Dean Foods: Compras chinesas deverão manter preços altos do leite

Os preços do leite se manterão “elevados” nesse ano, apoiados pelas compras “pesadas” feitas pela China, disse o diretor executivo da Dean Foods , Gregg Tanner, alertando para uma potencial queda no vermelho que enviaram as ações da maior processadora de lácteos dos Estados Unidos ao menor valor em 18 meses.

Ele alertou sobre um “cenário cada vez mais desafiador e sem precedentes para as commodities lácteas” graças à crescente demanda da China, que está testemunhando um forte crescimento no consumo em um momento de “constrição significativa” em sua própria produção de leite.

Desde a crise de melamina em 2008, quando a morte de crianças por causa de leite contaminado prejudicou a reputação dos produtos domésticos, “a China tem lutado para alcançar o crescimento desejado em sua própria oferta de leite”.

No ano passado, “clima, doenças e mudanças na regulamentação conspiraram para criar um desafio no fornecimento. Analistas da indústria estimaram que a produção chinesa de leite cairia entre 5-15% comparado com os níveis do ano anterior”.

A produção de leite da China “não deverá se recuperar totalmente” em 2014, com os contratempos para a produção sendo “questões que não podem ser rapidamente revertidas”, de forma que as dinâmicas que aumentaram os preços no ano passado deverão continuar, disse Tanner. “Esperamos que a China continue sendo um forte comprador de commodities lácteas importadas em 2014”.

Essa demanda manterá os “preços globais do leite cru elevados, especialmente na primeira metade do ano, com uma resposta significante da oferta” dos principais produtores necessárias para resfriar o mercado na segunda metade.

“Nos níveis atuais e esperados de demanda de importação, precisaríamos ver um crescimento da produção de leite dos Estados Unidos de 2-3%, junto com um crescimento na oferta na União Europeia (UE), Nova Zelândia e Austrália para que os preços do leite comecem a moderar na segunda metade de 2014”.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) está prevendo uma aceleração de 2,1% no crescimento da produção de leite dos Estados Unidos nesse ano, de 0,7% em 2013, com a produção na UE tendo um aumento de 1%, os volumes da Austrália aumentando em 3% e a produção da Nova Zelândia, maior exportador, aumentando em 5%.

Os comentários foram feitos quando a Dean Foods alertou que poderia ter uma perda de US$ 0,03 por ação nos primeiros três meses de 2014, com no máximo um lucro de US$ 0,03 por ação.

Wall Street esperava que o grupo, que registrou ganhos de US$ 0,32 por ação no primeiro trimestre de 2013, alcançasse US$ 0,28 por ação no período de janeiro a março desse ano.

“A visão consensual da previsão para commodities lácteas para 2014 parece ser mais desafiadora do que esperado anteriormente, à medida que os atuais preços dos lácteos se moveram para próximo ou além dos máximos históricos”.

Tanner previu que o preço do leite Classe I dos Estados Unidos, que já aumentou em 8% nesse ano, para um recorde de US$ 48,55 por 100 quilos, estenda seu aumento para US$ 52,91 por 100 quilos no próximo mês.

Para o período de outubro a dezembro, a Dean Foods revelou uma perda de US$ 37,7 milhões, comparado com um lucro de US$ 28,1 milhões no ano anterior, com as receitas caindo em US$ 6,6%, para US$ 2,30 bilhões.

Entretanto, a tendência para perdas incluiu uma série de itens extraordinários, inclusive US$ 63 milhões em perdas sobre a reforma antecipada da dívida, sem a qual o grupo teria obtido um lucro de US$ 0,18 por ação, de acordo com as expectativas dos investidores.

A reportagem é do Agrimoney, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.