A atividade leiteira pode ser considerada uma produção agrícola universal: pessoas ordenham as vacas em quase todos os países do mundo, sendo vital para o sistema global de alimentos e para a sustentabilidade das áreas rurais.
É fato que a indústria de lácteos contribui ativamente para as economias de uma série de comunidades, regiões e países. Atualmente, percebemos uma crescente demanda mundial e a indústria está globalizando-se, aumentando, dessa forma, o alcance e a intensidade do comércio global de lácteos. Entretanto, a questão de como e quais critérios podemos objetivamente avaliar os benefícios econômicos do setor de lácteos ainda permanece.
Os dados a seguir visam sumarizar os diferentes aspectos da economia de lácteos, como atestada por várias fontes de dados. Os benefícios econômicos dos lácteos podem ser avaliados do ponto de vista de: produção, comércio e empregos.
Elementos chave a serem desenvolvidos
Produção
Em 2011, a produção de leite foi estimada em 748,7 milhões de toneladas, das quais 620,7 milhões de toneladas eram de leite de vaca, produzidos por 260 milhões de vacas. O número de fazendas leiteiras depende bastante dos países e dos sistemas de produção.
Dados mais recentes da Organização para Alimentos e Agricultura das Nações Unidas (FAO) mostram que o valor da produção bruta de agricultura equivale a US$ 3.282 bilhões, enquanto que o leite cru produzido no mundo equivale a US$ 292 bilhões. Em uma escala global, o valor do leite representou 8,9% do valor de todos os produtos agrícolas em 2010. Na última década, o valor do leite, bem como o valor de todos os produtos agrícolas, mostrou uma tendência de alta.

O valor da produção de leite, do total da produção agrícola, representa entre 8,5% e 10,5%, dependendo do ano. Essa participação também varia de acordo com os países. Em particular, ela representa mais de 20% do valor agrícola total nos seguintes países:

A indústria de lácteos é particularmente importante para as economias agrícolas desses países.

Comércio
Em 2011, o comércio mundial de produtos lácteos, principalmente manteiga e butteroil (gordura anidra de leite), leite em pó desnatado, leite em pó integral, leite condensado e queijos, representaram 58,2 milhões de toneladas em equivalente leite (excluindo o comércio dentro da União Europeia). Isso representa 7,8% da produção mundial de leite.
Em termos de valor, a FAO estima que o comércio de produtos lácteos (agregado contendo leite, creme, manteiga, queijo, soro de leite, buttermilk, leite em pó, iogurte e caseína) seja de US$ 64 bilhões, o que significa 5,9% de todos os produtos agrícolas comercializados. Esse dado aumenta para US$ 69 bilhões, se a lactose e as fórmulas infantis forem incluídas, o que significa 6,4% do comércio de produtos agrícolas.
Desde 2000, o valor do comércio de produtos lácteos inclinou ao aumento, enquanto a participação no comércio global agrícola vem flutuando. Os produtos comercializados têm um papel de dar suporte ao setor de processamento de lácteos do país, particularmente em países sem produção doméstica de leite suficiente.

Os lácteos são necessários para o balanço comercial em muitos países, mas, novamente, alguns países são mais dependentes que outros quando se fala sobre comércio de produtos lácteos, conforme mostra o mapa.

Empregos
O setor de lácteos tem um papel importante no fornecimento de empregos para as comunidades rurais. A produção e o processamento de lácteos fornecem emprego, não somente para pessoas que trabalham nas fazendas leiteiras ou em plantas leiteiras, mas também, para o setor todo, desde insumos e prestadores de serviços até na comercialização de produtos terminados.
A nível de fazenda, é possível contabilizar o número de pessoas que trabalham em fazendas leiteiras em comparação com a força de trabalho total agrícola, como foi feito recentemente em 27 países. Em média, a força de trabalho no setor de lácteos representou 3% de todos os empregos agrícolas, mas esse dado cobre uma ampla gama de situações.

É difícil estimar o número de pessoas que trabalham na indústria de processamento de lácteos em escala global, mas algumas fontes nacionais mostram que poderia haver até 200.000 (na Rússia), 230.000 (na China) e 500.000 (no Egito), o que equivale a 8% da força de trabalho industrial no caso do Egito.
Os benefícios da produção leiteira em termos de empregos, é especialmente relevante nos países em desenvolvimento. Globalmente, cerca de 150 milhões de propriedades leiteiras familiares de pequena escala, equivalentes a 750 milhões de pessoas, estão envolvidas na produção de leite. Podem ser adicionados empregos relacionados ao transporte, processamento e comercialização de leite. Por exemplo, a FAO também estima que na África Oriental e no Oriente Próximo, para cada 100 litros de leite produzidos localmente, até cinco empregos são criados em indústrias relacionadas.
O conceito de multiplicador também é interessante. Como definido pelo American Bureau of Economic Analysis, os multiplicadores de emprego são uma série de trabalhos criados para aumentar as vendas industriais anuais em um milhão de dólares. Por exemplo, nos Estados Unidos, o multiplicador de empregos de fazendas leiteiras mais a indústria de processamento é de 28,1, correspondendo a um adicional de 922.000 empregos por milhão de dólares.
Considerações finais
O setor de lácteos é uma indústria global dinâmica, com tendências de crescimento estável de produção (+2,4% anualmente em média desde 2000), que deverão continuar em curto prazo. Essas tendências são direcionadas por uma maior demanda por proteínas animais que acompanha o crescimento da população e o crescimento da renda nas economias emergentes. O consumo de produtos lácteos deverá consequentemente aumentar em 20% ou mais antes de 2021, de acordo com a FAO e a OECD. Nesse contexto, a produção e o processamento de lácteos claramente aparecem como indústrias de extrema importância na contribuição para o desafio global de segurança alimentar.
A matéria é do IDF, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
