Na sexta-feira, a Emmi, um dos maiores grupos de lácteos da Suíça, com ações na bolsa de Zurique, anunciou a aquisição de 40% de participação no Laticínios Porto Alegre, por um valor não revelado. Em nota, a empresa suíça disse que "ao realizar esta aquisição no Brasil, reforça sua presença num país que cobiça há muitos anos".
Carneiro, que fundou a Porto Alegre em 1991 com seu irmão José Afonso, disse que, com a chegada da Emmi, os recursos para investimentos no crescimento da companhia "estão garantidos". "A empresa fica mais forte, menos dependente de bancos", observou.
O projeto de crescimento da Porto Alegre prevê investimentos de R$ 150 milhões em quatro anos. Agora, o montante a ser aplicado será dividido proporcionalmente entre os sócios.
Com os investimentos, a empresa, que faturou R$ 580 milhões brutos em 2016, espera dobrar sua capacidade de produção e receita em cinco anos. Segundo Carneiro, os planos para o mercado brasileiro foram um dos motivos que contribuíram para o interesse da Emmi. O avanço da empresa mineira nos últimos anos também foi um fator de atração. Em 2012, o laticínio havia faturado R$ 200 milhões.
A parceria com a companhia suíça prevê transferência de tecnologia e know-how para a Porto Alegre, de acordo com Carneiro. Sem dar detalhes sobre produtos, o presidente da empresa disse que a chegada da Emmi permitirá "complementar o portfólio" da Porto Alegre. Hoje, a empresa mineira produz queijos, queijo fresco, requeijão, leite longa vida e manteiga, leite em pó e soro de leite pó para a indústria de alimentos.
A Emmi, por sua vez, só exporta queijos finos ao Brasil atualmente. A companhia, que tem 25 unidades de produção na Suíça, fabrica, além de queijos, iogurtes, leite pasteurizado, bebidas lácteas, entre outros. Segundo Carneiro, a Porto Alegre "pode vir a distribuir produtos" da Emmi no país, mas ainda não há definição sobre o assunto.
Um dos primeiros movimentos que a Porto Alegre fará com a sócia é o aporte na construção de uma nova unidade em Barbacena, onde comprou uma fábrica de queijo frescal no fim de 2016. Inicialmente, disse o CEO, as linhas de produção de ricota, cottage e frescal da unidade de Ponte Nova serão transferidas para Barbacena.
Com isso, será possível ampliar a produção de outros itens em Ponte Nova. Então, no fim deste ano, a empresa começará a construção da nova fábrica em Barbacena, ao lado da existente hoje. A previsão é que a planta comece a operar no início de 2019, segundo ele. A Porto Alegre também tem fábrica em Mutum, onde produz queijos, como muçarela e parmesão, e soro de leite em pó.
O principal mercado da Porto Alegre é Minas Gerais, mas seus produtos também são comercializados no Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo - a empresa planeja ampliar sua presença nos dois últimos.
As negociações entre a Emmi e a Porto Alegre começaram em setembro do ano passado, de acordo com João Lúcio Carneiro, que também preside o conselho de administração do laticínio. A Porto Alegre tem três membros no conselho, assim como a Emmi.
Questionado se o grupo suíço teria interesse de, no futuro, adquirir o controle da Porto Alegre, Carneiro afirmou que o "objetivo deles é ter parceiro no Brasil e não a aquisição total da empresa".
A Emmi, que teve receita líquida de 3,259 bilhões de francos suíços em 2016 (US$ 3,306 bilhões), tentava há anos entrar no Brasil. No fim de 2015 chegou a negociar a aquisição do paulista Laticínios Shefa, mas a transação não vingou. Conforme apurou o Valor, a suíça também negociou, sem sucesso, com a catarinense Tirol, em 2014.
As informações são do jornal Valor Econômico.
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