Técnico agrícola, Luigi, ao contrário da maioria dos jovens que crescem no campo e são atraídos pela vida urbana, optou por continuar a atividade, mas com uma visão mais moderna do sistema. Tem ainda o suporte da irmã Dieska e do irmão Jader, que também optaram por ficar no campo e se dedicam a essa nova fase da atividade leiteira. Luigi aprendeu logo cedo duas coisas: gestão e qualidade. Na avaliação dele, "o mercado está muito exigente, e só ganha quem tem produto de qualidade".
Quanto à gestão, ele buscou o aprimoramento no MDA (Master Dairy Administration) da Clínica do Leite, uma espécie de MBA focado na gestão da produção de leite promovido pela Frísia, cooperativa a que está associado. Cuidados com o rebanho e a incorporação de tecnologia na produção trouxeram resultados logo cedo, com a obtenção de um produto de alta qualidade.
A criação de cavalos de raça não foi descartada, mas está adormecida. Aos poucos, perde espaço para a produção de leite, que vem dando resultados lucrativos. A experiência do pai e as novas ideias do filho já permitem um leite com uma CCS (contagem de células somáticas) bem abaixo da média dos produtores da região. A média da CCS da propriedades dos Aardoom é de 103 mil células por ml e a média da cooperativa é de 450 mil. "Agora resolvemos fazer a coisa certa", diz Cornélio. Relatando as dificuldades do passado, ele diz que "o negócio é bom, desde que feito da maneira correta".
A família produz diariamente 3.000 litros de leite, volume que, em breve, será de 6.000 litros diários. O barracão para as vacas, a ordenha e o quadro de funcionários está montado, mas o sistema ainda opera com ociosidade de 50%. Luigi acredita que, quando estiver com toda a capacidade de produção em operação, os ganhos vão melhorar.
A utilização de tecnologia – do cuidado com as vacas, à ordenha e ao armazenamento do leite – já garante um ganho à família. O preço-base do leite está em R$ 0,92 por litro na região. As bonificações vindas da qualidade do produto garantem R$ 1,25 por litro aos Aardoom. Outro ponto positivo é a gestão dos gastos. Enquanto os custos de alimentação por vaca representa 48% das receitas do leite na propriedade dos Aardoom, a média da região é de 55%.
Somados aos custos de alimentação do animal os de energia elétrica, água, gastos operacionais e de combustíveis, o valor total chega a R$ 1 por litro de leite. "Sem produtividade e produto de qualidade, as contas não fecham", diz Luigi. A produtividade atual é de 32 litros de leite por dia por vaca. Com a adoção de melhoramento genético, a meta será de 40 litros a 42 litros em dez anos.
A família tem um rebanho de 233 vacas leiteiras da raça holandesa. Dessas, 110 estão em fase de ordenha. Comparando o sistema que tinha no passado com o atual, Cornélio diz que a dedicação integral à produção é exigida em ambos os sistemas. Mas a alta tecnologia de hoje, o que resulta em qualidade do leite, "nos dá uma situação mais confortável".
Para Cornélio, o pequeno produtor precisa de tecnologia em sua atividade, principalmente na pecuária. E esse suporte pode vir das cooperativas, via planejamento, ajuda técnica e maneiras de trabalhar. "Essa ação das cooperativas acaba servindo para uma sucessão familiar sem traumas. É o que está ocorrendo aqui", diz ele. A área onde a família Aardoom desenvolve a atividade leiteira tem 40 hectares. Somam-se a essa área outros 60 hectares arrendados para a produção de parte dos alimentos dos animais.
A Cabanha Santa Carmelita, a outra atividade da família e conhecida pelos seus cavalos crioulos e prêmios recebidos nos últimos anos, ganha agora forte concorrência do leite.
As informações são da Folha de São Paulo.