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IN 51 e uma história de sucesso

ESPAÇO ABERTO

EM 30/03/2006

3 MIN DE LEITURA

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Por José Bráulio de Oliveira Gomes 1

Passada a tempestade é hora de contabilizar o resultado. A tão temida Instrução Normativa 51, do Ministério da Agricultura, que estabelece normas de qualidade para o leite, surgiu como uma tempestade, dando a entender que o leite brasileiro estava com as horas contadas: ou tinha qualidade ou ia para o lixo.

Esse tema foi assunto para diversas horas de debates, diversas publicações técnicas, diversas dores de cabeça quanto ao futuro, mas enfim o que aconteceu realmente?

No dia-a-dia profissional dos técnicos de campo, o que foi visto, foi uma tentativa inicial dos laticínios e captadores de leite, em capacitar-se para fazer as análises que a Instrução Normativa preconizava. Ocorreu também, a elaboração de fórmulas para a remuneração do leite quanto a sua qualidade.

No primeiro caso, vimos algumas empresas aparelhando-se de equipamentos básicos, digo isso, principalmente quanto aos pequenos laticínios. Mas, o que ocorreu foi a terceirização dessas análises.

Afinal, já haviam laboratórios muito bem aparelhados e capacitados para tal fim. Principalmente, quando descobriu-se que os preços das análises não eram caros, e que as análises estavam muito mais ao alcance do que pareciam.

Quanto às fórmulas para a remuneração, aconteceu o previsto, o preço máximo que já era pago virou referência para o leite de boa qualidade, enquanto que perante a queda da qualidade, houve uma queda na remuneração.

É justo se pagar mais por volume, proteína, gordura, sólidos totais, baixa contagem de células somáticas, baixa contagem de bactérias, desde que se pague um preço justo para um leite que seja "top" em qualidade.

Infelizmente o leite de má qualidade ainda é motivo de deleite para alguns laticínios: compram leite barato e o transformam em produtos lácteos com alta margem de lucro.

Mas, vamos às boas notícias. O melhor disso tudo foi um envolvimento de grande parte dos produtores, quando finalmente perceberam que produziam um leite de má qualidade.

Assisti a um caso que parecia caso de livro, onde os teores de sólidos do leite "esfregavam na cara" de que uma dieta desbalanceada estava sendo ministrada aos animais. Era tão caso de livro que em uma semana esses níveis já estavam adequados com os ajustes necessários.

Esclareci ao leigo proprietário que além das perdas econômicas imediatas (era um excesso de proteína de altíssima qualidade e de alto custo sendo jogado fora) outras perdas estavam vindo "à cavalo", principalmente distúrbios reprodutivos.

Tem uma história que me deixou muito entusiasmado e me motivou a compartilha-la. O caso é de um cliente que produz leite com a finalidade de produzir queijos finos.

Há uma estreita sintonia entre o laticínio que industrializa esse leite, de forma terceirizada com a marca do produtor, e o produtor. Nessa sintonia soou um sinal de alerta, pois haviam índices bem desconfortáveis: altas CCS e contagem de bactérias totais, o que obviamente faria também com que a qualidade e o rendimento na fabricação dos queijos fossem menores.

Vejam que se tratava de uma fazenda tradicional em produção de leite, o que só piorava, pois os costumes e lendas já estavam cicatrizados nos funcionários.

Não foi fácil, mas muito prazeroso, foi uma pequena operação de guerra, revendo os pontos aonde os erros podiam estar ocorrendo e, a partir daí, estabelecer um plano de ação.

De imediato conseguimos baixar a quase zero a contagem bacteriana e após uma série de ações, obtivemos e mantemos, ainda hoje, a CCS abaixo de 200.000. E a vigilância continua.

Apesar de tradicional, a propriedade não tinha como prioridade um controle leiteiro oficial, fazia somente o interno e sem as análises de composição que os controles leiteiros disponibilizam. Como as mastites eram ocasionais, tudo estava em um equilíbrio. Mas havia um inimigo oculto que estava minando pouco a pouco a qualidade.

Talvez se a senhora IN 51 não viesse à tona, milhares de casos como esses estariam ocorrendo assintomáticos, enquanto não incomodassem ninguém, continuariam a piorar os resultados por puro comodismo, inclusive dos técnicos, pois, os instrumentos estão disponíveis. Afinal na vida moderna só se fala em qualidade. Já passou a hora de acordar.


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1 Médico Veterinário e Diretor de Gado de Leite da Assossiação Brasileira de Criadores de Gado Pardo-Suíço

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JOÃO WALTER DÜRR

EM 03/04/2006

Prezado José Bráulio,



É com muita satisfação que leio teu artigo ajudando a desmistificar a IN51. Eu já ando meio cansado de fazer essa pregação, e é reconfortante ouvir alguém dando uma opinião descompromissada sobre o assunto.



Desejo sucesso em teu trabalho e faço votos que a raça Pardo Suíço cresça no Brasil para dar uma contribuição compatível com o potencial que possui.



Conte conosco!



Um abraço,



João Walter Dürr

Presidente do CBQL
ANTONIO SPAGNUOLO SANCHES

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 31/03/2006

Doutor Bráulio,



Sempre colocando seus serviços a favor do produtor, demostrando agora as vantagens práticas dos avanços tecnológicos, que muitos resistiam e outros ainda resistem em aceitar com a implantação da IN 51.
ANTONIO LUIS B.DE LIMA DIAS

MOCOCA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 31/03/2006

Caro Bráulio,



Tenho certeza absoluta que temos inúmeras conquistas e melhoras no nosso tão sofrido leite por este Brasil afora, após a divulgação da IN 51.



Todos os produtores e seus diversos funcionários e colaboradores estão realmente preocupados em melhorar cada vez mais os seus índices. Pena que as indústrias estejam balizando, como você mesmo disse, o leite "top" como leite padrão.



Os níveis de bonificação deveriam ser um estímulo para a melhoria da qualidade e o que temos é uma preocupação das indústrias em penalizar .Temos uma empresa na região que penaliza a contagem bacteriana em até três centavos e bonifica em no máximo um centavo.



Em minha opinião, o grande entrave, é a conscientização por parte da equipe de carreteiros da companhias. Infelizmente eles não estão nem aí para a coleta e a qualidade do leite.



Tivemos e continuaremos a ter um árduo trabalho de conscientização de nossos retireiros, ordenhadores e demais funcionários, a partir de agora temos que tentar conscientizar nossos parceiros carreteiros.

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