Paulo Nigro, da Tetra Pak, mostra necessidade de atingir a base da pirâmide com lácteos

Para o dirigente, setor precisa desenvolver produtos com embalagens e conteúdo mais acessível para que alcance as pessoas que vivem com 2 a 8 dólares por dia, que representam grande mercado potencial nos países emergentes.

Publicado por: MilkPoint

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Durante o 12º Congresso Pan-americano de Leite na cidade de Assunção, Paraguai, Paulo Nigro, presidente da Tetra Pak proferiu uma palestra sobre a situação e perspectivas do mercado internacional de lácteos.

Segundo suas informações, os lácteos são a segunda categoria mais consumida entre os líquidos, representam 16% do consumo total com 275 bilhões de litros/ano, atrás apenas dos chá e cafés (30,1%) e acima da água (15,4%).

Dentre os lácteos, o leite fluido representa 75% (crescimento acumulado - CAGR 1,3%), mas quando analisa-setaxa de crescimento (2008 a 2011), outros leites como os leites com sabores (CAGR 4,5%), os leites para crianças (CAGR 9,5%) e os LADs (CAGR 12,5%) apresentam maiores velocidades. O LAD é uma bebida láctea acidificada muito utilizada como fonte de proteína para crianças. Nigro acredita que o consumo de leite fluido passará de 206 bilhões de litros em 2008 para prováveis 217 bilhões de litros em 2014.

Baseado nesses dados e na crescente demanda por proteína animal nos países emergentes, Nigro faz um alerta: "se o leite não ocupar essa oportunidade, outros produtos o farão". O presidente da Tetra Pak enfatizou o conceito de "stomach share": quando da ingestão diária de uma pessoa é prenchida com lácteos?

O líder da Tetra Pak ainda ressaltou que o leite pasteurizado vem perdendo espaço para o leite em pó e o leite longa vida, justamente por esses últimos não necessitarem de refrigeração. Porém, ressaltou que há oportunidades para o leite pasteurizado, como um produto premium, para o consumidor que deseja um produto fresco.

Tendências para os produtos lácteos

Durante sua apresentação, Nigro fez um provocação ao público questionando se era possível entregar mais nutrição custando menos. E como pronta resposta colocou que para alcançar esse objetivo seria preciso desenvolver fórmulas com custos mais baixos, atingir mercados em desenvolvimento, praticar o downsizing (que seria utilizar embalagens menores para atingir diferentes públicos) e ir mais fundo na pirâmide social, ou seja, atingir a população de média-baixa renda (pessoas que vivem com 2 a 8 dólares por dia). Esse classe social representaria 40% da população mundial e estaria concentrada nos mercados em desenvolvimento (sendo que metade estaria na China e na Índia). "Poucas empresas exploram essa faixa social, é um grande nicho de mercado." Nigro participa de um projeto global para conhecer melhor esse público e identificar oportunidades.

Quatro pontos chaves foram colocados como ações para esse público como: preço acessível sendo o principal critério de compra; quando o poder aquisitivo é limitado, as crianças são favorecidas; um orçamento limitado impacta no padrão de compra (as compras são mais frequentes, em quantidade menores e com a utilização do canal tradicional de vendas) e quando a acessibilidade é a chave, as aspirações são as mesmas que as das classes sociais mais altas.

Já quando o foco é adaptar o processo, é necessário olhar para as oportunidades e desafios: como adequar o preço, focar no canal tradicional, acreditar na promessa de valor da marca e entender o poder das crianças, pois se forem beneficiadas pela nutrição, vão emergir para a fase de consumo.

Nigro finalizou sua apresentação focando na América Latina, e mostrou que apesar do grande crescimento econômico que houve nos últimos anos, ainda há 30% da população que se enquadra nessa faixa social. "A oportunidade está no próprio mercado interno", concluiu.

A matéria é de Bia Ortolani, da Equipe MilkPoint.
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