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Láctea Noroeste - carta à imprensa

POR LACTEA NOROESTE

ESPAÇO ABERTO

EM 01/11/2001

6 MIN DE LEITURA

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A LÁCTEA NOROESTE , Associação dos Produtores de Leite do Noroeste Paulista, com sede em São José do Rio Preto, nasceu no início de 2001, exprimindo, de maneira concreta, a consciência a que chegaram os produtores, não apenas da sua importância na cadeia produtiva, mas, também e principalmente, da necessidade de exigirem, pelos meios possíveis, o estabelecimento de condições que tornem viável a sua atividade, permanentemente desconsiderada.

A pecuária leiteira Nacional, e também a de nosso Estado, vem atravessando momento de extrema turbulência. Os preços que remuneram a produção nunca foram tão aviltados e com as alterações cambiais dos últimos tempos, podemos afirmar que o leite mais barato do mundo globalizado está sendo produzido em nosso País, se tomarmos por parâmetro a moeda Norte Americana. Paradoxalmente, vivemos uma escalada dos preços dos insumos que conduzem ao aumento dos custos de produção. Ingredientes para ração animal, medicamentos e profiláticos entre outros, são cotados em Dólar.

Como resultado desta conjuntura caótica, está o desestímulo para que se prossiga na pecuária leiteira. Inúmeros plantéis foram liquidados sob a luz dos holofotes da mídia, o que para alguns, não representa danos substanciais à pecuária de leite paulista. Isto não é verdade. O Estado de São Paulo que sempre se manteve na vanguarda da genética da pecuária leiteira e outrora era o segundo maior produtor de leite entre os Estados da Federação, hoje, vê parte desse celeiro genético evadir-se para outros Estados que rapidamente estão nos suplantando no volume da produção leiteira. O mais grave contudo é que isto é apenas a ponta do “iceberg”.

Abaixo da linha visível, e submersos aos olhos da mídia, estão milhares de pequenos produtores de leite que tem papel social relevante nas economias municipais e estadual. Famílias que tradicionalmente dedicaram-se à produção leiteira, e que através dela conseguiam prover seus membros de condições satisfatórias de vida, agora estão sendo alijadas da cadeia produtiva. Não por vontade própria, mas por imposição de um sistema que se diz globalizado, mas que na verdade, está visivelmente manipulado por grandes conglomerados industriais e comerciais, que abusam de seu poderio econômico. São comuns situações em que produtores de leite são avisados com poucos dias de antecedência que a indústria que consumia sua produção não mais se interessa por ela e que por isso não mais irá comprá-la. Também é prática comum entre os laticínios a recusa de compra de leite de produtores que forneciam produto à concorrência devido à existência de pactos e acordos entre concorrentes. Não foge ao conhecimento de grande número de Pecuaristas de Leite, a existência de reuniões periódicas entre representantes da indústria de laticínios, em que os concorrentes estipulam o preço a ser pago pelo leite, além de ratificarem pactos de não agressão, impedindo a prática do livre comércio. Tais fatos evidenciam a formação de cartel na cadeia produtiva do leite.

A pecuária de leite paulista é grande geradora de empregos e precisa receber tratamento digno dessa importância. Cada unidade produtiva que é desativada, promove a transferência de ao menos uma família do meio rural para o urbano. Estas famílias, via de regra, não tem qualificação que permitam exercer outra atividade econômica, se não aquela que por tradição herdaram de seus pais e avós. É portanto o agravamento do êxodo rural que promove o inchaço das cidades e conduz ao favelamento.

O Brasil é o sexto maior produtor mundial de leite, e os seus retiros são o mais importante empregador de mão de obra rural: a cadeia do leite gera 3,5 vezes mais empregos que a construção civil; 3,02 mais que a siderurgia e 4,77 mais que a badalada indústria automobilística. Todos os dias, no sol escaldante ou sob chuva torrencial, a agroindústria leiteira dá ocupação direta a 1.041 milhões de pessoas na produção no campo, a 41.653 no transporte do produto das fazendas aos postos de recepção e resfriamento e deles às unidades fabris. No processamento industrial, oferece emprego igualmente direto a mais a 1,180 milhões de pessoas.(Fonte: Revista DBO Rural fevereiro 2000.)

Em 2000, foi realizado um levantamento da cadeia produtiva do leite em Nova Granada, Município com 17.027 habitantes, que com certeza serve de parâmetro para demonstrar a importância que tem a pecuária leiteira para os demais Municípios e o Estado.


* Fonte: Associação Leite Brasil
** Estimativa – Eng. Agr. Fernando José Ribeiro Kachan – Agente de Desenvolvimento do SAI - Sistema Agroindustrial Integrado.

Avaliando a produção anual de leite do Município de Nova Granada, na casa dos 4,4 milhões de litros em 120 unidades produtoras, estimamos:

- Empregos diretos gerados: 218
- Empregos no transporte: 9
Empregos no processamento industrial: 247

Se considerarmos que a região de São José do Rio Preto produziu no ano 2000, cerca de 170,362 milhões de litros de leite ao ano, segundo dados coletados junto ao Instituto de Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, podemos estimar:

- Empregos diretos gerados: 8.500
- Empregos no transporte: 360
- Empregos no processamento industrial: 9.500

Segundo o mesmo levantamento, o Estado de São Paulo produziu 1.940.225 milhões de litros de leite, também no ano 2000. Utilizando o mesmo critério estimamos:

- Empregos diretos gerados: 95.900
- Empregos no transporte: 3.900
- Empregos no processamento industrial: 108.600

Estes números mostram com clareza o caos que a extinção da pecuária leiteira trará ao nosso Estado e em particular à nossa região. Em 2000, o valor total da produção de leite C em São Paulo foi de R$ 510.080.340,00 e do leite B de R$ 134.707.170,00 - assumindo o setor responsabilidade por 4,29% do PIB agrícola estadual segundo dados do Instituto de Economia Agrícola.

Ainda, segundo dados do Boletim do Leite/Cepea/Esalq-USP, publicados na edição de setembro de 2001 da Revista DBO Rural, o produtor de leite C da região de São José do Rio Preto recebeu em média R$ 0,255 por litro de leite, sendo esta a remuneração mais baixa entre todas as regiões do Brasil:

Preço do Leite Tipo C



São claras as distorções e injustiças existentes no Sistema Agroindustrial do Leite. As notas fiscais de aquisição de leite pela indústria de laticínios comprovam que produtores receberam em valor líqüido pelo litro de leite fornecido em setembro de 2001, R$ 0,233. Outros receberam ainda menos: R$ 0,185, conforme comprovam as cópias reprográficas dos documentos fiscais.

Os consumidores não foram beneficiados pela drástica redução dos preços que remuneram os produtores, muito aquém dos custos de produção, e conforme também comprovam cópias de cupons fiscais chegam a pagar pelo litro de leite 494% além do que recebeu o produtor.

Em vista desta caótica situação é que os Pecuaristas de Leite desta região realizarão seu protesto no dia 03/11/2001 em frente ao Recinto de Exposições de São José do Rio Preto, oportunidade em que reivindicarão além de remuneração justa pelo preço de seu produto, a instalação de uma CPI que apure quais os responsáveis pelas distorções existentes no mercado do leite e derivados, a formalização de denúncia ao CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica – e ao Ministério Público de abuso de poder econômico por parte das grandes indústrias de laticínios e grandes redes varejistas, a inclusão de derivados lácteos nos programas sociais do Governo Federa, Estadual e Municipais com produtos elaborados com matéria prima local e a renovação da linha de crédito, com juros fixos de 8,75% ao ano para a estocagem do excedente da produção entre outros.

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ANTONIO PEROZIN

VALINHOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/11/2001

Excelente o artigo escrito pelos companheiros da Láctea Noroeste (https://www.milkpoint.com.br/mn/espacoaberto/artigo.asp?id_artigo=1499&area=23). Faço apenas uma ressalva, o número de empregos diretos que geramos no Estado de São Paulo, fica em torno de 200.000

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