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Governo subestima crise na agricultura

ESPAÇO ABERTO

EM 24/04/2006

3 MIN DE LEITURA

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Por Evaristo Machado Netto1

A agricultura brasileira enfrenta a pior crise dos últimos 40 anos e o conjunto de medidas anunciado no último dia 6 mostra que o governo subestima o tamanho e a proporção do problema para o país. Além de recursos insuficientes para sanar a crise, o pacote traz incerteza pois ainda depende da aprovação do Conselho Monetário Nacional, cujos membros só se reunirão no final de abril. As conseqüências desastrosas do descaso já podem ser medidas na forma de queda do PIB em muitas cidades do interior, nas quebras de safra e no aumento do desemprego.

O Brasil já foi o maior exportador mundial de frango, carne, soja, álcool, açúcar e café. Porém, sucessivos incidentes de ordem climática, sanitária e econômica, aliados à falta de dedicação do governo para solucioná-los, levaram a uma quebra de safra de 18 milhões de toneladas de grãos em 2005 e à diminuição de 3% na área plantada para a safra 2006. Os recursos de crédito rural - que alcançaram R$ 80 bilhões no final dos anos 80 - não chegam aos R$ 40 bilhões desde a década de 90.

Ao mesmo tempo, a relação de troca só piora para o produtor rural. Em 2003, bastavam 2,76 sacas de soja para comprar um litro de fungicida; em 2005, foram necessárias 4,13 sacas, uma diferença de 30%. As perdas se repetem nos comparativos de outros grãos e também na pecuária. No caso de tratores, a perda do poder de troca chega a 67% nos últimos dois anos.

Até quando o Governo Federal vai ignorar estes dados? Hoje, apenas 30% dos recursos para financiamento agrícola vêm do governo; o restante fica por conta da iniciativa privada, dos fornecedores de insumos, das cooperativas e também do capital de giro dos produtores rurais. Estes, porém, já estão fora do jogo do autofinanciamento há muito tempo. As cooperativas serão as próximas a sair. Como já suportaram o ônus da quebra da safra passada e investiram na atual, honrando os compromissos mesmo diante da queda do dólar, estiagem, falta de recursos e de infra-estrutura adequada, as cooperativas dificilmente conseguirão repetir o notável desempenho de anos anteriores.

É sabido que o Brasil não tem condições de suportar uma safra plena como nos tempos em que o destino do país era transformar-se no celeiro do planeta. A infra-estrutura para escoar a produção não recebeu investimentos de peso - portos, estradas e armazéns deixam a desejar. Não existe uma política de seguro rural estabelecida e os recursos para financiamento agrícola diminuem ano a ano.

A inércia do governo pode encobrir uma estratégia para valorizar a agricultura familiar, único setor onde os subsídios têm aumentado. Ninguém duvida da importância da agricultura familiar para milhões de famílias. Porém, diferentemente da agricultura empresarial - encarada como um negócio - na agricultura familiar não é a produtividade que conta, mas sim a ocupação e a permanência do homem no campo. Ela deve complementar - e não competir - na produção de alimentos, essencial para a estabilidade do país, isto é, dos 180 milhões de brasileiros.

Como isso não ocorre, a conseqüência é que o árduo trabalho para construir as bases de uma agricultura forte e profissional está desmoronando. E se situação não chegou a este ponto do dia para noite, tampouco será resolvida com a troca de pessoas no comando da política oficial. As medidas necessárias para estancar e reverter a crise são conjunturais. O remédio existe, mas a cada dia fica mais caro. Algo que poderia ser resolvido com medidas oportunas, passa a exigir soluções mais complexas quando os pleitos são ignorados ano após ano.

A conclusão é simples: o governo atual tem uma visão distorcida, não enxerga a agricultura como o grande negócio que vem garantindo de fato a estabilidade da economia. Esta condução equivocada é ruim para o Brasil e para todos os brasileiros. A conta do descaso será dividida entre todos e pode demorar para ser quitada.

Conforme alertava o ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln, "se as cidades pegarem fogo, restarão os campos. Se os campos se incendiarem, as cidades morrerão de fome".



________________________
1Evaristo Machado Netto, presidente da OCESP (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo) e vice-presidente da ABAG (Associação Brasileira de Agribusiness)

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ELIZARIO PEDROZO

ENÉAS MARQUES - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/05/2006

Este artigo relata o caos que o setor vive. Falar que vem plano após plano, governo após governo, falar que o setor que produz alimentos esta quebrado é tornar-se repetitivo e que nós produtores somos desorganizados e estamos agonizando as véspera da falência é chover no molhado. O grande responsável do superávit é o setor agropecuário.



O que não dá para engolir é esse presidente dizer que com o salário mínimo nunca se comprou tanto, esquece de dizer que quem esta bancando é o produtor rural, com a sua falência está tornando o alimento e o custo de vida mais baixo, até quando isso vai ser assim?
FERNANDO AFFONSO FERREIRA

ITABUNA - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/05/2006

O comentário é lógico e fica difícil acreditar que as autoridades de plantão ainda não entenderam. Não fazer do Brasil um país agrícola, é um absurdo tão grande como tentar fazer do Japão um país agrícola. Com o fracasso do campo os governos terão muito trabalho. Infraestrutura nas periferias, presídios, segurança e muita comissão.
ALEXANDRE VIEDO RODRIGUES

SÃO BENTO DO SUL - SANTA CATARINA

EM 03/05/2006

"Queremos subsídios agrícolas"



Sou filho de produtor rural no Rio Grande do Sul, tenho 36 anos, e não é de hoje, que percebo a irresponsabilidade política e cultural que nosso Brasil preserva. O povo brasileiro não se atentou ainda para o campo, lá se produz os alimentos que nós consumimos, e também a importante cadeia produtora de milhares de empregos diretos e indiretos que o agronegócio gera.



Porque tanto amadorismo? Porque tanto desemprego? Porque tanta gente passando fome? Porque tantos produtores honestos entregando suas terras para os bancos? Acorda meu Brasil! Sou produtor, sou um empresário e sei das minhas responsabilidades como tal, mas fico cada vez mais sufocado, com tanto injustiça e falta de apoio neste meu setor.



Quero ser grande, quero ser alguém capaz de levantar a bandeira de Celeiro Agrícola e Pecuário do Planeta Terra. Onde está a minha classe que não briga, não discute, não encara de frente o que estamos sofrendo por décadas. Precisamos de governantes dignos, que estendão a mão a cada setor produtivo deste país.



Não me considero pequeno, mas assim, penso quando, me imagino, que poderei ser o próximo de uma lista de tantos. Precisamos de subsídios para o setor primário "Urgente", e não de uma corda mais comprida com nós na ponta, esperando que os bancos a puxem. Tenho vergonha de saber que o que produzimos de melhor vai para o exterior e o que gastamos para produzir ficou dentro de um limite de terra coberto por uma grande nuvem de uma bandeira bancária.



Que deus, me proteja de nunca cair nas mãos destes bancos e que possa em breve acreditar neste meu país, aquele que hoje me impede de ser alguém.
GABRIEL AUGUSTO MARCHIO DA SILVA

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 02/05/2006

Muito oportuna e lúcida, as palavras do sr. Evaristo, para quem vivencia as agruras do agricultor no seu dia-dia, estas palavras traduzem o senso de urgência que o governo deveria estar tratando do assunto.



Historicamente, este presidente e seus "influenciadores" nunca viram com bons olhos o setor produtivo rural, sempre pautaram suas idéis pelo confronto gratuito, sem planejamento a longo prazo. Estão provando seu real intuito,farão com que as propriedades se tornem improdutivas.
ELISABETTA RAFFAELLI

BURI - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 01/05/2006

Concordo plenamente com esse artigo, o Governo subestimou a importância dos agricultores. Só fala em diminuir o valor dos alimentos e esquece que não diminuiram os custos dos mesmos. Razão pela qual os agricultores não tem mais condições de sobreviver, pois não tem lucro algum.



Se acabar com o piso da pirâmide, o resto vai desmoronar logo. Se o governo fornece seguro desemprego, bolsa família, gás, por que trabalhar? Basta trabalhar seis meses por ano e o resto o governo financia. Por que não dá o anzol para pescar ao invés do peixe bem prontinho para comer?



Acho que o próximo ano vão ser poucos com coragem de continuar a plantar feijão, soja, milho, trigo, arroz. Aí sim os preços vão subir de novo e vai faltar ate o básico para alimentação.



Se o agricultor não produzir, a indústria para e os serviços morrem. Sou uma produtora de leite e de cereais, e estou bem desanimada!
CARLOS ALBERTO ZUQUETTO

CASCAVEL - PARANÁ - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 30/04/2006

Apesar de todo desmando da agricultura, agravada pela conduta do atual governo (taxa de juros, câmbio, altas taxas de impostos, ausência de um seguro agrícola justo, liberações de recursos em qualidade e momento certos, falta de uma política "agrícola" cumprimento do preço mínimo etc etc...) nesses 30 anos que estou no "agronegócio" as coisas sempre se resolveram com o decorrer do tempo e a contento, pois eu ainda estou no ramo.



Tenho só receio de uma coisa que vem ocorrendo no "agronegócio ", que pressinto necessidade de uma solução traumática e com sérias subseqüências em nível social, que é a "insegurança" das invasões de qualquer tipo de propriedade agrícola. O MST achou um caminho que lhe rende financiamento seguro, sem oposição por parte do poder constituído, IBOPE na mídia nacional e internacional, avisa antecipadamente quando vai atacar, data local, hora, e como vai proceder, e na maioria das vezes tudo acontece conforme previsto.



Pela minha vivência na atividade, confirmo que mais uma vez o agronegócio passará por mais essa em dois, três ou quatro anos. Porém tenho a CERTEZA que no mesmo período a insegurança deverá se agravar, pois não existe vontade política para ao menos iniciar a resolver o assunto.



Votar em políticos que tenha afinidade com o "agronegócio" será uma das possíveis soluções. Você precisa conhecê-los em sua região, quem são eles.
LUIZ FERNANDO AZAMBUJA JR.

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 30/04/2006

Quem acha que "este governo", vai tomar alguma atitude em prol da categoria produtora, que bate recordes em cima de recordes a cada ano, está muito enganado!



"Eles" só se mexem quando o circo já queimou todinho! O maior exportador de carne do mundo, o maior exportador de soja.....não merece estímulos, como o fazem com bancos internacionais aqui estabelecidos e multinacionais fomentadoras de campanhas políticas milionárias...."vamos cuidar daquilo que vai mal " este é o pensamento "deles"....este é o governo que temos.



"Eles" só não sabem que seria pelo setor primário a saída dos problemas internos nacionais. Mas não será desta vez! E se "ele" for reeleito, pode encomendar o caixão !
ADAIR DIVINO FERREIRA

OUTRO - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 27/04/2006

Gostaria de parabenizá-lo pelo artigo, apenas ressaltando que em nosso município a agricultura familiar dificilmente consegue estes recursos.

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