Uruguai aproveita oportunidades e bate recordes de produção e exportações

O Uruguai tem aproveitado as oportunidades mundiais e batido recordes no crescimento da produção e exportação de lácteos. O país deverá cumprir com seu plano de crescimento de longo prazo. Para esse ano, o que preocupa é a debilidade no mercado mundial e a alta nos custos.

Publicado por: MilkPoint

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O Uruguai tem aproveitado as oportunidades mundiais e rompido recordes no crescimento da produção e exportação de lácteos. Com um preço ao produtor que hoje está em torno de US$ 0,40 por litro, o país deverá cumprir com seu plano de crescimento de longo prazo. Para esse ano, o que preocupa é a debilidade no mercado mundial e a alta nos custos.

Durante o ano passado, o Uruguai deve ter sido o país que mais cresceu em sua captação de leite a nível mundial, superando em 20% o obtido durante 2010. Paralelamente, seu desempenho exportador também se destacou. Com uma participação histórica de 70% de sua captação nacional no mercado externo, as exportações de lácteos cresceram quase 32%, alcançando os US$ 694 milhões. Comparando-se com o desempenho exportador de 2009, o aumento é notável: em dois anos, quase duplicaram as vendas (+87,5%). A tendência continua. A indústria exportou 35.907 toneladas de lácteos durante os dois primeiros meses de 2012, o que representa um aumento de 77% com relação ao mesmo período de 2011, destacando-se o leite em pó desnatado, onde o volume exportado aumentou em 151%, enquanto as vendas de leite em pó integral cresceram em 15%, com 8.115 toneladas. Porém, não somente o volume exportado foi maior, mas também, aumentaram os valores obtidos e os produtos do Uruguai puderam seguir se valorizando.

Inclusive, em matéria de preços ao produtor, parecem estar um escalão acima dos argentinos. Com valores médios de US$ 0,40 por litro, os uruguaios recebem uma margem que lhes permite impulsionar a produção. Além disso, segundo dados estatísticos divulgados pelo Instituto Nacional de Leite (Inale), a tendência do preço segue firme: durante janeiro passado, aumentou em 9% em dólares e em 7% em moeda nacional com relação ao mesmo período de 2011. Recordemos que o Uruguai registrou em 2010 uma inflação de 6,93% e em 2011, de 8,6%.

Paralelamente, também se registrou um aumento de um ponto percentual na participação do preço do leite ao produtor sobre o total de venda da indústria com relação ao mês anterior, o que significa que, em média, a indústria transferiu aos produtores 74% de seus rendimentos totais, considerando tanto o mercado interno como as exportações.

Esses altos desempenhos produtivos e comerciais foram obtidos em um cenário ótimo, tanto do ponto de vista jurídico, como financeiro, possibilitando a aquisição de tecnologia e uma tendência à intensificação dos sistemas. A conjuntura favorável de preços aos produtores permitiu ter margens aceitáveis e regulares que têm incentivado os produtores a fazer investimentos de todo tipo.

É evidente que os produtores vêm com muita força e estímulos para ter outro ano com um crescimento muito bom. "O aumento da produção de leite está ocorrendo por uma maior eficiência na produção individual, já que o estoque de animais praticamente não variou", disse o responsável pela área de informação e estudos econômicos do Inale, Gabriel Bagnato. "Sem dúvida, as relações de preços permitem agora a possibilidade de dar concentrado, o que por sua vez também influi no aumento dos custos. Porém, não nos esqueçamos que a tendência é dar mais concentrados, mas com base pastoril, não confinando as vacas".

Ainda que pareceria quase uma utopia pensar em igualar o desempenho do ano passado, as pessoas que são referência do setor estão convencidas de que será igualmente excelente. De fato, durante janeiro e fevereiro, a captação superou em 20% os mesmos meses do ano anterior.

No Uruguai, a indústria está fortemente concentrada - seis empresas explicam 94% da captação industrial - e, em sua maioria, é de caráter cooperativa. A Conaprole, a grande cooperativa uruguaia, representa historicamente 65% da captação industrial de leite nacional. Esse caráter da indústria determina um forte apoio à produção primária com equipamentos de extensão assessorando produtores e financiando projetos. Também, o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca tem dado uma mão importante, tanto nos períodos de seca, onde foram fornecidos apoios (exonerações, financiamentos, etc), como com um plano para que os produtores possam incorporar em seus estabelecimentos irrigação, poços e represamento de água, tudo com excelentes condições de pagamento.

Da mesma forma, a nível de associações, tem sido dado passos a frente em matéria de serviços (grão úmido, uma grande ferramenta que os produtores utilizam cada vez mais) e também uma forte presença a nível político que permitiu conscientizar as autoridades governamentais sobre a importância do setor leiteiro. Até o clima acompanha esse bom fim de verão do produto uruguaio.

Porém, nem tudo são flores. Altamente dependente dos mercados internacionais, no Uruguai olham com atenção a pressão de baixa nos preços mundiais de leite. De acordo com o relatório do primeiro trimestre do ano do Rabobank (Rabobank Dairy Quaterly), o clima extremamente bom na maioria das regiões produtoras de lácteos impulsionou o crescimento da oferta de forma mais rápida do que poderiam absorver o consumo mundial, gerando maior pressão de baixa. Nos primeiros dois meses do ano, as exportações de leite em pó ficaram em média em US$ 3.739 por tonelada, um nível bastante mais baixo aos US$ 4.253 por tonelada obtidos em média durante 2011.

Felizmente, os custos não aumentaram. "A relação entre o preço do leite e a cesta de insumos que são utilizados para a produção tem se mantido estável nos três últimos trimestres, com alguns insumos que encareceram, como mão de obra e energia e outros que ficaram mais baratos, como grãos e fertilizantes", disse o assessor da Associação Nacional de Produtores de Leite, Daniel Zorrilla. "O grande desafio é continuar aumentando a produtividade. Esse ano certamente vai atuar a favor do setor o clima favorável com o qual terminamos o verão e começamos o outono. Se não ocorrer uma queda importante nos preços internacionais, o exercício agrícola que está transcorrendo fechará com um resultado similar ao anterior".

Para Bagnato, tudo poderia se complicar se o preço da matéria prima cair. "Há um aumento de custos, mas é a nível geral, diria quase mundial. Afeta a margem da produção, mas os preços seguem bons. O problema ocorreria se houver uma defasagem, ou seja, se os preços se adaptarem aos valores internacionais que estão em baixa e os custos continuarem aumentando. O medo é esse, mas não se pode prever. A defasagem ocorrida em 2008 não foi consequência de nosso setor, mas sim, foi condicionado por fatores do mercado mundial que nos afetou".

A reportagem é da revista Infortambo, traduzida e adaptada pelaEquipe MilkPoint.
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Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/05/2012

Prezados Senhores: Tudo isso nos conduz a uma atmosfera de triangulação de leite. O mesmo número de animais, o mesmo sistema de manejo, a "mágica" de que os grãos (soja) - base da alimentação de bovinos leiteiros - e os fertilizantes tiveram um aumento acentuado em todo o mundo, menos lá, o mesmo preço ao produtor praticado no Brasil, aumento de mão de obra e de energia, o fenômeno da seca na região não ter atingido somente às suas fazendas (Argentina e Rio Grande do Sul que o digam), e, mesmo assim, conseguem vender seu produto, com acentuado lucro, mesmo com as perdas em torno de U$0,50 por tonelada, enfim, vários mistérios...

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG

=HÁ SETE ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
Roberto Jank Jr.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/05/2012

Com o leite em pó a U$ 3.000 no mercado internacional e preço de U$ 0,40 por litro ao produtor, os Uruguaios - eminentemente exportadores - tem um um grande problema pela frente.
Qual a sua dúvida hoje?