Por Tom Vilsack, ex-secretário de Agricultura dos EUA, presidente e diretor executivo do Conselho de Exportação de Lácteos dos Estados Unidos (USDEC) e Jim Mulhern, presidente e CEO da Federação Nacional de Produtores de Leite (NMPF).
O Acordo EUA-México-Canadá (USMCA), anunciado em 30 de setembro, foi alcançado após meses de duras negociações. Agora que os três países chegaram a um acordo verbal, o que isso significa para os produtores de leite americanos que lutam financeiramente e que estão ansiosos por notícias promissoras?
Mesmo antes de o governo Trump iniciar as negociações oficiais no ano passado para modernizar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), a equipe de política comercial do USDEC (Conselho de Exportação de Lácteos dos Estados Unidos) e da NMPF (Federação Nacional de Produtores de Leite) tornou conhecidas as necessidades dos produtores e processadores de leite.
O NAFTA foi crucial para o crescimento das exportações de lácteos dos EUA porque foi o catalisador para começar a aumentar as exportações do país por meio do acesso preferencial ao México. Em 1993, um ano antes do início da implementação do NAFTA, as exportações de lácteos dos EUA para o México eram de apenas US$ 250 milhões. Avancemos para 2017. As exportações de lácteos para o México totalizaram US$ 1,3 bilhão!
De um ponto de vista estratégico de longo alcance, um dos maiores benefícios do novo NAFTA, agora conhecido como USMCA, é manter a estrutura geral do pacto comercial anterior em vigor. Isso deve significar mais exportações para nossos fornecedores e mais oportunidades para os produtores de leite dos EUA permanecerem nos negócios com a esperança de um futuro melhor. Este acordo, se devidamente implementado, deve dar novas oportunidades de vendas que permitirão aos Estados Unidos inclusive a exportar mais produtos lácteos para o Canadá. É importante notar, no entanto, que o Canadá continuará sendo um mercado de leite amplamente protegido e autossuficiente.
Em um comunicado de imprensa conjunto com a International Dairy Foods Association (IDFA), três organizações agradeceram o presidente Trump e seu governo por lutarem pelos produtores e processadores e pelos empregos gerados nas indústrias.
O texto do acordo também foi divulgado em 30 de setembro. A legislação da Trade Promotion Authority estabeleceu uma linha do tempo para assinaturas e aprovações de acordos de livre comércio, afirmando que o presidente pode assinar em até 60 dias após a divulgação do texto. Depois disso, a rapidez com que o acordo avançará é desconhecida e pode ser influenciada por vários fatores, incluindo eleições de meio de mandato. Embora a consideração do Congresso seja possível durante sua sessão, após a metade do mandato, o cenário mais provável é uma votação na primavera de 2019.
O USMCA não é uma solução rápida para os produtores de leite prejudicados pelos baixos preços do leite. Mas parece ser um passo promissor na direção certa, já que a indústria trabalha em uma estratégia de longo prazo para aumentar as exportações, especialmente para o mercado número 1 dos Estados Unidos, o México.
As tarifas retaliatórias do México e da China estão prejudicando os produtores americanos. Elas já custaram US$ 1,5 bilhão aos produtores de leite dos EUA, com perdas previstas para 2019 superiores a US$ 3 bilhões, de acordo com um recente estudo da Informa Agribusiness.
A China e outros países precisam de atenção. Espera-se que o acordo sobre o USMCA libere o governo Trump para dedicar mais tempo ao conserto das relações comerciais dos EUA com a China, que cobrou tarifas retaliatórias sobre exportações de lácteos dos EUA no valor de US$ 577 milhões no ano passado, e para buscar negociações bilaterais com mercados de alto potencial como o Japão e, pós-Brexit, o Reino Unido.
O artigo foi publicado no Hoard's Dairyman, traduzido e adaptado pela Equipe MilkPoint.