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Leite: sobe a produção e cai o número de produtores

ESPAÇO ABERTO

EM 01/02/2008

4 MIN DE LEITURA

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Por Rosângela Zoccal1

Recentemente o IBGE publicou alguns dados preliminares do Censo realizado em 2006. Dentre os dados disponibilizados, um deles se refere ao número de estabelecimentos agropecuários por tipo de produção animal. Esses dados permitem avaliar o comportamento da atividade leiteira, nos últimos dez anos, com relação à produção de leite e ao número de produtores.

Segundo os dados de 2006, os estabelecimentos agropecuários no Brasil contabilizam mais de cinco milhões de propriedades, um aumento de 7,4% em relação ao Censo de 1996. O Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Roraima foram os estados que mais dividiram a terra. Em todo o País, o número de propriedades aumentou cerca de 40% entre 1996 e 2006. O aumento do número de propriedades se deve principalmente às divisões da terra por herança e pelos assentamentos que têm ocorrido em todo o país.

A atividade leiteira, em 1996, estava presente em 37,2% do total de estabelecimentos agropecuários brasileiros, em 2006 reduziu para 25,8%. Minas Gerais e Rio Grande do Sul possuem o maior número de propriedades com atividade leiteira: cerca de 210 mil unidades produtivas. Em seguida vem o Paraná e a Bahia, com aproximadamente 120 mil propriedades. Santa Catarina e Ceará contam com aproximadamente 85 mil unidades (Figura 1). O estado de Goiás tem o maior percentual de propriedades leiteiras em relação ao total de estabelecimentos agropecuários, com 68 mil propriedades, que representam 50% do total.

Figura 1. Número aproximado de estabelecimentos com produção de leite nos estados brasileiros, 2006. (valores expressos em mil unidades).


Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006.

Os dados mostram, também, que na última década, em todo o Brasil, houve redução do número de propriedades que se dedicam ao leite, exceto no Distrito Federal, que aumentou 13%. Os estados que reduziram aproximadamente 65% o número de unidades leiteiras foram Amapá, Roraima e Maranhão (Figura 2). Paraná, Santa Catarina e São Paulo, que são estados importantes na atividade, reduziram cerca de 35% os estabelecimentos com essa finalidade.

No Rio Grande do Sul, considerando os valores absolutos, ocorreu a maior saída de produtores de leite (80.486 propriedades), passou de 285.061 unidades em 1996, para 204.575 unidades em 2006. Esse valor representa o desaparecimento de 8 mil propriedades por ano ou ainda, diariamente 22 produtores de leite saíram da atividade. O segundo estado com maior redução no número de propriedades leiteiras foi Minas Gerais, passou de 264.823 unidades 220.656 unidades, resultando em 44.167 estabelecimentos a menos durante o período.

Figura 2. Percentual médio de redução no número de estabelecimentos com produção de leite nos estados brasileiros, 2006.


Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006.

A produção de leite no País foi de aproximadamente 25 bilhões de litros em 2006. Esse volume representa um incremento de 6,9 bilhões de litros produzidos no período de dez anos, com crescimento médio anual de 3,7%. Os estados do Acre, Pará, Maranhão, Rondônia e Santa Catarina foramos que mais cresceram: em torno de 150%. O Paraná, o Sergipe e o Amapá aumentaram, em média, 85% o volume de leite no período de dez anos (Figura 3). Durante esse dez anos a produção de leite reduziu em São Paulo, Ceará e Roraima.

Figura 3. Percentual médio de aumento da produção de leite nos estados brasileiros, 2006.


Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006.

O Brasil é o sexto maior produtor de leite do mundo. Entretanto, os sistemas de produção praticados em todo o território nacional apresentam grande variabilidade. No Brasil, o volume médio por propriedade passou de 28 litros/dia para 52 litros/dia, que resulta em um crescimento de 85,2%. Apesar do alto crescimento, a produção por propriedade ainda é muito baixa em relação a alguns países. Nos Estados Unidos, por exemplo, a média supera 2 mil litros/dia. Na Nova Zelândia e Austrália, a média diária é próxima de 3 mil litros por fazenda. No Brasil, o mais comum são sistemas de produção extensivos ou semi-extensivos, com animais de baixa produção e pouca suplementação volumosa no período da seca.

O Estado de Goiás apresentou a maior média de produção de leite por propriedade - 105 litros/dia. Com valores próximo de 85 litros/dia estão São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Distrito Federal. O Rio Grande do Sul, que é o terceiro estado maior produtor de leite no Brasil apresentou, em média, 35 litros/dia por unidade produtiva.

Figura 4. Produção de leite por propriedade nos estados brasileiros, 2006.


Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006.

O salto de 28 litros para 52 litros por propriedade por dia reflete uma especialização da atividade leiteira no País. Porém ainda há um longo caminho a percorrer para que a atividade leiteira no Brasil se torne eficiente e sustentável. É bom salientar que média não representa nenhum sistema, mas dá indicativo que mudanças ocorreram. Vale lembrar ainda que existem no Brasil produtores comparáveis aos mais modernos do mundo, com uso intensivo de tecnologia e elevada produção diária.
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1Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite

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VOTUPORANGA - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 16/04/2008

Infelizmente no Brasil os discursos que são passados ao longo de sua história contribuem muito para a crença na inviabilidade da pequena propriedade frente ao sistema. A falta de "profissonalismo" dos pequenos produtores, pode-se dizer que está muito mais ligada as políticas governamentais que ainda não abrange de forma eficiente quem mais necessitam delas, além da a falta de assistência técnica em forma de acompanhamento, preços baixos, nível de instrução dos produtores, acesso a financiamentos, e uma série de outros fatores que contribuiriam para o setor.
MARCOS DE SOUZA

PAULO AFONSO - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/02/2008

O leite é uma moeda importante para o setor agropecuário nacional, por isso deve ser encarado de forma mais profissional pelos produtores, principalmente os pequenos.
ROSANGELA ZOCCAL

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 20/02/2008

Prezado Marcelo Ferreira,

A profissionalização da atividade acontecerá de maneira mais acelerada com a entrada dos filhos dos produtores ou de novos produtores que buscam e reinvidicam informaçõess sobre todos os aspectos da atividade.
ROSANGELA ZOCCAL

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 20/02/2008

Prezado Márcio,

Concordo com você, o Brasil reúne boas condições para produção de leite em quase todo o território. O que falta é "gente". Nosso problema de educação formal é sério. Porém não podemos perder a esperança de que em breve será diferente.
ROSANGELA ZOCCAL

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 20/02/2008

Prezado Joaquim,

Fazer com que o pequeno produtor tenha acesso a novas tecnologias é preocupação de algumas instituições. Acredito que a indústria ou o comprador do leite poderia dar uma grande contribuição nesse sentido. Não é necessário grandes investimentos para muitos pequenos produtores, em alguns casos seria resolvido apenas com manejo e alimentação.
MARCELO FERREIRA FERNANDES

NATAL - RIO GRANDE DO NORTE - PESQUISA/ENSINO

EM 19/02/2008

Estimada Zoccal,

Esses dados vêm a confirmar e a embasar a idéia de que na atividade leiteira só permanecerá quem realmente levar a atividade com seriedade e profissionalismo. Investindo em tecnologias apropriadas, mão-de-obra qualificada e assistência técnica especializada.
MARCIO FOLLMANN

TUNÁPOLIS - SANTA CATARINA - ESTUDANTE

EM 18/02/2008

Realmente pode-se considerar o crescimento de 3% ao ano uma tímida evolução no mercado do leite brasileiro. Por sermos um país com um clima excelente para produção de alimento de alta qualidade e baixo custo onde o pastejo intensivo, proporciona, além de uma boa alimentação, o conforto animal sem anecessidade de grande infraestrutura.

Essas características nos dão uma enorme vantagem frente aos maiores exportadores que em sua grande maioria usam sistemas de confinamento ou semiconfinamento. Porém, falta-nos muito ainda no que diz respeito à tecnificação, gestão e planejamento da propriedade e investimento em novas tecnologias de produção para aumentar a qualidade e o valor final do leite produzido e abertura de novos mercados principalmente os internacionais.

É preciso lembrar que quando se fala em qualidade, toda responsabilidade recai sobre o produtor, enquanto indústrias de lacticínios fraudam escandalosamente as normas de qualidade, manchando a imagem dos produtores de leite.

Para que a atividade leiteira seja sustentável, com produção de alta qualidade, é necessário o comprometimento de todos os agentes envolvidos no processo produtivo, seja na produção, no transporte, na industrialização e na venda. Compartilho de uma frase de um professor meu: "O Brasil possui potencial para ser o novo maior produtor de leite do mundo, porém, faltam-nos pessoas adequadas para desenvolvê-lo"
JOAQUIM DARLAN CARVALHO

BARBACENA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/02/2008

Pois é. Sem pessimismo, mas com boa dose de equilíbrio, fico imaginando como um pequeno produtor pode melhorar sua produtividade, já que para isso necessita investimentos. Onde conseguir sobras para tanto? Parabéns, devemos dar a esses verdadeiros abnegados do leite que fazem de seu trabalho um ato de fé. Merecem, no mínimo, acesso a novas tecnologias de forma constante e gratuita. A colocação do Adriano de Frutal (acima) me parece correta.
ROSANGELA ZOCCAL

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 15/02/2008

Prezado Adriano,

Sempre falo em palestras e ou conversas com produtores sobre a importância da união da classe. O produtor precisa se valorizar e o preço do leite será melhor, quanto maior for o volume e a qualidade.

Prezado Eduardo,

As média não mostram o verdadeiro desenvolvimento da pecuária de leite. Existem produtores se especializando e tornando-se eficiente, porém existem também uma grande inclusão de novos produtores, principalmente em áreas de assentamento, resultando em pequena mudança na média nacional. Concordo com você que podemos melhorar muito só com alimentação e manejo do rebanho.
EDUARDO FERRAZ MONTEIRO

SANTA MARIA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/02/2008

Crescer 3% ao ano realmente acho pouco, tendo em vista o potencial que tem a cadeia láctea. Temos muito a crescer e conscientizar os produtores que tem realmente chances de evoluir. Isso não em número de vacas e área a produzir, mas sim com o mesmo número de animais e mudando apenas a dieta e manejo de pastos.
ADRIANO REIS QUEIROZ COSTA

FRUTAL - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/02/2008

Falar em crescimento atualmente esbarra no fator custo. Principalmente quando a produção deixa de ser médias nacionais e passa a ser algo mais significante. A indústria compradora, na maioria das vezes, ignora o custo operacional do seu fornecedor de matéria-prima, que por sua vez deixa tal fato acontecer, como se o leite produzido não tivesse custo algum. É momento de pés no chão, avaliar a verdadeira necessidade de investimentos, de auto-valorização pessoal/profissional, planejamentos e muito trabalho na forma de união da classe produtora, que ainda não conseguiu dimensionar o tamanho de sua força.
CLAYTON ROQUE COUTINHO

POÇOS DE CALDAS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 08/02/2008

Prezada Rosângela,

Concordo em gênero, número e grau. Vejo que se tivermos um mercado comprador que valorize o bom produtor, podemos chegar lá mais rápido do que possamos imaginar. Espero que o nosso produtor aproveite esse bom momento que estamos vivendo para realizar os investimentos certos, genética, alimentação e qualidade de leite.
ROSANGELA ZOCCAL

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 07/02/2008

Prezado Clayton,

Ainda temos muito que melhorar, mas vamos evoluir mais rápido do que os dados mostram, porque temos grandes e eficientes produtores.
MARCELO PASSOS SALES

EXTREMOZ - RIO GRANDE DO NORTE - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/02/2008

Demoro crer tal insignificância. Neste nivel é impossivel caracterizar a atividade como empresarial.
CLAYTON ROQUE COUTINHO

POÇOS DE CALDAS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 06/02/2008

Excelente materia, vejo que o nosso produtor evoluiu, mas ainda é um embrião no cenário internacional...

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