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La Niña, El Niño e o leite nosso de cada dia

ESPAÇO ABERTO

EM 05/08/2016

5 MIN DE LEITURA

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Autores do artigo:

Pietra Branco. Graduanda do 3º semestre em Engenharia Agronômica da ESALQ/USP. Estagiária do Grupo GEPEMA

Fábio Marin. Prof. do Departamento de Engenharia de Biossistemas da ESALQ/USP (fabio.marin@usp.br)


El Niño e La Niña são fenômenos de caráter atmosférico-oceânico, de grande escala espaço-temporal, que estão associados a variações na temperatura média do Oceano Pacífico Equatorial. Ainda há muitas incertezas na definição do fenômeno e é difícil estabelecer uma sequência determinada para a ocorrência desses eventos, sendo sua previsão feita com base no monitoramento da temperatura do oceano. Segundo este monitoramento, os anos podem ser classificados como neutros (quando não há ocorrência de nenhum dos fenômenos) de El Niño (quando a temperatura das águas fica acima da média), ou de La Niña (quando há resfriamento das águas do Pacífico).

Tanto o La Niña como o El Niño ocorrem como consequência da variação de intensidade dos ventos alísios (que vão dos Trópicos para o Equador pela superfície) e que ao chegar ao Equador resultam num vento relativamente constante que vai de Leste para Oeste sobre o Oceano Pacifico. Em anos neutros, os ventos partem da América do Sul em direção à Austrália com velocidade suficiente para deslocar a água da superfície do Pacífico e elevar em alguns centímetros o nível do mar na região da Oceania em comparação com o nível observado na América do sul.

Em anos de El Niño, contudo, esses mesmos ventos têm velocidade reduzida e, assim, carregam de modo menos intenso as águas quentes superficiais para a Oceania. Por isso, as águas aquecidas tendem a concentrar-se na costa oeste do Pacífico, nas proximidades do Peru, elevando a taxa de evaporação, aumentando a quantidade de nuvens e intensificando as chuvas no Sul do Brasil como consequência da ação das células de Hadley, sendo essas chuvas torrenciais, muito acima da média. Na região Sudeste, há um aumento das temperaturas durante o inverno e uma intensificação do regime de chuvas. Já na região Centro-Oeste, ocorre um aumento das chuvas durante o verão e uma elevação intensiva das temperaturas na segunda metade do ano, quando já é muito calor. No Nordeste, instalam-se secas severas nas áreas centrais e norte da região, afetando, principalmente, a região conhecida como Polígono das secas, que passa a viver crises dramáticas relativas à escassez hídrica. Por fim, no Norte do país, há redução das chuvas nas porções leste e norte da Floresta Amazônica, caracterizando algumas estiagens cíclicas para a região da floresta e aumento dos problemas com as queimadas.

Em anos de La Niña, acontece o oposto e os ventos que sopram sobre a linha do equador em direção a Oceania têm sua força aumentada, o que promove o deslocamento das águas quentes superficiais e a reposição dessa água por águas profundas do oceano, que são mais frias. Essa é a razão por serem normalmente observadas chuvas acima do normal no Norte da Austrália em anos de La Niña (uma vez que as águas aquecidas promovem a evaporação e a formação de chuvas), enquanto tem-se no Brasil redução das chuvas no Sul do País, caracterizando um inverno seco. No Sudeste, as temperaturas do verão ficam abaixo do normal, mas as chuvas ainda não podem ser previsíveis. Na região Centro-Oeste, também há um período de estiagem. Ao contrário, é possível a chegada de frentes frias na região Nordeste e também uma maior ocorrência de chuvas. No Norte, há uma tendência às chuvas abundantes no norte e leste da Amazônia.

O monitoramento desse ano (2016) indica que ocorrerá uma transição de El Niño para La Niña, de forma que a temperatura do Oceano Pacífico Equatorial encontra-se em declínio. Além das águas superficiais, áreas em grandes profundidades também indicam resfriamento, mostrando que mal teremos neutralidade climática. Análises do Instituto Internacional de pesquisa da Universidade de Columbia (IRI), de 16 de junho, e do Serviço Nacional do Clima (Climate Prediction Center – NASA), de 9 de junho, indicam que a chance de desenvolvimento do fenômeno de La Niña aumenta para 49% no trimestre junho-julho-agosto e prosseguindo até 76% entre novembro de 2016 e janeiro de 2017. Dessa maneira, podemos prever temperaturas mais amenas no país, incluindo Norte e Nordeste, e chuvas bem distribuídas, porém em menores quantidades, no Brasil todo, indicando boas condições para criação do gado de leite.

O gado leiteiro, por sua vez, é diretamente influenciado pelo clima, que, quando não é favorável, pode gerar situação de estresse aos animais e preocupação aos produtores. Temperaturas muito elevadas comprometem a produção do leite (normalmente associadas a períodos de seca), visto que a energia que seria utilizada para a produção econômica é gasta na dissipação de calor, diminuindo a ingestão de alimentos e alterando a resistência do animal às adversidades. Não só elevadas temperaturas, mas também mudanças bruscas, principalmente do quente para o frio, levam a quebras na produção. Também, na movimentação do gado entre pastos ou até mesmo do pasto para o curral, a elevada temperatura aumenta a perda de energia e, consequentemente reduz o peso e a eficiência do animal.

Se a seca e o calor excessivos trazem dificuldades, o excesso de chuvas também dificultam a operação leiteira. O aumento da umidade do ar prejudica a perda de calor do animal (principal forma se dá por meios evaporativos), levando o mesmo a uma situação de estresse. Além disso, a chuva pode causar a ocorrência de lama nos currais, o que dificulta a limpeza do ambiente, gerando um desconforto aos animais e, mais importante, exposição dos mesmos a doenças, principalmente mastite (afeta a produtividade e a qualidade do leite produzido). A lama também prejudica o casco do gado, gerando amolecimento, o que facilita o desgaste, aumentando o tempo de cicatrização devido à umidade. Já no pasto, a lama dificulta a movimentação do animal, o qual utilizará energia para retirar as patas que acabam sendo enterradas no solo.

Ao mesmo tempo, a chuva é necessária para a produção de alimento para os animais, possibilitando uma produção interna (na própria fazenda/sítio) de suprimentos. Para conciliar a ocorrência de chuvas e a higiene do local de ordenha e currais, é importante lavar os ambientes após toda utilização, fazer uso de cloro e iodo durante as ordenhas, além do pedilúvio, para as vacas passarem os cacos, evitando problemas de amolecimento e contaminação.

Seguindo as previsões para esse ano, as regiões que são originalmente mais quentes como Norte e Nordeste, poderão ser afetadas por frentes frias, interferindo menos na perda de calor do animal por meios evaporativos, e, quanto às chuvas nessas regiões, serão mais intensas, podendo eventualmente causar problemas com o aparecimento de lama e amolecimento do casco dos animais.

Por outro lado, essa ocorrência de chuvas acima do esperado deve favorecer a produção de alimento para o gado, reduzindo os custos de produção e aliviando a operação dos produtores dentro da própria propriedade. No Centro-Oeste, a estiagem pode causar problemas na produção de alimentos e no fornecimento de água para os animais, além do aumento da temperatura interferir no desempenho dos mesmos. Já no Sul e Sudeste do país, as condições são mais favoráveis, visto que as temperaturas amenas favorecem o desempenho do gado na produção do leite, e as chuvas tendem a ser em quantidades necessárias, mesmo não se tendo um estudo aprofundado neste aspecto.

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MÁRCIO BARBOSA LIMA DE OLIVEIRA MACÊDO

ITABUNA - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/08/2016

Aqui na região de Itabuna no sul da Bahia, fomos massacrados com a pior seca de todos os tempos isso graças ao Elniño, se o Laniña vier com a mesma intensidade, é melhor o pessoal do sul do País colocar a "barba de molho", pois, a perspectiva é de seca.
LUIS C BRANCO

ALTINÓPOLIS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/08/2016

Muito boa a reportagem, são cuidados básicos q se deve atentar, pq conseguindo controlar essas intempéries teremos bons resultados no leite.

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