Preço baixo pago pelo litro do leite provoca reação de produtores do RS

Em 2018, a delicada realidade enfrentada pelos produtores de leite do Estado segue motivando mobilizações. Assunto frequente na mídia em 2017 - motivo de protestos na região e de reuniões em diversos pontos do Rio Grande do Sul, em Brasília (DF) e de uma missão do Ministério da Agricultura enviada ao Uruguai. Mesmo assim, a crise leiteira continua.

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Em 2018, a delicada realidade enfrentada pelos produtores de leite do Estado segue motivando mobilizações. Assunto frequente na mídia em 2017 - motivo de protestos na região e de reuniões em diversos pontos do Rio Grande do Sul, em Brasília (DF) e de uma missão do Ministério da Agricultura enviada ao Uruguai. Mesmo assim, a crise leiteira continua. 

Dessa vez, o que preocupa é o valor que os produtores recebem pelo litro do produto. Em queda frequente, o preço de referência foi estimado, para janeiro, em R$ 0,90 pelo Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite/RS). 

Em reunião na última terça-feira, o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat) adiantou a previsão de crescimento gradual dos valores ao longo do ano. Isto pode servir como alento para a cadeia produtiva, já que pesquisa da Universidade de Passo Fundo (UPF) revelam que 2017 foi o pior em 12 anos para o setor lácteo gaúcho. 

Nos últimos anos, enquanto quem produz se modernizou, adquiriu maquinário e investiu em genética, políticas de governo - como a que estimulou a importação de leite no Brasil e a entrada de produto do Uruguai - desmotivam o produtor.

Lista de reivindicações 

Fazem parte das reivindicações classe produtora do RS, na esfera estadual: a extinção de decretos suspensos que regulavam dinâmicas da cadeia e a extinção dos benefícios concedidos a empresas que se instalam no RS com incentivos - organizações que importam leite em pó uruguaio ao invés de comprar do pequeno produtor. Na esfera federal, por outro lado, a demanda é pela compra do estoque de leite que vem se acumulando; a revisão das cotas de importação do leite do Uruguai e desburocratização da venda de leite do Estado para outras regiões do país.

Mobilização sindical

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arroio do Meio é mais uma das entidades preocupadas com o valor baixo pago pelo leite aos produtores. Empreendedores rurais de Capitão, Travesseiro e Arroio do Meio, além de cidades vizinhas que tenham interesse em participar podem se juntar ao grupo mobilizado pelo STR, cuja reunião está marcada para a próxima segunda, a partir das 14h. A Secretaria Municipal de Educação de Arroio do Meio sediará o encontro.

Dura realidade 

De Estrela, o que pensa o produtor César José Meinerz é reflexo da realidade que vivem os leiteiros do RS. "Com a queda do valor, a coisa apertou". O sobe e desce dos preços - que mais desceram do que subiram nos últimos meses - tem consequência automática nas dinâmicas de quem produz, especialmente daqueles que trabalham com quantidades expressivas. 
Na propriedade, na Linha Lenz, Meinerz e a família abrigam 110 animais em fase de ordenha. O volume mensal de leite produzido beira os cem mil litros. A produção diária é de cerca 3,2 mil. Pelo trabalho incessante dele e de outras nove pessoas empregadas na propriedade, o último valor recebido pelo litro de leite foi R$ 1,12.

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Já o custo de produção Meinerz estima que deva ser de R$ 0,80 por litro. A diferença entre o investimento e o retorno é pouco, na opinião dele. "Como vamos investir?", questiona. Esposa de César, Cristiane Meinerz adiciona: "é muito pouco pelo trabalho". 

De domingo a domingo, a produtora revela que a rotina começa cedo. É comum trabalhar por longos períodos para garantir parte do abastecimento de leite que depois é espalhado pelo Estado. "É a nossa vida", admite. Com o tempo, e com as quedas de preço pago aos produtores, muitos empreendedores rurais deixaram o leite de lado - o que, na opinião de Meinerz, é possível perceber mesmo no Vale. O histórico de variação do valor sempre teve altos e baixos. No último ano, na estimativa do Conseleite, os preços de referência foram de R$ 0,82 a R$ 1,05. Na opinião de César, nunca estiveram tão oscilantes quanto estão nos últimos meses.

As informações são do O Informativo do Vale.

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Rafael Carlin
RAFAEL CARLIN

CHOPINZINHO - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/01/2018

Sugiro ao produtor citado na reportagem que revise seus custos de produção, pois sou produtor no Paraná e conheço vários outros produtores que possuem entre 50 e 100 vacas em lactação, mas não conheço nenhum que esteja conseguindo produzir a menos de R$ 1.00 por litro. Caso essa seja de fato a realidade da propriedade em questão, acho que não deveria ser utilizada como exemplo da pior crise dos últimos 12 anos, uma vez que se multiplicarmos 100 mil litros produzidos por R$ 0.32, que é a diferença entre o preço de venda e o custo, temos um lucro de R$ 32.000 por mês, o que não é nada mal pra 110 vacas em lactação e destoa completamente da realidade do setor, num momento em que a maioria dos produtores está trabalhando com margens muito apertadas, se não negativas.
Exemplos como este podem dar a falsa impressão de que estamos "reclamando de barriga cheia".
Jeferson Ivan Persch
JEFERSON IVAN PERSCH

CAMPINA DAS MISSÕES - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/01/2018

Bom Dia Caro Rafael, Lendo a reportagem também estive analisando da mesma forma, porém ha um outro detalhe, pela minha leitura tenho quase certeza absoluta que ele está falando apenas dos custos diretos de produção, e não dos investimentos e depreciações, que se calculados a esse montante com certeza tira no minimo mais uns 0,15 a 0,20 por litro , o que reflete uma margem bem apertada ao produtor, então acho que a realidade do mesmo não é exatamente a exposta acima. E, que, se fosse mesmo seria uma propriedade hiper eficiente na gestão dos custos, o que vejo não ser possível neste cenário. Abraços aos leitores, espero ter conseguido ajudar no entendimento.
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