa questão é como o homem do campo está sendo exposto, entendo que novela tem que dar ibope e fazer marketing, entretanto tem que passar o mínimo de realidade.



O contexto pelo qual o Brasil rural passa, deveria ser enfocado na novela e quem sabe formando opiniões.



O brasileiro precisa pensar e trabalhar para que não seja influenciado por um modo de vida e estilo, na minha opinião de qualidade duvidosa.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures