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A inflação do leite e os preços recebidos pelos produtores

ESPAÇO ABERTO

EM 16/02/2006

3 MIN DE LEITURA

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Por Edson Alves Novaes 1

Nos últimos anos, temos visto que sempre quando os preços do leite e de seus derivados subiam para os consumidores, a causa principal atribuída pelos demais elos da cadeia era a de que só estariam repassando o aumento de preços da matéria prima. Em outras palavras, os produtores eram os responsáveis pela inflação do leite aos consumidores.

Vários aspectos podem explicar as variações de preços dos diversos produtos e serviços direcionados aos consumidores. A intenção deste artigo não é procurar explicações para o aumento ou queda de preços do leite e derivados aos consumidores, mas apenas tentar entender, porque a maioria das vezes, quando os preços do leite e derivados ao consumidor sobem, as causas apontadas são sempre os aumentos dos preços aos produtores, mas quando os preços dos produtores caem juntamente com os preços do leite e derivados aos consumidores, os produtores não são apontados como os beneficiários desta queda.

Mas do que isso se quer tentar entender porque a queda dos preços repassados aos consumidores (no caso do leite e derivados) tem sido sempre menor (bem menor) do que a queda de preços transferida aos produtores.

Nos vários eventos realizados no Brasil onde se têm discutido o tema leite, dentre os inúmeros aspectos que tem impedido o progresso da pecuária leiteira nacional, o consumo tem constantemente sido apontado como um dos principais empecilhos. A grande justificativa é a falta de renda do consumidor para consumir os produtos lácteos, o hábito de consumo, quando comparado com outros países e a falta de marketing do setor em relação a outros produtos concorrentes, como é o caso dos sucos e refrigerantes.

Voltando ao nosso assunto, uma queda dos preços do leite aos consumidores, naturalmente tenderia ser fator estimulador do consumo, principalmente no caso da população de baixa renda. Fato que poderia enxugar o excedente de leite do mercado e estimular o desenvolvimento da pecuária leiteira.

Analisando em específico a pecuária leiteira goiana, segundo pesquisa realizada pela comissão de leite da FAEG, utilizando dados dos preços recebidos pelos produtores coletados junto a diversos sindicatos rurais do Estado e da variação percentual dos preços do leite e derivados pagos pelos consumidores de Goiânia, medido pelo INPC do IBGE, nota-se que a queda dos preços aos produtores de leite de Goiás no ano passado (2005), foi 8,5 vezes maior do que a queda dos preços do leite e derivados repassados aos consumidores.

Enquanto os preços recebidos pelos produtores goianos caíram 26,60% em média em 2005, os preços do leite e derivados pagos pelos consumidores caíram apenas 3,13% no mesmo período.

Observando a tabela 1, podemos verificar que no caso de alguns produtos, os preços aumentaram para o consumidor goiano, como foi o caso do leite em pó (aumento de 12,49%) e o leite condensado (aumento de 0,64%). No caso das quedas, o produto que teve a maior queda de preços para o consumidor foi o queijo mussarela, que caiu 9,65%.

Todos esperam que uma queda dos preços aos produtores reflita numa queda aos consumidores. Mas em que proporção? Será que é justo os produtores terem tido uma queda de preços pelo leite que entrega, 8,5 vezes maior do que a repassada aos consumidores?

Essa vertiginosa queda de preços aos produtores, somada a um aumento de custos de até 12,73% nos seus insumos, fez com que os produtores de leite goianos tivessem, no ano de 2005, uma perda de renda significativa, o que desestimula o desenvolvimento da atividade.

Segundo a análise da professora Miriam Bacchi (pesquisadora do CEPEA/USP) sobre a variação dos preços do álcool ao consumidor e os preços das usinas (produtor), que menciona a teoria que trata da transmissão de preço entre segmentos do mercado de um produto num cenário competitivo, aponta que preço é mais estável no segmento consumidor do que no produtor, de forma que uma variação percentual no preço ao produtor não é integralmente repassada para o consumidor, tanto numa situação de alta quanto numa de queda de preços.

Não estamos discordando da análise realizada pela Profa. Miriam. No entanto, achamos que no caso do leite, no ano de 2005, as variações foram enormes, pois enquanto os preços recebidos pelos produtores caíram 26,60%, a queda aos consumidores foi de apenas 3,13%. Se os produtores tiveram perda de renda em 2005 e os consumidores não tiveram redução dos preços do leite e derivados que justificasse, na realidade, um aumento do seu poder de compra, a pergunta que fazemos é: Quem está ganhando neste processo?
Tabela 1. Variação dos Preços dos Leite e Derivados medidos pelo INPC do IBGE




______________________________
1 Economista da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás - FAEG

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FERNANDO AFFONSO FERREIRA

ITABUNA - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/03/2006

Edson, gostei muito de seus comentários. Agora gostaria de dar minha opinião sobre o assunto.



Não existe uma relação direta entre o preço ao consumidor de um produto e seu custo de produção. O preço de venda de qualquer produto é sempre o maior possível, contanto que a dona de casa o retire da prateleira dos supermercados, e o preço de compra da matéria-prima de qualquer indústria é o menor possível, com uma pequena preocupação de não matar rapidamente o fornecedor. Eles matam aos poucos.



Sei que é muito difícil, mas não é impossível. Temos alguns bons exemplos. Por sermos muitos produtores, a nossa união é muito difícil. Veja, quando um produtor sai do ramo, ele venda as vacas e outro produtor irá tirar aquele leite que ele não tira mais, pouco de nós matam as vacas na saída da atividade (não estou propondo que nossas vacas sejam abatidas).



Quando nós produtores, abrirmos mãos de vantagens momentâneas e individuais, em favor de uma política para a atividade, iniciaremos uma nova caminhada que será certamente mais rentável.
FERNANDO ANTONIO DE AZEVEDO REIS

ITAJUBÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/02/2006

Durante dez anos que residi em São Paulo, capital, e meu pai produzia leite na região de Itajubá, sul de Minas, todo ano era a mesma coisa. No período das águas, o preço recebido pelo leite produzido despencava brutalmente e o preço de leite e derivados em São Paulo, na maioria das vezes tinham apenas uma ligeira queda. Sendo que algumas marcas de queijo nunca abaixaram o preço. Pergunto, quem ficava com a diferença?
ANTONIO LUIS B.DE LIMA DIAS

MOCOCA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/02/2006

Parabéns pelo artigo senhor Edson, ele foi bem claro, simples e direto.



Concordo plenamente com as suas análises, pois caso a queda do preço do leite fosse pelo menos próxima tanto para o produtor como para o consumidor, com certeza teríamos aumento de consumo.



O exemplo do álcool é bem colocado pelo senhor, o preço melhorou para as usinas e distribuidoras, em contrapartida, o aumento para os consumidores está sendo abusivo e especulativo, que com certeza já estão diminuindo o consumo e voltando a abastecer com gasolina.



O sr. Heleno Guimarães alega na sua carta que não se pode igualar os níveis de preço da matéria prima ( LEITE ) para o produtor e para a indústria.



Só gostaria de lhe perguntar o por que quando o preço do leite para o produtor cai a indústria não pode acompanhar a queda de preço nos seus produtos e em contrapartida, quando os preços do leite para o produtor sobem as indústrias podem repassar os preços para seus produtos?



Podemos notar também pela tabela que os produtos de mais difícil elaboração, como o senhor Heleno mencionou não tiveram queda e sim até um bom aumento, como foi o caso do leite condensado e do leite em pó.



No meu entender estes produtos não caíram, porque utilizam pouco leite em sua composição e sim por falta de mais fabricantes que os deixariam mais competitivos no mercado. Veja o caso da mussarela, com as inúmeras fábricas que temos pelo país teve sua queda de preço bem próxima da queda do preço do leite <i>in natura</i>.





JOSE LUIZ GONÇALVES DE ANDRADE

GURUPI - TOCANTINS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/02/2006

O artigo "Monopólio do leite", do Xico Graziano, mostra as concorrências fajutas ocorridas na Prefeitura de São Paulo nos governos anteriores e corrigidas pelo Serra. Vitória da luta de Jorge Rubez, da Leite Brasil.



Na pecuária de corte, apesar de aumento nas exportações de carne, em valor e quantidade durante o final de 2005 e início de 2006, divulga-se que o mercado interno está abarrotado de carne devido aos embargos pelos países exportadores!



Tente um espaço na mídia televisiva, que é a que penetra nos lares de milhões de brasileiros, para falar de realidades e veja se consegue um minuto sequer? Ela só divulga o que lhe interessa e, os fatos, inúmeras vezes ficam distorcidos. Por isso a coisa não caminha da forma esperada.



Não há necessidade de muitas fórmulas para explicar o óbvio. Se há queda de renda e aumento de custo de um lado, e aumento de preço do outro lado, não condizente com custos e com inflação, pode-se dar o nome que quiser, mas é transferência de renda de um setor para outro.



Tem toda razão o senhor Leonardo Moreira de Souza, precisamos lutar e correr atrás do LUCRO com unhas e dentes. Nossas contas, ninguém as paga.



Parafraseando o senhor Luis Haffers: "Não queremos ser bonzinhos, queremos ser respeitados", para tanto temos de ir à luta.



José Luiz Gonçalves de Andrade

Pecuária - Gurupi (TO)
LEONARDO MOREIRA COSTA DE SOUZA

ESTIVA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/02/2006

Quem ganha é a indústria que mantém sempre preservado o percentual de sua margem e os supermercados que exploram todo o restante da cadeia. Agora, quem perde são sempre os produtores. Aonde chegaremos desta forma?



Já conseguiram inviabilizar novamente a pecuária de leite, pois é impossível produzir leite por menos de R$ 0,60 o litro. Quem faz conta corretamente e considera a necessidade de pelo menos 5% sobre o capital investido, sabe que embora em algumas raríssimas exceções o efeito caixa possa ser positivo, na verdade se tem um super prejuízo no médio prazo.



O resultado disso serão, novamente, as liquidações de plantéis, a redução dos empregos no campo, a redução da renda e o empobrecimento da cadeia. Além disso, novamente está se abrindo espaço para a atuação dos cartéis de indústrias e supermercados, que não são nada bonzinhos e objetivam LUCRO.



Mas, nós produtores ficamos presos ao amor que temos pelos animais e esquecemos que para a sobrevivência neste capitalismo selvagem precisamos é de LUCRO, LUCRO E LUCRO. Senão, tchau rebanho, tchau vacas, etc. Ninguém conseguirá sobreviver e nos países nos quais os produtores já se uniram e gritaram prosseguirão exportando para o Brasil.



Logo, é necessária uma revolução dos produtores, um movimento tipo MST. Senão, não tem jeito, iremos nos contentar com prejuízos e continuar nos enganando.



Onde estão as cooperativas? Estão lutando pelos produtores? Vamos seguir o exemplo do Jorge Rubez e lutar mesmo, enfrentar e acabar com os abusos. Foquemos o LUCRO, LUCRO e LUCRO. Vamos persegui-lo. Vejam as associações dos produtores de álcool, etc.



Vamos nos unir criadores de raças leiteiras. Façamos uma grande associação de raças com foco político. Isto já será o começo. Quem sabe os nossos netos ainda terão um política séria neste setor - se as nossas fazendas ainda persistirem até lá!



Leonardo Moreira C. de Souza

Vice Presidente da Associação dos Criadores de Bovinos da Raça Holandesa de MG
HELENO GUIMARÃES DE CARVALHO

PALMAS - TOCANTINS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/02/2006

Alguns fatores merecem atenção especial, evitando assim a criação de falsos vilões que justifiquem a difícil situação dos produtores de leite do país, pois situações complexas têm sempre soluções complexas e a criação simplista de vilões, é como a ira dos deuses como justificativa para os diversos males que assolaram a humanidade. Assim chamo atenção para o seguinte:



1- Não existe indexação entre preços ao consumidor e preço da matéria prima.



2- A variação de preços ao consumidor, está ligada a variação de preços dos diversos itens que formam a cesta que compõe o preço final dos produtos.



3- Conforme pode ser visualizado na tabela, os produtos com maior valor agregado sofrem menor variação de preço ao consumidor que os de menor valor agregado, pois os produtos mais elaborados tem mais itens formadores do preço final, assim a participação do preço do leite na formação do preço final da mussarela é diferente da participação no preço final do iogurte e da sobremesa láctea.



4- Os produtos mais elaborados como sobremesas e iogurtes quase sempre são produzidos por empresas de maior porte, portanto com maior poder de barganha no mercado.



5- É um grande erro fazer este tipo de comparação, pois em alguns produtos a participação da matéria na formação do preço do produto final é infinitamente menor que os demais itens, assim a oscilação do preço da matéria-prima tem pequena influência na formação do preço final.



6- Esta idéia da indexação se formou em função dos tabelamentos de preços que foram praticados no passado, pois os mesmos estabeleciam margens fixas aos diversos elos da cadeia produtiva.



7- Assim qualquer empresa que trabalhe com o beneficiamento de leite, que tivesse indexado os preços de seus produtos ao da matéria-prima, já estaria a muito tempo fora do mercado, pois como comprovam as estatísticas o poder de troca do leite <i>in natura</i> se deteriorou de forma vertiginosa nos últimos anos.



Espero assim colaborar na resposta do enigma criado pelo Dr. Edson.

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