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Avaliação e perspectivas do mercado do leite para 2006

ESPAÇO ABERTO

EM 03/01/2006

6 MIN DE LEITURA

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Por Eng.AgrºM.Sc. Ernesto Enio Budke Krug 1

Se analisarmos o ano 2005 ,veremos que começou muito favorável ao leite. O produtor se preparou com novas tecnologias e adequou sua propriedade para uma grande produção. O faturamento da cadeia láctea em 2004 alcançou a R$ 66,3 bilhões. Houve uma recuperação dos preços de 2003 e um pequeno recuo de 6,2 % em 2004. Também em 2004 aconteceu o primeiro superávit da balança comercial com um saldo de U$ 11,4 milhões e o crescimento da produção foi de 5,5% alcançando 23,5 bilhões de litros. Por isso, tudo levava a crer que no ano de 2005 o Brasil teria uma safra fenomenal e uma expectativa de crescimento das exportações. Em resumo, o ano de 2005 teria tudo para dar certo, porém o comportamento do mercado no ano que passou foi muito complicado e comprometeu principalmente o preço do leite no mercado, tendo sido um primeiro semestre excepcional e um segundo, frustrante.

Um mercado complexo

Para melhor entendermos o que se passou, vamos recordar alguns pontos sobre o comportamento do mercado de lácteos em 2005. O ponto positivo foi de que houve um crescimento da produção formal de leite em torno de 15%, e o total do país deverá ficar em torno de 6,5% alcançando quase a casa de 25 bilhões de litros de leite. Um dos elementos a favor foi a expectativa de ampliação do mercado de exportação.

Porém, o consumo nacional manteve-se estacionado, ou seja em torno de 131 litros per capita/ano. Isto significa um nível muito baixo, se compararmos a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS ) que é de 175 litros e ainda bem inferior ao Guia Alimentar do Ministério da Saúde do Brasil que recomenda um consumo per capita de 200 litros. Por outro lado, o crescimento da população brasileira foi de 1,56% ao ano e a queda no crescimento da economia também foi frustrante: o PIB foi 2,6% inferior à média mundial dos países emergentes e bem inferior ao ano de 2004, que foi de 4,9%.

Para tanto, vários fatores influiram no comportamento do leite. Em função da valorização do real em relação ao dólar que foi em torno de 20%, houve uma redução significativa de empresas exportadoras, ou seja mais de 1000 empresas deixaram de vender seus produtos ao exterior. Acrescenta-se o patamar dos juros elevados em torno de 18% ao ano e uma inflação de 5,7%. Tudo isto contribuiu para o crescimento dos estoques brasileiros e afetou a demanda interna no mercado do leite.

Também podemos acrescentar outros fatores como o surgimento da febre aftosa em meados de outubro e a greve dos fiscais do MAPA, atrapalharam as exportações. Tudo isto contribuiu para a queda nos preços pagos aos produtores e no mercado varejista e atacadista.

Outros detalhes também foram importantes para um comportamento avesso do leite: o elevado nível de desemprego; a crise política do mensalão e da corrupção em geral e a diversidade climática no país. Enquanto aqui no sul uma seca atingia a maioria dos produtores, no centro do país excesso de chuvas. Igualmente outro fato foi o crescimento das bebidas lácteas, sucos de soja e outros produtos a base de leite. Em nível industrial, houve a construção de novas plantas industriais e a ampliação do parque industrial brasileiro. E o superávit brasileiro ficou em U$ 44 bilhões, enquanto a cadeia do leite apresenta um superávit de quase U$ 1 milhão, bem inferior a 2004.

Esta junção de fatores influenciou o setor leiteiro do Brasil. Ainda assim, o Brasil exportou em leite e derivados cerca de U$ 112 milhões, com um crescimento de 16,6%.

Como conseqüência, temos um crescimento da produção de leite em torno de 6,5%. No primeiro semestre houve um aumento dos preços pagos aos produtores, ficando em torno de 8,52% e no Rio Grande do Sul tivemos o maior preço médio pago em todo o Brasil: R$ 0,598 por litro, enquanto no Brasil o preço médio ficou, no período, em torno de R$ 0,555. Já no segundo semestre os preços despencaram em torno de 26%, chegando à casa dos R$ 0,480 no período, em nosso país. O superávit foi menor do que 2004, mas ainda aconteceu. Isso foi garantido pelas exportações de grandes empresas, que mesmo com a perda de rentabilidade, exportaram.

Fatos positivos e marcantes

Podemos enumerar alguns fatos importantes que aconteceram em 2005 na cadeia do leite, que trouxeram um novo alento para o leite: o primeiro deles foi a implementação da Instrução Normativa 51,que finalmente dará condições do Brasil ter uma maior qualidade no leite. Mas também temos outro fato positivo que é a manutenção das medidas "antidumping". Igualmente a isenção do PIS/COFINS para o leite, depois de muito suor e pressão junto a Câmara dos Deputados. Em nosso Estado temos três pontos positivos: a criação do PRODELACT (Programa para o Desenvolvimento do Setor Lácteo do RS); implementação do CONSELEITE (Conselho Estadual do Leite) e a vitória do nosso Estado em atrair o 9º Congresso Pan-americano do Leite a realizar-se de 20 a 23 de junho do próximo ano, em Porto Alegre.

Novos desafios

O Brasil em 2006 e anos seguintes terá pela frente alguns desafios que terá que superar: o primeiro deles é a busca de novos mercados nacionais e internacionais, consolidando sua presença constante no mercado internacional. Igualmente terá que ter um marketing institucional para aumentar o consumo de leite. Entre outras medidas propõem-se o aumento das compras de lácteos pelos programas sociais do governo federal, estadual e municipal: absorção dos excedentes sem grandes quedas dos preços pagos e a superação das dificuldades externas como a eliminação dos subsídios dos países exportadores e barreiras impostas por restrições tarifárias e sanitárias. E, por fim, aumentar as exportações como destaque para o equilíbrio do mercado brasileiro e poder continuar crescendo e exportando cada vez mais, como nos últimos dois anos.

O desafio é priorizar o mercado interno ou externo? Hoje 98% da produção ficam no mercado interno e apenas 2% são exportados. E o câmbio será favorável ou não? A realidade é que produtos básicos, com o dólar baixo, ainda dá para exportar, mas os manufaturados, não.

Teremos ainda os juros básicos elevados em torno de 15% a.a. e a inflação deverá ficar em torno de 3,8% ao ano. Como o corte dos subsídios dos países exportadores foi fixado somente no longínquo 2013, o Brasil deverá enfrentar outros desafios como ampliar o consumo para compensar o crescimento da oferta. Temos que mexer na renda básica do brasileiro e fomentar hábitos para o consumo de leite e derivados. Hoje as crianças consomem menos leite que os adultos. Outras três medidas são importantes: controlar as importações de soro para coibir as fraudes e prorrogar a vigência da lista de exceção (TEC) e viabilizar recursos de ECF.

Perspectivas para 2006

Entendemos que o ano deverá ser bom para o leite, por várias razões. Uma delas é que sempre que há eleições ocorre aumento de consumo de leite em função dos programas sociais, mobilizando a indústria e serviços. Com isto deverá haver automaticamente aumento do consumo de leite no mercado interno.

Por outro lado, as exportações do Brasil deverão crescer, pois houve a construção de novas indústrias de laticínios e ampliação de outras, todas voltadas para o mercado externo. Por isto os preços deverão ser mais uniformes ao longo do ano, norteados pelo mercado externo, pela oferta de matéria prima e do comportamento do consumo. A produção deverá crescer em torno de 8% em função da situação das lavouras (commodities) com poucas perspectivas e dos demais fatores já mencionados. Este cenário não se verificará caso o dólar fique abaixo dos R$ 2,40 ou 2,50. Acreditamos que janeiro ainda será um mês de estabilidade nos preços, por causa das férias escolares e excesso de oferta, mas a partir de fevereiro tudo tende a melhorar e esperamos que todos tenhamos aprendido com o que aconteceu nos últimos anos, não se recaindo nos mesmos erros.
______________
1 Presidente da Associação Gaúcha dos Laticinistas (AGL); Professor Titular da FAMV/UPF; Presidente da COOPLIB-Cooperativa dos Profissionais Liberais do Brasil; Diretor da Avipal S.A.

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CARLOS CESAR MASSAMBANI

UMUARAMA - PARANÁ - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 27/01/2006

Muito bom o texto do Dr. Ernesto Krug. Gostaria de acrescentar um dado sobre as expectativas do preço do leite.



Enquanto o leite for visto com desconfiança pelos consumidores ele sempre amargará o baixo preço. A melhor forma de aumentar o consumo é fazer uma campanha a nível nacional retratando as qualidades do produto bem como os diversos benefícios proporcionados pelo consumo de produtos lácteos em geral. Isso trará um aumento de consumo imediato sem precedentes na história e com isso os preços serão reajustados pela própria necessidade do mercado.



Apesar dos problemas ocorridos com a Parmalat, ela nos deixou uma lição quando fez uma brilhante campanha em prol do leite (bichinhos de pelúcia). Não me lembro de ter visto uma campanha tão boa assim nos últimos anos.



Outro fato que me chamou a atenção foi quando a mesma lançou o leite Natura Premium, nesta ocasião tive a oportunidade de conversar com alguns amigos que compravam o produto e falavam muito bem dele, e como sabemos era apenas leite, mas com melhor qualidade e custava mais.



Então, o grande trunfo será promover uma campanha com um bom marketing e com a participação de toda a cadeia produtiva, isso trará um aumento de consumo que nivelará os preços e todos saem ganhando.
ANTONIO CESAR FERREIRA

CAJOBI - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/01/2006

Gostaria de parabenizar o professor Ernesto Krug pela excelente retrospectiva e análise da situação de produção e negócios relacionados aos produtos lácteos. Porém, não posso concordar quando se fala a respeito do dólar. Nós brasileiros achamos que resolveremos tudo se nossa moeda estiver desvalorizada perante o dólar. Eu acho isso um terrível erro, ou, tampar o sol com a peneira. Veja que todos os produtos de supermercados estão mais baratos com o real do jeito que esta.



Então, paramos de nos preocupar com o dólar e vamos nos preocupar em sermos mais eficientes e poder competir internacionalmente com bons preços. Só assim conquistaremos nosso real lugar no mundo dos lácteos. Não é torcendo por nossa moeda se desvalorizar que vamos ser mais eficientes, é sendo mais eficiente na nossa produção de leite com qualidade que conquistaremos nosso espaço. O Brasil tem um grande problema, quando o real valoriza perante o dólar tudo sobe de preço, e também quando o real se desvaloriza perante o dólar tudo também sobe de preço. A queda e subida do dólar servem para enganar a todos nós. Vamos deixar o dólar de lado e trabalhar no sentido da eficiência.

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