Também não é novidade que o papel das mulheres inseridas no agronegócio está em constante crescimento e vem evoluindo ano a ano. Hoje é cada vez mais comum encontrar nas universidades cursos de graduação na área das agrárias com um número de mulheres igual ou superior aos homens, fato que demonstra que a participação feminina nesse setor ganhou grandes proporções.
No Dia Internacional da Mulher, separamos três histórias de mulheres que ganharam destaque no campo e na pecuária leiteira, mostrando que o resultado da mão de obra feminina pode sim ser surpreendente, visto que elas mesclam razão com uma pitada extra de sensibilidade, o que contribui na tomada de decisões do negócio com um todo.
Letícia Abdala Pascoal, de São João Evangelista/MG, nasceu e foi criada em uma família de produtores de leite. Ela representa a terceira geração leiteira, precedida por seu pai Andrelino Pascoal e, antes dele, por seu avô Waldyr Pascoal. Ela conta que todos viveram e ainda vivem do leite. “O leite é um ouro branco rico e precioso, ora produzido e ordenhado nas férteis terras do Leste de Minas Gerais, mais precisamente, na mesorregião do Vale do Rio Doce”, comenta Letícia.
Após o término do ensino fundamental e médio, suas origens falaram mais alto e ela acabou cursando medicina veterinária. “Não obstante outras oportunidades profissionais terem me assediado, algo mágico e irresistível me trouxe de volta, de volta para casa! Realmente, nunca imaginaria que quando eu voltasse para a fazenda da minha família, onde cresci e fui criada, iria me apaixonar por ela novamente. Interessante mencionar que não me apaixonei apenas pela terra, ou pelas pessoas que ali viviam e laboravam, me apaixonei intensamente pela atividade leiteira ali desenvolvida e controlada pelo meu guia, pelo meu protetor, meu saudoso e amado papai. Já em casa, iniciei meu segundo aprendizado de alto nível, quando comecei a trabalhar com ele”.
Com o falecimento do seu pai em 2013, Letícia assumiu a gerência da fazenda juntamente com a sua mãe. “Ela é uma mulher incrível, guerreira nata, corajosa, vencedora e sempre está ao meu lado nos momentos mais difíceis. Na ausência do meu papai, os desafios e os obstáculos que vieram, me fizeram mais forte e mais confiante em mim. Tais eventos também me fizeram acreditar, que mesmo sendo uma mulher, em um universo essencialmente masculino e chauvinista, posso ser tão competente e competitiva quanto qualquer outra pessoa, seja ela homem ou mulher”.
Relatando parte da sua história, a produtora procurou abrir a porta das possibilidades para outras mulheres e dizer a todas elas que ‘nós somos do tamanho dos nossos sonhos e que tudo é possível, quando se tem fé e acreditamos em nossas potencialidades’.
“Mulheres, acreditem em seus sonhos lutem por eles, pois acreditei no meu. E mesmo quando ouvia de outras pessoas, que estava abdicando da minha vida particular para ficar na fazenda, não dei ouvidos e não me arrependi de nada, tenho orgulho do que sou, do que faço e do que me tornei. A participação das mulheres na atividade rural vem aumentando a cada dia, proporcionando um avanço significativo para o setor, antes dominado pelos homens. As mulheres interagem com mais facilidade, sempre buscam inovações, são mais detalhistas e não têm vergonha de não saber todas as respostas. Elas procuram por consultores, treinamentos e cursos para se aperfeiçoarem cada dia mais. Amo o que escolhi para a minha vida, sou produtora rural”.
Para Armanda Testa Monteiro, produtora de leite de Bela Vista/MG, a força das mulheres em todas as áreas é indiscutível, porém, a presença no campo ainda é pequena. A sua propriedade rural existe há 29 anos e é onde ela cria animais da raça Jersey e cavalos Manga Larga Marchador. “Como contadora, administradora de empresas e consultora tributária e fiscal de propriedades rurais, é perceptível que estamos cada vez mais assumindo áreas na quais antes não atuávamos. Em nossa propriedade, gerencio recursos humanos, estoques, controle do gado, custos e finanças. Não tenho problema de aceitação por parte dos fornecedores, clientes e colaboradores, pois quase todos iniciaram o negócio comigo”.
Segundo ela, pela sua formação, o convívio com profissionais de todas as áreas que a assistem é bastante saudável, pois o foco é na busca de resultados e no crescimento da propriedade.
Fazenda do Engenho - produção de leite
Sarah Waihrich Salles, de Júlio de Castilhos/RS, está na pecuária leiteira desde 1998. Ela começou a produção com o marido em um sistema a pasto. Na sequência, passaram a criar os animais em semiconfinamento e hoje, todas as vacas em lactação estão em compost barn. “Também fazem parte da empresa os nossos dois filhos, Miguel e Fernando. Quando começamos, o número de mulheres era muito pequeno, mas isso mudou bastante, as mulheres estão cada vez mais nos segmentos do agronegócio. Eu me sinto muito à vontade neste setor, mas acho muito importante comemorarmos essa data para valorizar o trabalho da mulher e para discutir as diferenças que ainda existem”.
Edite Salles, Simone Salles, Sarah Waihrich Salles, Karla Salles e Andrea Haggstram
A Equipe MilkPoint parabeniza todas as mulheres desejando sucesso, igualdade social e muitas conquistas!
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