Na análise dessa questão, um ponto importante é que se pode ter sistema intensivo a pasto, e não apenas o confinado ou free-stall. Em geral, todo o sistema confinado é intensivo, mas nem todo intensivo é confinado. Outra questão também relevante é que há associação entre os indicadores de produtividade; assim, para que o sistema tenha elevada produção/área, necessariamente, ele tem de ter alta produção/vaca.
Os que defendem sistemas menos intensivos argumentam que eles utilizam pequenas quantidades de insumos e, por isto, são mais lucrativos. Ao contrário, os que defendem sistemas mais intensivos argumentam que a intensificação conduz à maior quantidade de leite produzido em relação aos recursos disponíveis e, por isto, são mais lucrativos. Tais argumentações indicam que o ponto central das discussões refere-se ao critério utilizado na avaliação dos sistemas de produção. Enquanto os que defendem sistemas menos intensivos estão apoiados no custo operacional efetivo por litro (ou custo variável por litro); os que defendem sistemas mais intensivos priorizam a taxa de remuneração do capital investido como indicador de avaliação da atratividade do sistema de produção. Pode-se dizer que o critério de custo variável diz respeito ao curto prazo e o de remuneração do capital, ao longo prazo. Outro argumento dos que defendem a intensificação do sistema é que a margem bruta anual é mais importante que a margem bruta por litro (renda bruta menos custos variáveis).
Os dados apresentados na Tabela 1 ajudam a esclarecer as questões apontadas anteriormente. O custo operacional efetivo representa a soma de gastos de custeio que implicam desembolso, tais como mão-de-obra contratada para manejo do rebanho, concentrados, minerais, inseminação artificial, medicamentos e outros dessa natureza.
O custo operacional efetivo/litro aumentou, significativamente, com a intensificação dos sistemas de produção. De acordo com esse critério, os sistemas menos intensivos são preferidos. Entretanto, a margem bruta anual e a taxa de remuneração do capital investido aumentaram, também significativamente, com a intensificação. Agora, com esses dois critérios, os sistemas mais intensivos são preferidos.
Na análise econômica de sistemas de produção, o indicador taxa de remuneração do capital investido é o mais completo porque inclui todos os fatores de produção. Por essa razão, deve ser o escolhido na avaliação dos sistemas de produção. Assim, os sistemas mais intensivos, entre os entrevistados, são os mais atrativos.
Finalmente, a definição do limite mínimo da taxa de remuneração do capital para que o sistema de produção seja considerado como atrativo. Em análises dessa natureza, recomendam-se 6% ao ano, que correspondem à taxa real de juros da caderneta de poupança. Assim, apenas os sistemas de mais de 3.500 litros/ano/hectare são atrativos, incluindo o capital investido em terra. Excluindo o capital em terra, todos os sistemas examinados são atrativos e os mais atrativos são os mais intensivos.
Tabela 1 - Resultados dos produtores participantes do projeto Educampo em Minas Gerais, no período de agosto de 2003 a julho de 2004. Dados corrigidos para julho de 2004.