O iogurte grego tinha se tornado uma grande tendência de mercado quando os primos cariocas Enrico Leta e Patrick Urbano decidiram lançar a Yorgus, em meados de 2014. A marca “clean label” (sem ingredientes artificiais e 100% natural) é irmã da Vitalatte, que produz queijos desde 2008. “O movimento ‘clean label’ é uma tendência irreversível. No momento em que as pessoas começam a se conscientizar do que estão colocando para dentro do corpo, não há volta”, diz Leta em entrevista exclusiva à Forbes Taste.
A fabricação começou em um pequeno espaço dentro da linha de produção de queijos, mas se expandiu. Hoje, o negócio de iogurte grego cresce 140% ao ano e tem 23 produtos em cinco diferentes linhas. Com a demanda, a empresa vai investir R$ 20 milhões em cinco anos, via linha de crédito, para quadruplicar a capacidade produtiva. “Nossa estratégia de crescimento é inovar. Temos um pipeline de lançamentos sempre cheio e queremos continuar inovando”, conta Leta, adiantando que a Yorgus prepara outro lançamento para o próximo mês, sem dar detalhes. “No fim do ano passado, lançamos o primeiro e-commerce de iogurte do país. Tínhamos demanda de consumidores que queriam comprar direto, e a onda dos ‘direct consumer’ tem explodido nos EUA. Fizemos piloto em São Paulo em agosto, que funcionou muito bem. Já abrimos para o Rio e vamos expandir para Vitória.”
No plano de crescimento, está também o aumento da distribuição, dos 4.000 pontos de venda atuais para 10 mil em dois anos.
Tanto sucesso – que agrada inclusive nutricionistas – vem da qualidade do produto (que pode custar o dobro do preço de um iogurte grego de grandes laticínios, como Vigor e Batavo, nas prateleiras do supermercado). O iogurte da Yorgus é dessorado, mais consistente e proteico, dispensando o uso de concentrados de proteína, espessantes e açúcar. “Quando lançamos, era o iogurte com maior teor de proteína do mercado. Tínhamos 15 g, e o segundo tinha 6 g. Ficamos quase três anos sem nenhum concorrente”, diz ele, contando que a concorrência começou a adicionar whey aos produtos para atingir altos valores proteicos. “Minha briga não é na proteína, é na lista de ingredientes. Já há marcas assim, e eu acho muito positivo elevar a qualidade da categoria. No último ano, grandes laticínios têm investido nos proteicos e a maneira de nos diferenciar é comunicar que somos ‘clean label’”, afirma.
Uma das novidades da Yorgus é o duo com mixers diferentes
A marca tem também cuidado com a cadeia produtiva e controla a origem da matéria-prima. “Há uma parceria com uma cooperativa de leite de Valença no interior do Rio [onde fica a fábrica]. São 300 fazendas com perfil familiar e produção de cerca 200 litros por dia, com vacas livres e criadas a pasto”, pontua, acrescentando que as “vacas têm até nome”. “Do mesmo jeito que nós somos o que comemos, as vacas são também. É um leite de qualidade, temos acompanhamento de veterinários e fomos o primeiro laticínio a falar que temos ‘leite de vacas alimentadas a pasto’, o chamado ‘grass fed’, movimento muito forte nos EUA. O impacto disso na qualidade do produto é enorme.”
A Vitalatte Yorgus atualmente é de médio porte, com processamento diário de 40 mil litros. Por não usar conservantes (inclusive nos queijos), a logística (de distribuição nacional) precisa ser afinada, e o produto ser sempre fresco, algo que não parece um desafio para Leta e, sim, uma realização. “Queremos mostrar que a indústria consegue produzir em larga escala um alimento ‘clean label’”, comenta. Sobre a possibilidade de rodadas de investimento e uma possível venda, Leta é categórico. “Não criamos nosso negócio para vender. Nossa missão é impactar a alimentação dos brasileiros. E hoje temos conseguido atingir essa missão”, finaliza.
As informações são da Forbes.