Os produtores buscam uma solução para os baixos preços do leite provocados pelo aumento da oferta na Europa. Eles acreditam que o setor vive uma situação dramática devido ao fim das cotas da União Europeia e o embargo russo. Isso, ao mesmo tempo que mercados como a China e países produtores de petróleo também diminuíram a demanda por leite.
Manifestações em Bruxelas
Em Bruxelas, onde decorria a reunião dos ministros da Agricultura, o comissário europeu responsável por esta pasta, Phil Hogan, mostrou-se disponível a avançar com uma redução temporária da produção. A proposta: duplicar o teto da ajuda à armazenagem de leite em pó desnatado (para 218 mil toneladas) e da manteiga (para 100 mil toneladas).
Do lado de fora, nos pontos nevrálgicos do quarteirão do Conselho Europeu e da Comissão, os tratores também saíram às ruas. Os agricultores trouxeram vacas e porcos. E houve quem despejasse leite sobre o vidro do edifício do partido liberal Movimento Reformador.
Em Portugal, João Diniz, da CNA, diz ser evidente que “os produtores, estando numa posição de ruína e de desespero, se receberem alguma coisa para deixarem de produzir, aceitam”. Mas sublinha que do ponto de vista estratégico esse não deve ser o caminho. Na semana passada, o gabinete de Capoulas Santos prometeu levar a Bruxelas medidas “que respondam de imediato à crise conjuntural e medidas de médio/longo prazo para garantir a sustentabilidade de mercado”.
Para o porta-voz da CNA, o ministro deve defender a “reposição de um sistema público de controle da produção e do mercado – as antigas cotas leiteiras faziam isso e eram um instrumento público que garantia o direito de cada país produzir". O responsável aponta o dedo à ex-ministra da Agricultura, Assunção Cristas, recém-eleita presidente do CDS-PP, que diz ter responsabilidades na crise do setor, mas que frisa que agora cabe a Capoulas Santos “defender o interesse nacional estratégico”, propondo cotas leiteiras e medidas para “dificultar as importações de leite e carne”.
“Esta crise que arrasa a pecuária de leite e a pecuária de corte já vem do anterior governo. Quero lembrar que, em setembro do ano passado, a ex-ministra Cristas deixou de fora dos acordos da União Europeia a carne suína. À ex-ministra Assunção Cristas cabe a responsabilidade principal pela crise aguda que arrasa a pecuária leite e a pecuária de corte, mas o atual ministro tem que defender outras posições”, sustenta João Diniz.
Entenda o caso:
Portugal: produtores de leite organizam protestos para o dia 14 de março
As informações são do Público.pt.
