Mercados de lácteos fortes, junto com o fim iminente das cotas de produção, estão revertendo o declínio de longa duração no rebanho da União Europeia (UE), estimulando uma maior produção de leite – o que está ajudando a conter o aumento nos preços.
O rebanho leiteiro na UE, maior produtor mundial de leite de vaca, cresceu em 0,6% no ano passado, disse o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Nesse ano, o rebanho expandirá em 1,3%, para 23,5 milhões de cabeças, marcando a primeira vez em 30 anos que o rebanho nos 28 países do bloco registrou crescimento em dois anos sucessivos, indo contra uma tendência de contração que viu os números de vacas caírem pela metade com relação ao pico de 1968.
“A tendência de longo prazo de contração do rebanho leiteiro da UE parece ter parado”, disse o USDA, atribuindo a reversão “ao fortalecimento dos preços do leite ao produtor e às expectativas de mercado associadas com a descontinuidade do sistema de cotas de produção de leite da UE. Os números de vacas leiteiras estão crescendo, à medida que os produtores expandem as operações para gerar uma produção de leite maior”.
A UE está em 2013-14 aumentando as cotas de produção de leite em 1% e, no próximo ano, serão removidas completamente, um fator que está levando a um grande investimento nas indústrias de lácteos em países como Irlanda, onde o clima ameno e úmido, encorajando o crescimento das pastagens, favorece a relação custo/benefício da produção de leite.
Entretanto, preços mais fortes dos lácteos nos últimos três meses também encorajaram a produção, levando o USDA a aumentar sua previsão de produção de leite na UE esse ano em 1,5 milhão de toneladas, para o maior volume em 20 anos, para 141,5 milhões de toneladas.
“Condições mais favoráveis de clima, melhor disponibilidade de alimentos animais, junto com esforços contínuos para melhorar a genética nos rebanhos nacionais deverão gerar um maior rendimento médio por vaca na produção de leite em 2014”.
A produção extra será absorvida, em parte, pelo consumo mais forte de produtos lácteos na UE, estimulados pela recuperação econômica do bloco. “As crescentes ofertas e melhora nas situações econômicas em alguns estados membros deverão estimular o consumo de queijos, levando a um aumento no consumo geral com relação a 2013”.
Entretanto, grande parte dos produtos deverá ser destinada às exportações, somando-se à resposta da oferta após a queda de mais de 20% nos valores do GlobalDairyTrade desde fevereiro.
O relatório destacou que a produção de leite em pó desnatado da UE “aumentará de forma significativa”, apoiada pelas ofertas extras de leite e maior capacidade de secagem na Alemanha, com as exportações vendo aumentos de 16,4%, para 475.000 toneladas. “Nos primeiros dois meses de 2014, as exportações da UE [de leite em pó desnatado] foram 50% maiores do que no mesmo período de 2013”, direcionadas pelo aumento de sete vezes, para 13.162 toneladas, nas compras chinesas.
As exportações de manteiga também se mostraram fortes, aumentando em 16% os primeiros dois meses do ano, ajudadas por uma queda nos preços regionais, que tornaram o produto da UE “competitivo no mercado mundial”.
Entretanto, o aumento foi em grande parte para o mercado russo, cujas importações aumentaram em quase 50%, mas que permanecem uma questão de mercado para o futuro, dada a deterioração das relações políticas entre o Ocidente e Moscou e o rublo enfraquecido. “A Rússia mantém barreiras de importação para certos estados membros da UE ou plantas de processamento individuais”.
A reportagem é do Agrimoney, traduzida pela Equipe MilkPoint Brasil.