No último final de semana (dias 8 e 9) aconteceu a 2ª edição do Fromaniac, um concurso que reúne produtores da região da Auvérnia-Ródano-Alpes (Auvergne-Rhône-Alpes, em francês), no centro da França.
Foram mais de 400 queijos e produtos lácteos julgados por 120 jurados: franceses, suíços, japoneses, belgas… e uma brasileira, eu! O resultado: 19 medalhas de ouro, 30 de prata e 32 de bronze, que correspondem a não mais que 20% do número total dos produtos que concorreram.
Um pouco antes de começar, a organização deu instruções para o comportamento do jurados. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager
“Nossa região se caracteriza por uma grande diversidade. Temos vacas que pastam desde regiões muito baixas, próximas do nível do mar, até 2 500 m de altitude” disse Elodie Marinho, produtora do salão, que tem por objetivo valorizar a agricultura local e contou com 50 estandes de produtores.
O discurso de abertura do presidente da Federação do Queijeiros da França (categoria comerciantes) Claude Maret foi realista:
“Nossa profissão vai muito bem, nosso único problema é saber qual queijo teremos para vender no futuro, pois queremos em nossas lojas produtos feitos artesanalmente, produtos típicos e locais. Nós precisamos de vocês, pequenos produtores, e nos comprometemos a ajudar para que sua atividade possa continuar, pois do seu sucesso depende o nosso. Esse concurso é para verificar se os seus produtos correspondem a nossas expectativas e de nossos clientes, para saber se podemos ajudar e se há correções a serem feitas” disse Claude.
Queijo de massa prensada com leite de vaca Salers, que ganhou medalha de ouro. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager
O queijeiro belga Pascal Fauville orientou a análise sensorial dos jurados, ressaltando que a ficha deveria ser preenchida em silêncio:
“Pedimos algo muito simples, todos temos o mesmo equipamento, nossos cinco sentidos, fornecidos pela natureza. Geralmente quando provamos um queijo, tendemos a classificar como “gostei” ou “não gostei”. Isso não ajuda o produtor. A primeira coisa a fazer é olhar o produto, observar sua aparência, depois tocar e sentir sua textura, para em seguida cheirar e por último levar à boca, observando as alterações de sabor do começo da mordida até depois de engolir” disse ele.
Cada mesa de jurados teve um presidente responsável por resumir a opinião dos outros na ficha que foi entregue logo depois do concurso, no local.
Para inspirar os jurados, cada mesa tinha fichas de análise sensorial com rodas de sabores e listas de adjetivos para ajudar na identificação de qualidade e também de defeitos, como fissuras na casca, excesso de olhaduras etc.
Um dos momentos mais emocionantes do final de semana foi a cerimônia da Guilde Internationale des Fromagers. A queijeira Claire Perrinel, que percorreu a França de bicicleta em 2017 para visitar mais de 60 produtores, foi entronizada na Guilde, como reconhecimento da sua aventura.
Pascal Fauville, da loja À Table, na Belgica. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager
“Sabemos que uma medalha pode aumentar até 20% nas vendas de um produto, mas mais importante do que dar nota ou medalha, os comentários sobre os queijos ajudam os produtores a melhorar os produtos, esse é o verdadeiro motivo da existência de um concurso” disse Roland Barthélemy, presidente da Guilde Internationale de Fromagers e presidente do concurso.
Muitos tons de queijos azuis! FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager
Queijo com ácaros, embora a casca tenha sido bem trabalhada, a massa mostra que o queijo é bem jovem: apenas um mês! FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager
Depois do concurso todos os queijos foram oferecidos para o público presente… FOTO: Arnaud Sperat Czar/Profession Fromager
Queijo aromatizado com tomate e basilicão e curado com casca de mucor. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager
Mais informações:
Guilde Internationale des Fromagers
As informações são do blog Só Queijo, de Débora Pereira, para o Paladar, do Estadão.