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Intensificar, ou não, o sistema de produção de leite?

POR SEBASTIÃO TEIXEIRA GOMES

ESPAÇO ABERTO

EM 13/10/2004

2 MIN DE LEITURA

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Uma discussão antiga e que, freqüentemente, volta diz respeito à intensificação, ou não, do sistema de produção de leite, medida pela relação entre a quantidade produzida e a quantidade do fator de produção. As relações mais utilizadas neste cálculo referem-se aos fatores terra e mão-de-obra. Em outras palavras, a intensificação do sistema de produção é definida em litros de leite/hectare utilizado na pecuária de leite e em litros de leite/dia-homem empregado na atividade leiteira.

Na análise dessa questão, um ponto importante é que se pode ter sistema intensivo a pasto, e não apenas o confinado ou free-stall. Em geral, todo o sistema confinado é intensivo, mas nem todo intensivo é confinado. Outra questão também relevante é que há associação entre os indicadores de produtividade; assim, para que o sistema tenha elevada produção/área, necessariamente, ele tem de ter alta produção/vaca.

Os que defendem sistemas menos intensivos argumentam que eles utilizam pequenas quantidades de insumos e, por isto, são mais lucrativos. Ao contrário, os que defendem sistemas mais intensivos argumentam que a intensificação conduz à maior quantidade de leite produzido em relação aos recursos disponíveis e, por isto, são mais lucrativos. Tais argumentações indicam que o ponto central das discussões refere-se ao critério utilizado na avaliação dos sistemas de produção. Enquanto os que defendem sistemas menos intensivos estão apoiados no custo operacional efetivo por litro (ou custo variável por litro); os que defendem sistemas mais intensivos priorizam a taxa de remuneração do capital investido como indicador de avaliação da atratividade do sistema de produção. Pode-se dizer que o critério de custo variável diz respeito ao curto prazo e o de remuneração do capital, ao longo prazo. Outro argumento dos que defendem a intensificação do sistema é que a margem bruta anual é mais importante que a margem bruta por litro (renda bruta menos custos variáveis).

Os dados apresentados na Tabela 1 ajudam a esclarecer as questões apontadas anteriormente. O custo operacional efetivo representa a soma de gastos de custeio que implicam desembolso, tais como mão-de-obra contratada para manejo do rebanho, concentrados, minerais, inseminação artificial, medicamentos e outros dessa natureza.

O custo operacional efetivo/litro aumentou, significativamente, com a intensificação dos sistemas de produção. De acordo com esse critério, os sistemas menos intensivos são preferidos. Entretanto, a margem bruta anual e a taxa de remuneração do capital investido aumentaram, também significativamente, com a intensificação. Agora, com esses dois critérios, os sistemas mais intensivos são preferidos.

Na análise econômica de sistemas de produção, o indicador taxa de remuneração do capital investido é o mais completo porque inclui todos os fatores de produção. Por essa razão, deve ser o escolhido na avaliação dos sistemas de produção. Assim, os sistemas mais intensivos, entre os entrevistados, são os mais atrativos.

Finalmente, a definição do limite mínimo da taxa de remuneração do capital para que o sistema de produção seja considerado como atrativo. Em análises dessa natureza, recomendam-se 6% ao ano, que correspondem à taxa real de juros da caderneta de poupança. Assim, apenas os sistemas de mais de 3.500 litros/ano/hectare são atrativos, incluindo o capital investido em terra. Excluindo o capital em terra, todos os sistemas examinados são atrativos e os mais atrativos são os mais intensivos.

Tabela 1 - Resultados dos produtores participantes do projeto Educampo em Minas Gerais, no período de agosto de 2003 a julho de 2004. Dados corrigidos para julho de 2004.

SEBASTIÃO TEIXEIRA GOMES

Professor Titular da Universidade Federal de Viçosa

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JOSÉ ROGÉRIO MOURA DE ALMEIDA NETO

VALENÇA - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 19/11/2004

Nesse artigo quando se fala em sistema de alta produtividade por área, se fala em alta produção por vaca e eu discordo completamente. Por exemplo, se você tem grande lotação por há, como já se consegue até 20ua/ha/180 dias, nessa situação poderá haver grande produtividade com vacas de menor produção de leite, com vacas de 10Kg/dia de media (lactação de 3000Kg em 300 dias). Nessa situação você terá grande produtividade numa pequena área.
PAULO ALVES ARAUJO CARDOSO

OUTRO - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 19/11/2004

Eu gostaria de saber se tais dados calculados e apresentados no artigo foram calculados através do programa de custo do projeto educampo?
TURÍBIO MENDES BARBOSA

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 29/10/2004

Senhores, com referência ao sistema de produção, notamos que, para o intensivo teremos uma infra-estrutura mais complexa. O padrão de gado deve ser de alta produção, equipamentos mais sofisticados, três ordenhas diária, etc. Tudo isso implica em alto custo, consequentemente alto risco.

Com relação ao sistema não intensivo, teremos menor produção, menor custo, menor risco.

Mas meu objetivo é chegar na remuneração ao produtor pelo litro de leite produzido, seja no sistema intensivo ou não.
Há muito tempo venho batendo nesta tecla. O produtor faz um investimento muito grande para ter uma margem de lucro muito pequena, as vezes até prejuízo. Por quê? Porque são os grandes distribuidores que colocam o preço neste produto a ser pago aos produtores. Os distribuidores alegam que, se aumentar a margem de lucro aos produtores, o consumidor final terá de pagar mais e consequentemente deixará de comprar. Então pergunto: e quando as distribuidoras aumentam o preço ao consumidor final, sem compensá-lo ao produtor, o consumidor vai deixar de comprar?

Senhores, eu entendo que, quem deve colocar o preço no litro de leite a ser pago ao produtor é o sindicato dos produtores de leite. Somente o sindicato sabe avaliar os investimentos financeiros realizados e os riscos, para merecer uma margem de lucro justa.

Uma outra coisa, o sindicato não deve reeleger seu presidente, para evitar que façam carreira profissional, colocando os interesse particulares em primeiro lugar para manter seu 'empreguinho'. Façam mudanças constantemente. Aquele ditado que 'time que está ganhando não mexe', só vale p'ra futebol.

Espero que alguém, algum dia, consiga livrar os produtores desses paradigmas, que os dominam a meio século.
MARCELO DE REZENDE

LONDRINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/10/2004

Caro professor, muito esclarecedor seu artigo. Porém, discordo quando o Senhor afirma que de maneira geral todo sistema confinado é intensivo. No Brasil, penso que as coisas são exatamente o inverso. Nossos confinamentos, de maneira geral, são ineficientes, de baixa produtividade (tanto agrícola como animal), e sobrevivem a mercê da busca de preços que não refletem nossa realidade de mercado. Daí tantas e tantas marcas próprias de produtos com a finalidade de agregar valor como forma de subsídio a esta ineficiência.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/10/2004

Caro Sebastião,

Sua análise tem o grande mérito de demonstrar que a aplicação de tecnologias via intensificação, além de aumentar a produção de leite também aumenta o custo de produção, independentemente do modelo adotado.

Alguns técnicos não admitem que tecnologias racionais possam aumentar o custo de produção e isto é um fato em nossa realidade atual.

E ainda assim, com custos mais altos, podemos ter melhor eficiência financeira, traduzida em retorno sobre o capital.

Um abraço,
Roberto Jank Jr.
RUI DA SILVA VERNEQUE

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 19/10/2004

Prezado Prof. Sebastião:

Parabéns pela clareza com que consegue transmitir suas idéias.

Gostaria que, mais uma vez, emitisse sua opinião sobre a seguinte questão. Admitindo-se um sistema eficiente, o ideal seria ter alta produção/ha/ano, com vistas a alcançar alta taxa de remuneração do capital investido.

Como eu poderia analisar, sob essa situação, um sistema em que a atividade é mista, gado de leite e gado de corte?
Seria conveniente converter as receitas com vendas de animais em litros de leite produzidos e considerar as despesas em conjunto?

Por exemplo, a produção de leite de meu sítio está em torno de 1000 a 1100 litros/ha/ano. Custo total da atividade, R$ 0,474 (agosto/2003 a julho/2004) e venda de animais tem representado R$ 0,11 a R$ 0,18/litro. Ou seja, com venda de animais o custo de produção do litro de leite cai para R$ 0,37 a R$ 0,30. Ou, em outras palavras, estou incrementando a produção por ha/ano em cerca de 25 a 40% com venda de animais, passando de 1000 a 1100 para até 1440 litros/ha/ano.

Meu raciocínio está correto ou preciso elaborar melhor a questão?

<b>Resposta do autor:></b>

Prezado Rui:

1) Agradeço, mais uma vez, sua leitura do artigo e, principalmente seus comentários.
2) Você está relacionando a venda de animais (R$ 0,11 a R$ 0,18/litro) com o custo total da atividade (R$ 0,474/litro). Está implícito no seu raciocínio que, o custo total/litro é igual ao preço do leite. Penso que deveria fazer a ligação direta da venda de animais/litro com o preço do leite. Se o preço do leite for R$ 0,474/litro seu cálculo está correto.
3) Os cálculos anteriores podem ser feitos a partir da composição da renda bruta, assim:

Área utilizada pelo gado = 150 hectares

Produção 900 litros/dia X 365 dias = 328.500 litros/ano

Preço do leite R$ 0,50/litro

Venda de animais = R$ 81.000,00/ano

Venda de animais em equivalente litros de leite R$ 81.000,00 ÷ 0,50/litro = 162.000 litros/ano

Produção/área sem a venda de animais = 2.190 L/ano/ha (328.500 ÷ 150)

Produção/área com a renda de animais = 3.270 L/ano/ha (328.500 + 162.000)/

Na esperança de ter atendido sua solicitação.

Atenciosamente,

Prof. Sebastião T. Gomes




Cordialmente,

Rui
FERNANDO ENRIQUE MADALENA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 16/10/2004

Prezado Sebastião,

Que bom ver números reais da economia da produção! Chega de simulações inventadas! Concordo plenamente que o retorno do capital investido é o critério mais relevante. Já juntar pastejo intensivo e confinamento pode vir a confundir. Minha percepção é que o primeiro é muito rentável e o segundo não, mas classificando apenas pela produção/ha não se pode distingui-los. Produção por ha perde um pouco o sentido quando a maior parte do alimento vem de fora. Seria interessante ter algum outro critério de intensificação, como capital investido, por ha ou por litro. Talvez a pergunta mais relevante seja, não tanto se intensificar ou não, mas como fazê-lo de forma a se obter maior retorno do investimento. De todo modo, chama a atenção que, mesmo nas melhores fazendas do Educampo, o retorno do capital foi menor que o da poupança para o mesmo período, de 7,98%. É um fato estarrecedor!

Abraço,
Fernando

PS. Discutindo em aula seu trabalho, surgiram as seguintes perguntas, cujo esclarecimento agradeceríamos:
Quantas fazendas entraram na amostra relatada?
Quem auferiu o capital (você fala em entrevistados)?
O que é exatamente retorno do capital investido (margem líquida/capital)?


<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Madalena:

1) Agradeço pela leitura do artigo e pelos seus comentários.
2) A amostra de produtores que forneceram os dados utilizados no artigo é assim distribuída:

Estratos de até 1000 litros/hectare = 93 produtores
Estratos de 1000 a 3500 litros/hectare = 87 produtores
Estratos de mais de 3500 litros/hectare = 35 produtores
Total 215 produtores

3) Os dados foram coletados pelos técnicos do Educampo.
4) Remuneração do capital = margem líquida/capital investido em terra, animais, benfeitorias e máquinas.

Margem líquida = renda bruta menos custo operacional total
Renda bruta = valor da produção de leite (venda + autoconsumo) + venda de animais
Custo operacional total = custo operacional efetivo (despesas diretas de custeio) mais mão-de-obra familiar e depreciação de benfeitorias e máquinas.

Atenciosamente,

Prof. Sebastião T. Gomes

FERNANDO CERÊSA NETO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/10/2004

Gostaria de esclarecimento se a produção de leite/ha considerou também a área de pastagem destinada aos animais em período não produtivo (vacas secas, novilhas, bezerras, etc.).

<b>Resposta do autor:</b>

Fernando Cerêsa Neto:

Agradeço pela leitura do artigo.

A produção de leite/hectare considerou, também, as áreas de pastagem e forrageiras para corte destinadas aos animais em período não produtivo (vacas secas, novilhas e bezerras).

Atenciosamente,

Prof. Sebastião T. Gomes
PAULO CÉSAR

CURITIBA - PARANÁ - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 14/10/2004

Seria muito interessante que o Professor publicasse os valores individuais que compõem a conta chamada de custo operacional efetivo, poderíamos neste momento fazer uma avaliação com nossos números.

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