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EUA x Nova Zelândia. Pasto ou Confinamento no Brasil?

POR RENATO S. MACHADO POMPÉU-MG

ESPAÇO ABERTO

EM 12/04/2005

5 MIN DE LEITURA

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Não há nada mais diferente que os sistemas de exploração leiteira dos EUA e da Nova Zelândia. São sistemas muito bem definidos e lucrativos em suas próprias realidades, mas neste contexto mundial alguns tentam nos enquadrar próximos de um ou de outro. Vamos discutir neste artigo de que modo podemos tirar proveito destas diferentes visões empresariais de produção de lácteos em busca de um sistema nacional.

Em vários países do Hemisfério Norte, incluindo aí os EUA, o sistema de produção é totalmente confinado com fornecimento de Dieta Total, com altas inclusões de concentrados, acarretando uma alta produção de leite por animal. Na Nova Zelândia há foco muito grande na produtividade do pasto, maximizando assim a maior produção possível de leite por área sem necessidade do uso de concentrados, que são muito caros por lá.

Quem está errado? Ninguém. Cada um adaptou sua realidade de climática, cultural e econômica a um sistema de produção lucrativo. Neste aspecto, para criarmos um sistema de produção nacional que atenda à nossa expectativa, temos que focar o lucro. Os sistemas de produção nacional podem ser divididos em três tipos e cada um deles deve perseguir um objetivo para maximizar o lucro.

O confinamento total não é um sistema muito comum no Brasil. Apesar de termos sistemas muito eficientes de produção com Dieta Total, com ilhas de excelência com produção comparável aos EUA, não se pode dizer que este sistema é muito comum. O sistema aplicado no Hemisfério Norte não é aplicável aqui, pois lá há fortes subsídios, tornando a atividade mais segura. A nosso favor, contamos apenas com insumos e Mão-de-obra mais acessíveis. As principais dificuldades para o aumento do número de produtores com rebanhos em confinamento por aqui é a incerteza do mercado, que, devido à falta de políticas eficientes de preço mínimo, tem um preço muito variável. Nesta ótica, para reduzir o custo de produção e estar apto a conviver com a volatilidade de preços, os sistemas baseados em Dieta Total no ano todo devem ter altíssimas escalas de produção, fazendo uma diluição dos custos fixos em altas produções por vaca e por fazenda.

Vivendo em um país que não tem subsídios à agricultura e com um custo de concentrados proibitivo, os neozelandeses adaptaram-se a um sistema de produção a pasto, com muito pouco ou nenhum concentrado. O foco deles são altíssimas produtividades de pastagem permitindo assim que cada fazenda tenha produção suficiente para remunerar o trabalho na atividade. O sistema da Nova Zelândia tem diferenças cruciais para o sistema nacional. Uma primeira diferença é a qualidade das gramíneas temperadas, que tem fibra de alta qualidade. Outra diferença importante é o alto custo de concentrados, que não é realidade aqui, permitindo que nosso sistema de exploração use um pouco mais de concentrado, até mesmo para suprir as deficiências de nosso volumoso tropical, que não tem a mesma qualidade do volumoso temperado deles.

Mas o ponto crucial das diferenças é a sazonalidade da produção neozelandesa. Lá, a produção se inicia na primavera e aproveita a boa produção de pastagens, que vai até o outono. No inverno, todas as vacas estão secas, minimizando assim o gasto para alimentá-las. Este sistema encontraria várias barreiras no Brasil. Devido a um sistema de baixa tecnologia que impera por aqui, a indústria tem altos excedentes no verão. Isto implica em preços baixos, muitas vezes abaixo do limiar aceitável, principalmente para o produtor que não produz leite no inverno, fazendo uma "cota de produção".

Portanto, a alternativa mais viável é a construção de um modelo nacional de produção de leite. E este modelo não precisa ser inventado, basta apenas que seja difundido, pois empiricamente o produtor nacional já foi se adaptando a este modelo ao longo dos anos. Os pontos chaves deste modelo são a utilização de pastagens nos meses quentes e uma suplementação mais efetiva no inverno para aproveitar a época de bons preços do leite.

Neste aspecto temos dois modelos que posso definir como Especializado e Pouco Especializado. No sistema Pouco Especializado, temos vacas que não recebem ou recebem muito pouco concentrado no verão. Normalmente são animais de baixa aptidão leiteira. O maior desafio da lucratividade nestes sistemas é a escala. Como a produção por animal é baixa, é necessário que se tenha muitos animais para que a renda resultante do leite venha a remunerar o trabalho. Normalmente estes sistemas pecam pela baixa eficiência reprodutiva e grande número de vacas secas.

Estes produtores devem compreender que, para ser lucrativo, temos que pressionar intensivamente a pastagem, e usar pastejo rotacionado, para que quando o animal venha a comer a pastagem, esta esteja em seu melhor período de "colheita", como os neozelandeses fazem. Outro ponto importante é a reprodução. Mesmo na Nova Zelândia onde o custo dos concentrados é alto e as pastagens são de boa qualidade, a adição de concentrados em pequena escala leva a uma melhora substancial na reprodução. Portanto, em um país com tanta fartura de grãos e subprodutos, é ilógico não usá-los. Neste sistema Pouco Especializado o volumoso mais interessante para o inverno é a cana-de-açúcar, pois como os animais são de baixa aptidão, não há necessidade de alimentos mais nobres.

Mas existe um outro tipo de fazenda leiteira muito comum por aqui. Em busca de produtividade a pasto, muitos produtores desenvolveram um sistema Especializado. Este sistema abriga animais mais especializados e seu foco é a produção de leite com alta eficiência nos períodos do ano em que ele é mais bem pago. Geralmente, na seca, se valem de Dieta Total, como os americanos, à base de milho ou sorgo, misturado a concentrados e subprodutos, maximizando a produção por vaca. No verão por serem rebanhos mais especializados, não suportam a mesma provação que outros animais, buscando na pastagem sua fonte de nutrição exclusiva. Este sistema necessita uma suplementação concentrada mesmo no verão. O desafio é manter sob controle os custos no verão para não prejudicar os animais mais especializados. A vantagem deste sistema sobre o Pouco Especializado é conseguir uma escala de produção que remunere o trabalho com um menor número de animais e, conseqüentemente, com menos área, viabilizando projetos de pecuária leiteira em fazendas que não se prestariam ao sistema anterior.

Portanto, como se pode notar, no Brasil não existe um modelo de pecuária leiteira único. A diversidade de condições reflete em vários modelos, mas em todos eles temos que nos pautar pela necessidade da renda obtida, que deve remunerar o produtor pelo trabalho que desenvolve.

RENATO S. MACHADO POMPÉU-MG

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JOSÉ SOARES DE MELO

MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/04/2005

Prezado Renato,



Acredito que falta ainda ao nosso país desenvolver uma estratégia de suplementar animais a pasto, de maneira a minimizar o efeito substituição e maximizar o efeito adição, para conseguirmos fundir os sistemas neozelandês e americano. Qual é sua opinião?



Resposta do autor:



Realmente temos que procurar buscar as melhores alternativas tanto do sistema neozelandês como no americano, mas é imperativo que descubramos o melhor sistema aplicável em nossa realidade. Quanto a substituição da pastagem pelo concentrado em contraposição a uma adição entro o concentrado e o volumoso, sugiro fazer um curso on-line conosco aqui no MilkPoint, Formulação de Dietas para Bovinos de Leite.

O conceito que você procura será discutido no módulo 4 com o Balanceamento de Carboidratos e sua ação sobre a digestibilidade do volumoso. Um abraço, Renato S. Machado

DIETHARD PAULS

OUTRO - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/04/2005

Gostei do artigo. O Brasil é muito grande com climas diferentes , tecnologias diferntes e culturas diferentes , e eu acredito que o sistema de criação de gado de leite deva ser adaptado conforme a região e a disponibilidade e custos de matérias primas e subprodutos utilizados na alimentação animal. Também deve-se levar em conta a raça, pois como o artigo se refere à Nova Zelândia, lá foi formado uma nova raça mais rústica, usando a genética Holandesa e a Jersey , onde a produção é em torno de 14 a 16 lts/dia e com alta concentração de sólidos. Enfim , o Brasil tem um alto potencial de produção, se este potencial for organizado com iteligência, tenho certeza que vamos ser um dos grandes exportadores de lácteos.

MARIUS CORNÉLIS BRONKHORST

ARAPOTI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/04/2005

Como em qualquer atividade seja ela industrial, agrícola, microempresa, pecuária de corte,todos trabalham para sobreviver e ter lucro. Na atividade de pecuaria leiteira não é diferente. Quanto mais alto o preço da terra, maior tem que ser sua produção por hectare, assim deve-se ter maior número de animais/área e consequentemente maior produção por área, indepententemente da forma de exploração.

MARIUS CORNÉLIS BRONKHORST

ARAPOTI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/04/2005

Como em qualquer atividade seja ela industrial, agrícola, microempresa ou pecuária leiteira ou corte, todos trabalham para sobreviver e ter lucro. Na atividade pecuária leiteira não é diferente. Quanto mais alto o preço da terra, maior tem que ser sua produção por hectare, isso traz consigo um maior número de animais e consequentemente uma produção por área, isto independentemente da forma de exploração.
RONALDO AUGUSTO DA SILVA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/04/2005

Prezado Renato,



Muito importantes os seus comentários. Iniciamos a atividade leiteira há 6 anos. Antes de começar, fiz pesquisas e levantamentos diversos, o que me levou, a priori, a constatar a inexistência de um projeto ou modelo absoluto para essa atividade. Persiste, até hoje essa dúvida. Ainda não encontramos esse modelo, o que ameaça a continuidade da nossa atividade. Você nos prestaria um serviço de consultoria nesse particular aspecto? Minha fazenda, em sociedade com um cunhado e seu filho, fica no Alto Paranaíba, na gloriosa Carmo do Paranaíba. Aguardo seu retorno e agradeço. Cordial abraço. Ronaldo Augu



<b>Resposta:</b>



Caro Ronaldo,



Realmente este é o pior e o melhor da atividade leiteira, a falta de modelo, mas isto não deve ser motivo de desânimo e sim de estímulo, pois a atividade nos dá margem para estarmos sempre nos atualizando.



Infelizmente minha área de atuação é restrita ao centro-oeste mineiro, mas tenho certeza que há bons profissionais na sua região, é só se informar.



Boa Sorte

Renato S Machado
FERNANDO CAMPOS MENDONÇA

SÃO CARLOS - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 17/04/2005

Não se deve esquecer também de um outro sistema especializado, baseado em pastagem irrigada, com intensificação da produção de forragem no verão (gramíneas) e no inverno (gramíneas + alfafa ou sobressemeadura c/ aveia) e suplementação com cana-de-açúcar.



O sistema vem sendo aplicado em pequenas propriedades em SP e RJ, com expectativas de expansão para outros estados. O trabalho é desenvolvido pelo Dr. Artur Chinelato de Camargo, em projeto de difusão tecnológica da Embrapa Pecuária Sudeste.



Atenciosamente,



Fernando Campos Mendonça

Dr. Irrigação e Drenagem

Embrapa Pecuária Sudeste
PAULO CESAR VIEIRA MARTINS

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/04/2005

Gostaria de saber do resultado sobre o projeto Embrapa/Universidade de São Carlos, onde a produção de leite a pasto é:



Verão: vários piquetes, me parece que é 20 por/hectare, onde o mesmo é adubado e irrigado, com uma alta concentração de animais p/hectare?



Inverno: opção de volumoso, ou pasto irrigado também, com uma forrageira de melhor qualidade, ex tifton, gostaria de saber tambem qual é o tipo de animal mais conveniente para este sistema, uma vez que vacas que dão menos 15 litros, não recebe concentrado.



<b>Resposta do MilkPoint:</b>



Caro Paulo César,



Você pode se informar diretamente na Embrapa Pecuária Sudeste, no telefone (16) 3361-5611. Peça para falar com os pesquisadores Arthur Chinelato ou André Luiz Novo.



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