Vale a pena ler de novo: O ciclo de três anos dos preços das commodities lácteas
Na semana passada, um interessante debate iniciou-se a partir da matéria "RS: Pressão por reajuste no preço do leite no varejo". Durante o debate dos comentários, Wagner Beskow, do Rio Grande do Sul, relembrou um texto escrito por ele e publicado no MilkPoint em 2010, em que explica "O ciclo de três anos dos preços das commodities lácteas". Vale a pena ler de novo!
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Wagner Beskow, do Rio Grande do Sul, começou um debate interessante com os demais leitores, em que pontuou:
"Ninguém absorve custos porque quer e sim quando não consegue repassar.
O fato é que os laticínios estão numa sinuca de bico: por um lado não podem perder produtores, porque menor escala só piora as margens. Por outro, não conseguem impor preços num mercado dominado por mega-redes que transformaram atacado, varejo e importação numa coisa só. Estes últimos, enquanto tiverem leite mais barato lá fora não vão aumentar preços nas gôndolas. Isso é lógico e nem se quer pode ser repreendido. É do mercado! Ou seja: temos custos altos no campo sim e subindo, mas tem gente lá fora que consegue fazer chegar aqui por menos. Enquanto isso acontecer e não apelarmos para o protecionismo, só nos resta fazer o dever de casa melhor.
"Ah é dumping!" Não é! Não há dumping num cenário econômico de países estagnados e endividados. Pode haver, sim, triangulação via Mercosul, só que é difícil provar. Mesmo assim ela só burla uma proteção artificial nossa. A solução é o dever de casa mesmo (fazer mais, melhor e mais barato), por mais amargo que seja engolir essa. Nossa história de protecionismo é antiga e nefasta, responsável pela politicagem do setor e pela impotência do produtor. Está na hora de varrer as hienas que se perpetuam defendendo protecionismo e usar a cabeça. Isso é um jogo de xadrez. Não se ganha no grito nem a tapas, nem chorando.
Em abril passado, no Interleite Sul, quando eu alertei de que esse cenário era só uma questão de tempo, fiquei com a sensação de que ninguém entendeu."
Ainda, em um segundo comentário, relembrou um texto escrito por ele e publicado no MilkPoint em 2010, em que explica "O ciclo de três anos dos preços das commodities lácteas". Buscamos esse artigo e acreditamos ser uma interessante leitura por se tratar de um comportamento de mercado que se repete e que possa nos desvendar alguns questionamentos atuais. Leia na íntegra clicando aqui.
Equipe MilkPoint.
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NOVA OLÍMPIA - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 08/10/2012
CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO
EM 05/10/2012
Tu tens toda a razão. A rotina do leite é árdua; as pessoas dedicam longas horas a ela, muitas melhorias tecnicamente recomendadas ainda complicam mais ainda essa rotina; o período atual é difícil e, para muitos, até desesperador.
Porém, me permita algumas ponderações:
1) Não sou economista, sou Eng. Agrônomo com 20 anos de atuação na área, ajudando MUITOS produtores a ganharem MUITO dinheiro (não sou um teórico "detrás do computador" como julgaste);
2) O "fazer mais, melhor e mais barato" é desafio de toda a cadeia, inclusive indústria e governos mun./est./federal (colocaste o chapéu sozinho, mas é para todos nós);
3) Não há uma propriedade igual a outra e não há uma única fórmula de produzir leite. Acredito, sim, que as contas não fecham na tua propriedade. Conheço algumas em que o custo supera R$1,00/L, é fato e é indiscutível. Só que tem outras, num sistema bolado para dar lucro (sem medo de ser diferente), concebido para nossas condições de Brasil (falo aqui do Sul) onde o custo operacional (gastos + depreciação) hoje (momento de alta nos insumos) está em R$0,55/L.
4) Se te permitires entender o que eu disse, de mente aberta, verás oportunidade ao invés de te sentires agredido como parece ter sido o caso.
5) Se isso ameniza tua dor, neste instante, nos EUA, há produtores inadimplentes, produtores quebrando, largando a atividade, e alguns inclusive (e infelizmente) até cometendo suicídio. Só que eu descobri e demonstrei que isso ocorre a cada 3 anos, meu caro. Está mapeado, leia os artigos que escrevi e entenderá por quê.
Por outro lado, tanto aqui no RS como na NZ, tem produtores ganhando dinheiro (margens superiores a R$0,10/L) neste momento de crise, de fundo do poço. São produtores que obtém mais de R$0,25/L de margem líquida na alta (em alguns casos chega a R$0,40/L).
Chorar faz parte, mas a gente sai disso usando a cabeça, não se matando de trabalhar. Trabalhar mais e mais duro fazendo algo que se quer demonstrar que não dá lucro, para mim é autoflagelo.
"Mais, melhor, mais inteligentemente e menos apaixonadamente" é a fórmula que vai tirar você e outros tantos dessa situação. Também posso te mostrar propriedades ganhando muito dinheiro neste instante. Queres vir aqui ver? Só que como para mim isso é o meu trabalho, não seria de graça.

NOVA OLÍMPIA - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 01/10/2012
FALTA DE RESPEITO E RESPONSABILIDADE COM O SETOR, É A MINHA OPINIÃO. Agora vem falar que economista não entende nosso setor? Eu explico de forma bem simplista. AS CONTAS NÃO FECHAM (RECEITA - DESPESA) NO LEITE SE CHAMA " PREJUÍZO". Deixo um convite de porteiras abertas a qualquer economista para vir aqui fazer as contas fecharem.

GUARAPUAVA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 27/09/2012
Sou produtor de Leite no Interior do Paraná e tbm trabalho com comercio Exterior.
Acredito que esta medida do Governo Federal deveria tbm alcançar produtos derivados de leite que estão sendo importados de nossos vizinhos Argentinos e Uruguaios mais baratos e impedindo um reajuste nos preços pagos aos produtores que tiveram um aumento significativo no custo de produção devido ao aumento de preço da Soja e Milho.
Cade nossos representantes no Governo?????

SERTÃOZINHO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO
EM 26/09/2012
Alguém acha que teríamos internet e telefonia móvel da forma que temos hoje se o governo não tivesse aberto o mercado?
Teríamos carros se a montadora internacional não tivesse atuante?
Teríamos economia solida se tivesse continuado com aquelas manobras politicas de 1980?

CHAPECÓ - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 26/09/2012

SALVADOR DAS MISSÕES - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 26/09/2012
Minha sincera opinião: acredito haver uma grande injustiça e uma concorrência desigual entre produtores brasileiros e de outros países, pois nestes paga-se de 30 a 40 % a menos em todos os insumos e maquinários necessários para a produção (e não só no leite), menos impostos em toda a cadeia, menos burocracia, combustíveis, energia elétrica, medicamentos, fertilizantes, etc, etc, etc,...
Por isso, acredito sim que seja necessário o governo lançar mão de medidas que diminuam estas diferenças, e que não são de "protecionismo" não, mas sim medidas extremamente necessárias para evitar que muitos produtores saiam da atividade leiteira e partam para outra, como muito bem relatou o colega Amaurik, por pura CONCORRÊNCIA DESLEAL com produtores de outros países.
É nitida a evolução que nossa produção leiteira nacional tem alcançado nos últimos anos, e concordo plenamente que precisamos avançar muito mais em várias áreas, inclusive a indústria, para diminuir a ociosidade de suas plantas, por exemplo, por baixa escala, o que aumenta sobremaneira seus custos fixos.
Mas pergunto: como poderemos competir em preços finais similares se os custos de produção são tão diferentes. Que milagre teremos que fazer? Que tecnologia teremos que usar para ultrapassar nossos concorrentes na eficiência e compensar a diferença dos custos de insumos,...???
Se nada for feito, passaremos todos a consumir o horrível leite de soja...
Abraços a todos!!

PASSA TEMPO - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS
EM 26/09/2012
Os custos estão subindo porque a escala esta diminuindo pela entressafra e também pela perca de produtores para outras atividades. E como foi dito neste artigo o mercado de derivados não reage por causa das importações.
O que fazer?

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 25/09/2012
" O economista pode migrar facilmente de uma atividade produtiva para outra. Por exemplo, é possível trabalhar com milho e, em outro momento, se dedicar à florestas, ou a serviços de saúde, construção civil ou turismo. Em todas as áreas cabem os pressupostos da ciência econômica. Esta mobilidade é uma virtude da profissão. Em função disso, ao longo de sua vida profissional, o economista agrícola trabalha com diferentes produtos. Todavia, no meu curso de Mestrado em Economia Rural, na Universidade Federal de Viçosa, fui aconselhado por um professor a não desenvolver a dissertação sobre leite. Segundo este professor há uma maldição com o leite, pois quem trabalha com o produto passa a vida inteira somente analisando este produto. "Leite é o cemitério dos economistas", ele me disse. (...) Estudar um setor que tem gráficos típicos de um eletrocardiograma não tem graça. Mas, conviver com gráficos tão estranhos como estes apresentados aqui estimulam qualquer economista. Eles sinalizam que o setor como um todo é frágil e tem um nível muito baixo de organização" ( Paulo Martins - Doutor em Economia Aplicada - Pesquisador da Embrapa Gado de Leite)
Queria ressaltar que mesmo os produtores extremamente tecnificados, que investem pesado em tecnologia, melhoramento genetico, conforto animal, com animais de alta produção, também passam por dificuldades para fechar as contas ao contrário que faz crer o autor. Como vamos fazer "fazer mais, melhor e mais mais barato" com insumos que chegam a 100% de valorização em menos de um ano? Com pesados encargos trabalhistas, aliados a sérios problemas com a mão de obra disponível. Ressalto que nem todos os produtores de leite tem áreas ou mesmo expertise para fazer silagem em sua propriedade e conta-se nos dedos aqueles que tem condições de fazer integração com sua lavoura e/ou agroindústria diluindo assim de maneira exponencial seus custos.
Suinocultores e Avicultores tem sido mais ouvidos que os produtores de leite, porque são bem mais organizados e tem entidades que realmente defendem e lutam por seus interesses, ao contrário do nosso setor. Quanto ao protecionismo há momentos em que ele é necessário para evitar o colapso de uma cadeia produtiva que gera mais 3 milhões de empregos diretos. Cumpre ressaltar que paises desenvolvidos culturalmente e economicamente lançam mão deste instrumento e o próprio governo brasileiro o faz para proteger outros setores da economia como o automotivo, textil, dentre outros. É preciso que o governo limite as importações de leite do Mercosul. Outro ponto é a liberação para mais Estados produtores de leite, dos estoques de milho, e também de farelo de soja da Conab aos preços que foram adquiridos.
Não obstante as várias teorias o que fica para o produtor é a triste realidade atual e a falta de perspectivas e incentivos.