Isso representa o reverso do que houve na primeira metade de 2012, quando o aumento da produção de leite entre os principais exportadores ultrapassou o consumo. Menores preços foram necessários para limpar os mercados, especialmente os grandes estoques da Nova Zelândia. Entretanto, a forte seca nos Estados Unidos, as condições menos favoráveis na Europa, as incertezas do El Niño e uma redução nos preços pagos na Nova Zelândia aumentaram os desafios de oferta para 2013.

As baixas previsões de crescimento e as condições macroeconômicas incertas entre os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) continuam contrastando com o crescimento - apesar de lento - na Ásia, Rússia, Índia, Brasil e outras economias emergentes. O forte crescimento no consumo de lácteos fora dos Estados Unidos e da Europa deverá continuar, à medida que um maior número de consumidores da classe média em economias em desenvolvimento desenvolvem uma demanda consistente para lácteos. Isso pressionará as ofertas globais de lácteos em um futuro previsível.
Do ponto de vista da oferta competitiva, o Euro tendeu a cair desde maio de 2011 e deverá se manter fraco, apesar de volátil, à medida que a zona do Euro enfrenta questões de recessão e dívidas. Embora uma desaceleração no crescimento da produção de leite possa reduzir os excedentes exportáveis, o Euro mais fraco impulsiona os retornos do mercado de exportação com relação às vendas domésticas. Por outro lado, a força esperada no dólar neozelandês tem compensado alguns aumentos recentes nos preços de commodities lácteas, levando os exportadores neozelandeses a reduzir as previsões inicias de pagamento pelo leite para 2012/13 levemente acima dos maiores custos de produção, reduzindo, dessa forma, os incentivos aos produtores maximizarem a produção.
Do lado da demanda, apesar do recente fortalecimento, o dólar dos Estados Unidos parece que provavelmente será comercializado em alcances relativamente menores com relação às moedas dos principais países importadores de lácteos - incluindo o peso mexicano, o iene japonês, o won coreano e as moedas do sudeste da Ásia - estabilizando os efeitos da taxa de câmbio na demanda de lácteos, independentemente da origem. Entretanto, considerando as incertezas macroeconômicas e a posição do dólar dos Estados Unidos como uma moeda segura com relação as outras moedas, é concebível que o dólar americano possa se fortalecer mais com relação a essas moedas.
A China continua demandando maiores quantidades de produtos lácteos, apesar do menor crescimento econômico. As importações totais nos 12 meses que terminaram em julho de 2012 excederam 1,22 milhão de toneladas, 21% a mais que nos 12 meses anteriores. Para os 12 meses que terminaram em julho de 2012, as importações chinesas da Nova Zelândia e da Austrália aumentaram em 8% e 3%, respectivamente. Ao mesmo tempo, as importações dos Estados Unidos, União Europeia (UE) e Argentina aumentaram em 20%, 55% e 130%, respectivamente. As maiores importações dos Estados Unidos e da UE focaram principalmente em soro do leite e leite em pó desnatado.
A demanda de importação de lácteos no sudeste da Ásia também continua crescendo; o valor total de importações nos 12 meses até maio de 2012 foi de mais de US$ 5,2 bilhões, 15,6% de aumento com relação aos 12 meses anteriores. Mais importante para os fornecedores dos Estados Unidos é o crescimento nas importações de lácteos pelo México, onde os Estados Unidos têm 64% de participação em valor e 70% em volume. Nos 12 meses até maio de 2012, as importações mexicanas foram de 632.000 toneladas, 11% a mais que no ano anterior, ficando em quase US$ 2 bilhões.
A seca severa, o forte calor e as baixas margens nos Estados Unidos afetaram a produção de leite do país, que mostrou declínios no começo de agosto de 2012,com a redução devendo permanecer em 2013. A menor produção de leite deverá restringir a produção de leite em pó. Embora alguns considerem que os compradores americanos pagarão um preço melhor, é válido considerar que China e México são exemplos de compradores globais de leite que mostraram uma disponibilidade em pagar o que pode ser considerado preços mais altos pelo leite em pó desnatado; de janeiro a julho de 1012, os valores unitários médios exportados pelos Estados Unidos ao México e à China ficaram em média em US$ 2,93/kg e US$ 2,89/kg comparado com o preço médio da Costa Oeste, de US$ 2,73 por quilo.

Fonte: Clal
A produção da Nova Zelândia terminou 2011-12 11,2% maior do que a estação anterior. As exportações foram recordes em julho, entretanto, limparam os estoques para níveis normais sazonais. As condições no começo da estação impulsionaram um excelente começo da nova estação, apoiando expectativas de crescimento da produção em 2012-13 em um alcance médio histórico de 3-4%.
As condições na Argentina continuam estimulando o crescimento na produção de leite, impulsionando o excedente exportável para mais de 448.000 toneladas em peso produto, 13% para os 12 meses que terminaram em julho de 2012. Entretanto, a limitada capacidade de processamento de leite em pó e os menores retornos aos produtores com relação ao milho e a soja poderão desacelerar as previsões de crescimento da produção em 2013.

Fonte:Ministerio de Agricultura, Ganadería y Pesca
As captações de leite na União Europeia foram moderadamente cedo no ano de 2012-13. Após um crescimento de 2,1% durante 2011-12 (abril-março), as captações aumentaram menos que 1% durante os primeiros três meses do ano de 2012-13 (abril a junho), e cairam para menos que nos níveis do ano anterior em julho.

Fonte: Clal
Embora as condições climáticas estejam contribuindo para uma menor produção, os menores preços do leite e os maiores custos dos alimentos animais deverão moderar o crescimento da produção de leite da UE em 2013. Grande parte da maior produção nos últimos 24 meses foi direcionada ao leite em pó desnatado para exportação, que totalizaram mais de 568.000 toneladas nos 12 meses que terminaram em junho de 2012, quase 30% a mais que no período anterior e 81% a mais nos últimos 24 meses. O recente fortalecimento nos mercados de leite em pó desnatado deverá continuar nessa tendência, especialmente devido às quedas esperadas na produção de leite em pó pelos Estados Unidos.
O crescimento da produção dos Estados Unidos dependerá cada vez mais de sua contribuição para o cenário global de oferta. O crescimento pelos exportadores do Hemisfério Sul deverá ficar abaixo do consumo porque, apesar do recente aumento na produção de leite entre esses produtores de menores custos, há muitos limitantes estruturais. Ao contrário, vários processadores da UE deverão emergir como grandes competidores internacionais.
A reportagem é do www.dairyfoods.com, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
