A Fonterra continuará pagando uma compensação para os produtores de leite que foram forçados a parar de ordenhar e secar suas vacas, após o ciclone Gabrielle, que continua impedindo que os caminhões-tanque recolham leite em suas fazendas.
O ciclone Gabrielle atingiu a Nova Zelândia dia 14 de fevereiro, levando o país a declarar estado de emergência nacional. Considerado pelas autoridades um desastre natural “sem precedentes”, as enchentes causadas pelo fenômeno obrigaram moradores a subirem em telhados e diversas casas foram destruídas por deslizamentos de terra. “O ciclone Gabrielle é o evento climático mais significativo que a Nova Zelândia já viu neste século. A gravidade e os danos que estamos vendo não são sentidos há uma geração”, disse o primeiro-ministro, Chris Hipkins.
Efeitos na produção de leite
Diante desse cenário, alguns produtores foram forçados a descartar leite por não conseguirem manter o produto fresco e dentro dos padrões de segurança alimentar, depois que o ciclone causou cortes de energia e os caminhões-tanque de leite não conseguiram chegar às fazendas.
As vacas que não podiam ser ordenhadas precisaram ser secas porque ficariam suscetíveis à mastite se não fossem ordenhadas por longos períodos.
Um porta-voz da Fonterra disse que o contrato de fornecimento estabelece regras de pagamento aos produtores em circunstâncias como essa.
Como o ciclone foi um evento de força maior e a Fonterra teve que instruir os produtores a descartar o leite ou secar as vacas, uma compensação apropriada seria feita, disse o porta-voz da cooperativa.
A diretora do grupo na Fonterra's Farm Source, Anne Douglas, disse que algumas fazendas em Hawke's Bay tiveram que secar as vacas porque os danos causados pelas enchentes nas estradas e pontes impediram que os caminhões-tanque da Fonterra chegassem até elas. Mas as coletas de leite voltaram ao normal desde o ciclone, disse Douglas. A Fonterra não quis confirmar como os pagamentos funcionariam, dizendo que os termos dos pagamentos com os produtores eram privados.
No entanto, fontes da indústria de laticínios, que falaram sob condição de anonimato porque não estavam autorizadas a falar sobre o assunto, disseram que a Fonterra provavelmente pegaria os ganhos mensais médios de uma fazenda nos últimos três anos e pagaria ao produtor o equivalente a cada mês pelo resto da temporada.
Uma fazenda pode levar até três meses para se recuperar e a Fonterra pode, alternativamente, pagar apenas por esse período, disseram as fontes.
O produtor de leite de Waikato, Pete Morgan, disse que a capacidade da Fonterra de pagar aos produtores que não puderam entregar leite por causa do ciclone mostrou a força que havia em um sistema cooperativo. “Isso ressalta a filosofia da cooperativa, o motivo de fazer parte de uma e o que vocês estão tentando alcançar coletivamente”, disse Morgan.
Como os produtores de leite eram em sua maioria exportadores, eles não competiam entre si, mas sim com produtores no exterior, e fazia sentido apoiar aqueles que precisavam, disse Morgan.
A Fonterra continuou enviando equipes de helicóptero para as áreas isoladas para fornecer assistência e se concentrou em estabelecer linhas de comunicação com os produtores nas áreas mais atingidas para entender o que eles precisavam, disse Douglas.
As informações são da revista VEJA e do Stuff, traduzidas pela Equipe MilkPoint.