Uma expressiva queda nos preços internacionais dos principais derivados lácteos ocorreu no último leilão da plataforma Global Dairy Trade, realizado hoje (01/08). Na 337ª edição do evento, o preço médio passou por uma queda de 4,3%, chegando a US$ 3.100/tonelada, o menor valor observado desde dezembro de 2020, como mostra o gráfico 1.
Gráfico 1. Preço médio leilão GDT
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2023.
A queda observada foi obtida em todas as principais categorias de derivados acompanhadas, tendo como destaque o leite em pó integral, que chegou ao menor valor negociado desde julho de 2020, atingindo o preço médio de US$ 2.864/tonelada, passando assim por uma queda de 8,0% em relação ao evento anterior.
Com exceção da manteiga, as demais categorias, englobando queijos e leite em pó desnatado, atingiram o menor patamar de 2023 neste último evento. Os queijos foram negociados em média por US$ 3.910/tonelada, enquanto o leite em pó desnatado ficou com o preço médio de US$ 2.454/tonelada, com ambos passando por uma variação de -1,4%. Já sobre a manteiga, apesar de não ter atingido o menor patamar de 2023, sua variação também foi negativa, em -0,7%, sendo negociada na média de US$ 4.680.
Confira na Tabela 1 o preço médio dos derivados após a finalização do evento e a variação em relação ao evento anterior.
Tabela 1. Preço e variação do índice dos produtos negociados no leilão GDT em 01/08/2023.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2023.
Com isso, o volume total negociado continuou passando por avanço. Com um total de 32.613 toneladas negociadas, o 337º leilão encerrou com o maior volume dos últimos 14 eventos, enfrentando uma variação de 25,6% em relação ao evento anterior, como pode ser observado no gráfico 2.
Gráfico 2. Volumes negociados nos eventos do leilão GDT.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2023.
Em relação aos futuros do leite em pó integral negociados na Bolsa de Valores da Nova Zelândia, os contratos com vencimento mais próximos, como setembro e outubro, seguiram passando por novos reajustes negativos, enquanto os contratos mais longos apresentaram uma sutil recuperação em relação ao seu valor de quatro semanas atrás, entretanto, os valores seguiram em um patamar considerado ainda baixo, como mostra o gráfico 3.
Gráfico 3. Contratos futuros de leite em pó integral (NZX Futures).
Fonte: NZX Futures, elaborado pelo MilkPoint Mercado, 2023.
O principal fator em relação a essas novas queda segue sendo a demanda chinesa, que continua retraída e se afastando das compras. Com uma queda de 30% nas importações chinesas de leite em pó em relação ao mesmo período de 2022, o mercado segue refletindo essa retração na demanda do maior comprador mundial. Além das quedas nas importações, indicadores econômicos que não favorecem um fortalecimento do consumo interno e a maior produção interna de leite em pó auxiliam neste cenário de expectativas pessimistas para a demanda global de lácteos.
Por outro lado, a oferta global de leite vem crescendo. Mesmo que esse avanço seja pequeno, importantes mercados exportadores de leite, como Estados Unidos, União Europeia e Nova Zelândia vêm apresentando crescimento anual de suas produções de leite.
E como os resultados do leilão GDT afetam o mercado brasileiro?
Bom destacar que, apesar de o GDT ser o principal balizador de preços de lácteos do mundo, nos últimos meses os nossos principais fornecedores de lácteos para importações (Argentina e Uruguai) continuam praticando preços bem superiores aos do GDT, em função da Tarifa Externa Comum (TEC) de 28% para importações de fora do Mercosul.
Nesse cenário, de preços internacionais em baixa, as empresas exportadoras de lácteos do Mercosul devem seguir priorizando os envios ao Brasil (que vem pagando preços superiores aos de outros mercados). E com os preços no Brasil também recuando, o valor de venda dos lácteos do Mercosul também devem continuar diminuindo, mantendo a competividade de preços frente ao mercado interno brasileiro.
Além disso, Argentina e Uruguai iniciam o período de crescimento sazonal de suas produções de leite, acarretando em aumento da disponibilidade para novas vendas.