Os produtores mineiros de queijo artesanal, que têm investido na legalização do processo de fabricação, estão obtendo resultados positivos como o aumento da renda, da qualidade do produto e da demanda. Um dos grandes diferenciais é o valor de venda, que pode ser alavancado em mais de 100%. O reconhecimento do trabalho, também vem através do Concurso Estadual do Queijo Minas Artesanal, que neste ano realizou a 7ª edição, e premiou, ontem, os dois melhores queijos do Estado. O evento aconteceu durante a abertura da 54ª Exposição Estadual Agropecuária, em Belo Horizonte.
De acordo com a coordenadora técnica estadual da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Marinalva Soares, participaram desta edição do concurso 22 produtores de seis regiões do Estado. Os melhores queijos foram selecionados durante os concursos regionais e os cinco premiados de cada região foram convidados a participar da edição estadual. Para ela, o investimento na legalização do processo produtivo é considerado fundamental para a melhoria da qualidade do produto e para agregação de valor.
"O queijo artesanal de Minas Gerais, através dos concursos, tem sido cada vez mais reconhecido pela alta qualidade. Isso é fundamental para que os produtores percebam a importância de investir em legalização. O reconhecimento da qualidade é o primeiro passo para abrir mercado e agregar valor ao queijo artesanal, o que é fundamental para os produtores, que, na grande maioria, produzem no sistema de agricultura familiar", afirmou Marinalva.
Em Minas Gerais, estima-se que a produção de queijo artesanal ocorre em cerca de 9 mil estabelecimentos. Deste total, somente 300 queijarias estão legalizadas junto ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). A grande dificuldade no processo de legalização das queijarias se deve à falta de recursos financeiros para adaptar as unidades de acordo com a lei, uma vez que na maioria das famílias produtoras, o queijo é a única fonte de renda.
Vencedores - Neste ano, os vencedores da 7ª edição do Concurso Estadual do Queijo Minas Artesanal foram os produtores José Baltazar da Silva, de Serra do Salitre, que conquistou o primeiro lugar, e o produtor Wellington Carlos Vieira, de Cruzeiro da Fortaleza, que obteve a segunda colocação. Ambos são do município do Alto Paranaíba.
Para o produtor José Baltazar da Silva, da Fazenda Matinha da Pitas, a conquista do primeiro lugar veio como reconhecimento do esforço feito ao longo dos últimos dois anos. Antes de legalizar o processo produtivo, Baltazar produzia café e queijo. A unidade do queijo, que pesa em média 1,5 quilo, era negociada em torno de R$ 9. Após a legalização, que foi feita com auxílio da Emater-MG, o quilo do queijo passou para R$ 20, alta de 122%. A família de Baltazar possui 40 animais em lactação e produz cerca de 80 quilos de queijo ao dia.
"Com a legalização, conseguimos vender mais e ampliar a renda e, com isso, estamos sempre investindo na melhoria da propriedade, da gestão, da genética dos bovinos e tivemos como resultado a alta qualidade do queijo. A classificação do nosso queijo como o melhor artesanal de Minas Gerais é um grande reconhecimento desse esforço. Participamos pela primeira vez e pretendemos voltar nas próximas edições", disse Baltazar.
O produtor Wellington Carlos Vieira, da Fazenda Fortaleza de Cima, acredita que com a conquista do segundo lugar no Concurso Estadual do Queijo Minas Artesanal, as oportunidades de comercialização serão ampliadas. Antes de fabricar queijo, Vieira negociava somente a produção de leite. O produtor conta com 40 vacas em período de lactação e uma produção diária de 90 quilos de queijo.
"Ao investir na produção e legalização, conseguimos nos diferenciar no mercado, deixando de ser apenas um fornecedor de leite entre tantos, para produzirmos um dos melhores queijos do Estado", afirmou Vieira.
As informações são do Diário do Comércio.
