Uruguai: mirando cada vez mais o mercado lácteo externo

A principal característica do setor lácteo uruguaio é que vem tornando-se cada vez mais exportador. O país tem aumentado sua produtividade devido aos maiores níveis de tecnificação nas fazendas leiteiras, e assim, as indústrias veêm como oportunidade o mercado externo.

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A principal característica do setor lácteo uruguaio é que vem tornando-se cada vez mais exportador. O país tem aumentado sua produtividade devido aos maiores níveis de tecnificação nas fazendas leiteiras, e assim, as indústrias tem se voltado ao exterior.

No ano passado, a captação de leite pelas indústrias processadoras foi recorde com 1,843 bilhão de litros, de acordo com dados da Direção de Estatísticas Agropecuárias (DIEA) do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca. Esse volume foi 291 milhões de litros a mais que em 2010 (18,8% de aumento). As exportações de produtos lácteos, convertidas em litros de leite, totalizaram 1,302 bilhão de litros, 189 milhões de litros a mais que no ano anterior (17% a mais).

"Uma vez o mercado interno saturado, o setor vem se dedicando para que todo o aumento na captação das indústrias seja canalizado ao exterior", disse o diretor da DIEA, Alfredo Hernández. "Somos cada vez mais exportadores".

Ainda, a situação se vê potencializada por dois anos de crescimento na produção de leite acima da média histórica. Aumentos anuais históricos de não mais de 10%, nos últimos tempos foram de 15% e 20%.

"O aumento de excedente na captação tem feito com que as indústrias invistam em industrialização para absorver esse crescimento", disse o presidente da cooperativa de lácteos Calcar, Luis Dumestre. O secretario da Calcar, Vetura Rébori, disse que "é impossível" que o consumo interno absorva essa expansão. "Tudo o que for crescimento tem como destino final a exportação".

A Cooperativa Nacional de Produtores de Leite do Uruguai (Conaprole), empresa líder de mercado, possui 2.000 produtores. Em proporção, 73% do leite vai para o mercado internacional e 27% fica no mercado interno. Se essa relação for medida em dólares, 56% do faturamento corresponde ao primeiro e 44% ao segundo. Isso porque os produtos exportados têm menor valor agregado. Segundo Hernández, não é fácil competir no exterior com produtos de maior valor agregado. "Pode-se transportar sem muito problema leite em pó em um barco, mas não iogurte".

Os produtos mais exportados no ano passado foram leite em pó, queijos e leite longa vida.

No caso da empresa Claldy, com sede em Young, é similar ao do resto das indústrias do setor: do leite que entra na planta, 60% termina no exterior e 40% no mercado nacional. "Há uma tendência de aumentar a participação no mercado externo, porque o mercado interno está bem atendido, para não dizer saturado", disse o gerente geral, Erwin Bachman.

Uma empresa láctea que vai um pouco contra a corrente é a Granja Pocha, que tem sua planta de processamento em Juan Lacaze. "Estamos reduzindo as exportações, porque temos focado no mercado interno", disse seu presidente, Edgardo Villanueva. Hoje, a empresa não exporta mais de 10% do que produz. Apesar dessa situação particular, Villanueva reconhece o fenômeno global que vem ocorrendo. "O Uruguai tem muito mais oferta do que demanda interna".

Os principais destinos dos lácteos uruguaios são Brasil, Venezuela, México e Cuba, de acordo com Henández. Apesar do Uruguai exportar a mais de 50 países, alguns tem certas vantagens, tornando-se mais atrativos.

"Com a Venezuela, claramente há uma vantagem, não somente porque tem dinheiro nesse momento e é deficitária em lácteos, mas também porque tem um vínculo político importante com o Uruguai", disse ele. O consultor privado, Juan Peyrou, explicou que a maioria do leite em pó é vendida ao Brasil e os queijos à Venezuela.

Para os industriais, os preços que a Venezuela está pagando hoje são tentadores, mas apostar forte nesse mercado pode ter suas desvantagens. A Calcar disse que a Venezuela é seu principal mercado há alguns anos, tanto em volume como em faturamento. "Isso leva a ter certos riscos ao depender basicamente de um mercado", disse o presidente da empresa. Ele disse que "sempre" estão buscando novos mercados, "mas trabalham com valores muito diferentes ao que hoje se negocia com a Venezuela".

Bachman também citou a intensa dependência da Venezuela, que "está pagando preços acima da média internacional. Hoje, o setor lácteo é super Venezuela-dependente".

Para enfrentar a maior produtividade, consequência da maior eficiência por hectare e por animal, as indústrias de lácteos devem adaptar-se para receber maiores volumes de leite. Cabrera disse que o crescimento do setor leiteiro nacional "obrigou a cooperativa a fazer investimentos importantes para receber todo o leite de seus produtores". Rébori, por sua vez, disse que o Uruguai está "transbordando de leite". As indústrias estão preocupadas pela falta de capacidade de processamento. Por esse motivo, a empresa está realizando investimentos para aumentar os volumes que pode processar.

A reportagem é do El Observador, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
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