
Costa enfatizou que os resultados da produção são afetados diretamente por fatores ligados à forma de tratamento, de cuidados e do ambiente em que o animal está inserido. Na atividade leiteira, o bem-estar tem efeito sobre a produção de leite, na eficiência da reprodutividade da vaca, na saúde do animal e na qualidade do leite.
"Se o animal é mal cuidado, sofre estresse e não se adapta ao ambiente resultará inclusive em prejuízos econômicos, pois a produtividade cai e o produtor ganha menos com isso", observou.
O palestrante apontou como característica da região Sul do Brasil as altas temperaturas, responsáveis pelo estresse térmico do gado leiteiro. "Há dificuldade ou incapacidade de manter a temperatura corporal estável e, para minimizar o estresse, o produtor deve promover mudanças no ambiente ou selecionar animais mais adaptáveis ao clima", enfatizou.
Durante a palestra, vários exemplos de pesquisas foram apontados para comprovar os resultados de que o clima, o manejo, as instalações e a genética do animal influenciam na produção. Um deles mostra que a experiência prévia do animal e a capacidade de controle são fatores que reduzem os índices de estresse com o calor. Por outro lado, a falta de adaptação provoca dificuldades para enfrentar agentes infecciosos, aumentando o risco de doenças, dificulta a ingestão de alimentos e reduz a produção de leite.
Costa recomenda que o produtor invista no melhoramento genético e no aperfeiçoamento ambiental. "Disponibilizar uma sombra, ventiladores, aspersores de água são investimentos que fazem a diferença".
Os cuidados vão além. O palestrante entende que o manejo deve ser planejado para cada rebanho, se é gado confinado ou semiconfinado e conforme a estrutura da sala de ordenha, o perfil dos ordenhadores etc. "Esses cuidados são fundamentais, pois uma falha na condução da vaca até a sala de ordenha pode causar estresse e, automaticamente, redução de gordura e de proteínas no leite. Ou seja, afeta a qualidade do produto".
Por isso, adequar o ambiente e capacitar a mão de obra para não bater e não gritar com os animais são ações que devem ser prioridades. "É preciso sensibilizar produtores, funcionários e técnicos de que bem-estar é importante. A bezerra que tem contato físico, oportunidade para mamar, brincar e interagir socialmente será uma vaca muito mais produtiva e saudável", finalizou.

Sobre o palestrante
Mateus Paranhos da Costa possui graduação em Zootecnia, especialização em Comportamento Animal, mestrado em Zootecnia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1985), doutorado em Psicobiologia pela Universidade de São Paulo (1995) e pós-doutorado pela University of Cambridge (1999). É professor assistente doutor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, professor colaborador da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, pesquisador visitante na FAO, professor visitante da Universidade Nacional do Nordeste (Corrientes, Argentina) e Membro do Comitê Consultivo em Educação e Bem-Estar Animal da Comissão Europeia. Tem experiência na área de Zootecnia, com ênfase em Ecologia dos Animais Domésticos e Etologia.
As informações são da MB Comunicação Empresarial/Organizacional, adaptadas pela Equipe MilkPoint.
