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Capital Investido na Produção de Leite

POR SEBASTIÃO TEIXEIRA GOMES

ESPAÇO ABERTO

EM 09/02/2005

2 MIN DE LEITURA

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Um ponto que deve merecer atenção do produtor de leite diz respeito ao capital investido na atividade leiteira. Em geral, o estoque de capital investido em terras, benfeitorias, máquinas e animais é elevado. Em razão de a produção de leite da maioria dos produtores ser pequena, a relação capital investido/litros de leite é muito alta, com graves conseqüências nas contas do produtor.

Como o estoque de capital é elevado e a produção é pequena, o que sobra da diferença entre a receita e o custeio é pouco para pagar o "aluguel" do capital investido. Em outras palavras, a taxa de remuneração do capital investido é baixa.

Além da quantidade do capital investido, outro ponto também importante diz respeito à liquidez deste capital. Enquanto o capital empatado em animais é facilmente transformado em dinheiro (tem alta liquidez), o capital em benfeitorias tem pouca ou nenhuma liquidez. A liquidez do capital em máquinas ocorre com significativa diferença entre o preço de compra e o de venda, com prejuízos para o produtor. A liquidez do capital em terras, em geral, não é imediata, em razão do alto capital empatado. Em resumo, o capital investido na produção de leite é elevado e de baixa liquidez, à exceção de animais. Tais características ajudam a explicar a permanência de alguns produtores na atividade, mesmo com pequeno lucro, visto que a saída implica pesados prejuízos.

"A baixa liquidez dos investimentos ajuda a explicar a permanência de produtores na atividade, mesmo com pequeno lucro"

Os dados da Tabela 1 referem-se a uma amostra de 229 produtores, cujos custos anuais de produção foram fechados em dezembro de 2004, e confirmam os argumentos apresentados anteriormente. São dados dos produtores do Projeto Educampo, coordenado pelo Sebrae-Minas, em parceria com laticínios que participam do Projeto.

Além do alto capital investido e da baixa liquidez, outro ponto que chama a atenção nos dados da Tabela 1 refere-se à queda da relação capital/produção de leite, à medida que aumenta a quantidade produzida. O capital investido em terras, benfeitorias, máquinas e animais dividido pela produção diária de leite reduziu 74%, quando comparado o primeiro estrato (R$ 2084,00) com o último (R$ 538,00). Isso significa que a taxa de remuneração do capital do grande produtor (6,03%) é, consideravelmente, maior que a do pequeno (2,80%).

A sobra de recursos financeiros para pagar o "aluguel" da própria fazenda ou a remuneração do capital investido, tem implicações na conservação das benfeitorias e máquinas e na manutenção da fertilidade da terra. Quando isto não acontece, ocorre o empobrecimento do produtor, muitas vezes um processo lento e pouco visível, porém importante para a sua sobrevivência, no longo prazo.

Todos os argumentos apresentados sinalizam a importância de aumentar o volume de produção de leite como estratégia de tornar o negócio mais atrativo. É ilusório pensar que a produção de leite seja um bom negócio com pequeno volume de produção, ainda que com baixos custos/litro e com alta produtividade.

Tabela 1 - Capital investido na atividade leiteira, produção de leite e taxa de remuneração do capital dos participantes do Educampo, em Minas Gerais, em 2004


Fonte: Central de Processamento de Dados do Educampo.

Nota: Capital investido em terras, benfeitorias, máquinas e animais.

SEBASTIÃO TEIXEIRA GOMES

Professor Titular da Universidade Federal de Viçosa

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JOSÉ JOAQUIM OTAVIANO PIMENTEL

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/02/2005

Análise extremamente correta e pertinente para o momento. Parabenizo principalmente a afirmação que diz que a produtividade não é sinônimo de lucratividade.

Economicamente falando, quanto maior a escala, maior o lucro, dentro da lógica assumida que sobrará mais dinheiro para remunerar o capital empatado.

Eu diria que depende.

Se os custos operacionais não estiverem sendo cobertos, quanto maior a escala, maior será o prejuízo.

Corroborando com este ponto de vista, assistimos nos últimos anos a falência de vários sistemas de produção onde os custos operacionais não estavam sendo cobertos pela receita total, inclusive em fazendas trabalhando com alta produtividade por animal e por área. Vários empresários que se enveredaram na produção de leite amargaram forte prejuízo. Possivelmente escolheram o modelo de produção inadequado para o mercado onde estavam inseridos.

Obrigado
ALOISIO T. GOMES

OUTRO - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 14/02/2005

Muito bom e ilustrativo o artigo do Sebastião. Serve como alerta para muitos produtores e técnicos que fazem análises incompletas sobre a empresa leiteira, para concluirem sobre sua eficiência. E o pior, além de incompletas, é comum se ver interpretações equivocadas sobre indicadores isolados ou parciais, para explicar o sucesso da atividade leiteira. As vezes analisam simplesmente índices de produtividade física ou a renda bruta, ou ainda, apenas o custo de produção, na maioria das vezes erroneamente calculado, para "sacarem" algumas conclusões que pouco ou nada ajudam aos produtores.

Na verdade, como bem disse o Sebastião, o que importa mesmo é quanto que sobrou no final do ano para remunerar o capital que está lá preso para tocar todo o sistema produtivo.

Como mostrado no artigo, em geral este capital é alto e a situação se complica, em muitos casos, ao se relacionar o valor do resíduo finaceiro ou a sobra anual, com o valor do investimento. Daí se calcula o percentual de remuneração do capital.

Este percentual sendo abaixo ou acima, eu diria de 6 a 8% ao ano, ao longo dos anos, faz o "divisor de águas" entre os produtores que estão perdendo e os produtores que estão ganhando com o empreendimento leiteiro. Define o sucesso.

Com estes comentários tenho o único objetivo de enfatizar, ainda mais, uma importamtíssima questão que o artigo nos mostrou.

Para finalizar, se ao chegar numa fazenda leiteira eu tivesse o direito de fazer uma única pergunta para ao fazendeiro, esta seria: "Qual o percentual médio que seu capital tem sido remunerado nos últimos anos?" Se me fosse dada mais uma chance, eu tentaria ver como se chegou a este percentual.

Aloisio Teixeira Gomes
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/02/2005

Ótima análise, Sebastião. Responde aos que definiram o custo de R$ 0,54/L como "alto e muito alto" (alegando a prática de preços mais baixos que este custo em algumas regiões), o porquê de alguns produtores sobreviverem (mal) recebendo preços inferiores ao custo real total da atividade.

Não é incomum a hipótese mencionada e, por alguma razão inexplicável, as pessoas tendem a expor custos de produção menores do que a realidade, como se tivessem algo a ganhar com isso (talvez uma massagem no ego).
De qualquer forma, espero que sua contribuição ajude o setor a entender melhor os conceitos de custo para uniformizarmos a metodologia de cálculo.

Um abraço.

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