Cepea/USP: preço ao produtor aumenta 1% em abril

Preço médio pago aos produtores em abril (referente à produção entregue em março) subiu 1,1%, indo para R$ 0,8676/litro. Demanda desaquecida por produtos lácteos e as elevadas importações, especialmente de queijos e leites em pó estão prejudicando o mercado.

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - 2 minutos de leitura

Ícone para ver comentários 13
Ícone para curtir artigo 0

O preço médio pago aos produtores em abril (referente à produção entregue em março) subiu apenas 1,1% (quase 1 centavo por litro), indo para R$ 0,8676/litro - esse valor representa a média ponderada pelos estados de RS, PR, SC, SP, MG, GO e BA. Com relação ao mesmo período do ano passado, a média apresentou aumento de 4% em termos reais, ou seja, descontando-se a inflação do período.

De acordo com a pesquisa mensal realizada pelo Cepea a respeito das expectativas de compradores de leite sobre o comportamento dos preços no mês seguinte, 64% dos entrevistados (que representam 86% do volume de leite da amostra) acreditam em estabilidade dos preços a serem pagos ao produtor em maio. Para 30% dos representantes de laticínios (que respondem por 11% da amostra), deve haver alta de preços e 6% dos agentes consultados (responsáveis por 3% do volume amostrado) acreditam em redução.

Nesta época do ano, é esperado que a oferta de leite siga diminuindo com a redução das pastagens. Neste ano, a produção de leite em importantes estados tem apresentado diminuição desde janeiro. O Cepea registrou uma redução acentuada no índice de captação (o ICAP-Leite/Cepea) de 6% entre fevereiro e março, porém o valor ficou em patamar 1,5% acima do observado em março/11.

Entretanto, indústrias e cooperativas consultadas pelo Cepea continuam relatando que a demanda desaquecida por produtos lácteos e as elevadas importações, especialmente de queijos e leites em pó, estão prejudicando o mercado. Apenas no primeiro trimestre deste ano, o volume importado em equivalente leite representou 7% da produção formal divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o mesmo período de 2011 - o cálculo teve como base também dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

No segmento de leite UHT, cotado diariamente no mercado atacadista do estado de São Paulo, o preço médio em abril (até o dia 26) apresenta leve aumento de 1% frente ao mês anterior, indo para R$ 1,77/litro (o valor inclui frete e impostos). Já o queijo muçarela se manteve no mesmo patamar de março, a R$ 10,29/kg. A pesquisa é feita com o apoio financeiro da OCB/CBCL.

Dentre os estados que compõem a média "nacional", Goiás foi o que apresentou a maior alta de preços do leite ao produtor em abril, de 2,7% (ou 2,4 centavos por litro) frente a março. A média foi para R$ 0,9122/litro, o maior valor observado entre os estados da pesquisa. Em Minas Gerais, o aumento foi de 2,2% (1,9 centavos por litro), com a média indo para R$ 0,8828/litro em abril. Em São Paulo, o preço médio pago aos produtores foi de R$ 0,8874/litro, aumento de 1,5% (1,3 centavos por litro) frente a março. Na Bahia, houve incremento de 1,7% (1,4 centavos por litro), com média de R$ 0,7760/litro.

No Sul do País, os preços permaneceram praticamente estáveis entre março e abril. Houve leve aumento de 0,9% (0,7 centavo por litro) no Rio Grande do Sul, com a média a R$ 0,8502/litro. No Paraná, o valor médio aumentou 0,4%, indo para R$ 0,8338/litro e, em Santa Catarina, houve leve alta de 0,2%, com média de R$ 0,8218/litro.

No Rio de Janeiro, a média de preços foi de R$ 0,8854/litro, o que representou aumento de 3,1% (2,7 centavos por litro) frente a março. Em Mato Grosso do Sul, a média foi de R$ 0,7340/litro, com reajuste de apenas 0,5%.

Gráfico 1: Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA (média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA)

Figura 1

Fonte: Cepea-Esalq/USP

A matéria foi baseada em notícia de Aline Barroso Ferro e Sergio De Zen do Cepea-Esalq/USP.
QUER ACESSAR O CONTEÚDO? É GRATUITO!

Para continuar lendo o conteúdo entre com sua conta ou cadastre-se no MilkPoint.

Tenha acesso a conteúdos exclusivos gratuitamente!

Ícone para ver comentários 13
Ícone para curtir artigo 0

Publicado por:

Foto MilkPoint

MilkPoint

O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Savio
SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 11/05/2012

Prezado Sidney;

Não dá pra generalizar os laticínios e suas políticas. Assim como não dá pra generalizar os produtores e suas características.

A cadeia produtiva no Brasil é muito complexa para generalizações.

Abraço
Sidney Lacerda Marcelino do Carmo
SIDNEY LACERDA MARCELINO DO CARMO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/05/2012

Prezado Sávio,

Concordo que o produtor deve ser remunerado por meritocracia. Mas isto está acontecendo? (Sendo que tem produtor com 1500 litros recebendo 74 centavos).

Porque os laticícnios só empurram o gargalo sempre para o produtor (isto acontece a décadas)?

Estou no campo como produtor de leite e extensionista e cada vez mais estou vendo os produtores desanimando do setor, ou seja, a rentabilidade não está compensatória. Para vc ver com exemplo veja o preço da saca de soja agora.

A pecuária leiteira exige muito capital empatado para muito retorno e quando tem.

Savio
SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 08/05/2012

Prezado Ronaldo Marciano Gontijo,

Como você pode ler acima, em nenhum momento insinuei que a crise é culpa de A ou B ou que os laticínios são vítimas, muito pelo contrário. Afirmei que a culpa dessa readequação de preços é dos laticínios que aumentaram o leite sem retorno de mercado (especulativamente): Segue trecho acima que comprova essa afirmação "O que ocorre é que as indústrias erraram em aumentar o preço do leite de dezembro a março especulativamente futurizando um mercado bom em 2012 e assim iludindo os produtores que produziram mais seguindo essa tendência".

Sobre os preços anunciados antecipadamente, concordo que é uma falta de regulamentação, mas infelizmente o leite no Brasil com tantas variáveis que vão de política governamental a balança comercial frágil não permite que o preço seja antecipado. Temos histórico de variações de até 15% dentro de um mês no produto acabado. Só seria possível antecipar valores de 30 dias se o leite não fosse perecível e pudesse ser cotado (negociado) todos os dias, como uma bolsa por exemplo.

Se o anúncio do preço antecipado for imposto como se propõe, quem sairá perdendo serão os produtores que receberão projeções pessimistas mês a mês motivadas pelo temor de prejuízo das indústrias. Sobre a disponibilidade de leite, acho que deve cair mesmo, em momentos de crise temos que reduzir oferta e custos. A solução menos traumática para a crise que se apresenta seria a redução drástica de produção nos próximos meses, mesmo acreditando não ser possível haja vista a safra no sul do pais acenar ser mais um complicador nessa equação complexa que se desenha.


Abraço,
Ronaldo Marciano Gontijo
RONALDO MARCIANO GONTIJO

BOM DESPACHO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/05/2012

Sávio,

Vamos ser sinceros, o produtor entrega seu leite sem saber quanto o laticinio vai pagar, como pode o produtor ser responsavel por qualquer tipo de crise? Vocês da industria colocam a coisa como se o produtor fosse quem manda no preço de seu produto, sendo que na realidade não é. Me desculpe a franqueza, mas desta vez a industria está sendo mais cara de pau que o de costume. Se querem baixar o preço seja lá pelo motivo que for, que baixem, só não venham se passar por vitimas. Mas estejam preparados para uma queda na oferta, pois com toda certeza os produtores não vão conseguir manter o mesmo nivel de produção, principalmente com o farelo de soja disparando de preço.

Um abraço
Savio
SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 03/05/2012

Prezado Sidney,

Perdoe-me discordar da sua postagem,

Essa visão distorcida e paternalista da relação indústria/produtor é um dos vícios de mercado causador dessa e de outras crise do setor.

O produtor tem uma relação comercial de compra e venda do seu produto com as indústrias, e só. Se o pensamento fosse nesse sentido colocado por você, a troca de laticínios por parte dos produtores poderia ser comparada a uma traição ou coisa parecida.

O laticínio tem que remunerar o produtor baseado na meritocracia, avaliando qualidade, volume, benefício logístico dentre outras coisas e não porque o fulando é amigo do ciclano tradicional na região etc etc etc. Assim como o produtor tem que fornecer seu produto ao laticínio que propicia maior retorno financeiro à sua atividade, sendo esse um somatório em um complexo conjunto que determina seu sucesso no setor. Para complementar, a crise está na relação da cadeia produtiva, leia-se indústria e produtor. Se o varejo está ganhando muito (e é verdade) não é o problema determinante do mal momento. O que ocorre é que as indústrias erraram em aumentar o preço do leite de dezembro a março especulativamente futurizando um mercado bom em 2012 e assim iludindo os produtores que produziram mais seguindo essa tendência. Só que a realidade é dura e o mercado internacional está em queda vertiginosa (a muito tempo) a ponto de abrir novos leques de importação que podem causar uma crise sem precedentes no setor leiteiro nacional. A questão é matemática e não de relação entre os elos da cadeia produtiva. Não cabe mais esse discurso que o produtor é a "chapeuzinho" e o laticínio é o "lobo mau", temos que olhar com profissionalismo para dentro de nossas atividades, reduzir custos, interagir na cadeia produtiva enquanto parceiros na produção e pleitear às entidades governamentais mais proteção ao mercado interno, haja vista o nosso custo de produção insuportável na atualidade.

Abraço
Kleber José Cabrini
KLEBER JOSÉ CABRINI

MARÍLIA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 03/05/2012

Bom, acredito que assim como minha observação as demais são justas, porém, como exemplificou muito bem o Junior a conta é muito simples.

O que questiono é a metodologia dos indices em que muitas empresas/produtores e entidades utilizam como referência. Nós que estamos no dia à dia das empresas não enxergamos a mesma realidade dos índices. Mais uma vez o Junior foi muito preciso, como pode o preço do campo gerar ainda uma expectativa de alta, se o Leite em Pó baixa a cada Leilão, o Leite UHT é claro e notório que está muito abaixo do ano passado, e o Queijo não reage.

Qual é a metodologia utilizada para gerar estes indices? Ela é correta? É confiável?
Sidney Lacerda Marcelino do Carmo
SIDNEY LACERDA MARCELINO DO CARMO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/05/2012

Prezado Kleber e Júnior,

Pelo jeito vcs colocam o produtor como o vilão, mas no meu ver vcs deveriam pensar no produtor como um parceiro. O produtor todos os dias do ano (365 dias) labutam em disponibilizar sua matéria prima aos laticínios sem nenhum direito trabalhista como férias, décimo terceiro salário, insalubridade, hora extra e outros, ou seja, é o funcionário mais barato para os laticínios, varejistas e consumidores e ainda devemos ressaltar que são muitas variáveis como clima e muito mais. Se os laticínios não estão tendo remuneração, pode ter certeza que não é o produtor que é responsável por isto. Hoje podemos perceber que a maior fatia do mercado está nos varejistas, então não seria mais prudente se reunir com os mesmos para uma possível negociação?
darlani  porcaro
DARLANI PORCARO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/05/2012

Na verdade os laticínios sempre choraram de barriga cheia, a não ser que estejam fazendo alguma coisa de errado . Agora nós produtores já estamos acostumados a ficar no vermelho , os custos aumentaram muito , e o pior é a falta de mão de obra.


Divino Lucio Garcia de Carvalho
DIVINO LUCIO GARCIA DE CARVALHO

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/05/2012

Se está ruim para as industrias hoje, garanto que não é culpa do produtor!!! Desde que produzo leite, há 10 anos, nunca vi preriodo de vacas gordas...e não é o que eu percebo sobre as industrias, a que capta o leite de minha propriedade, por exemplo,  está montando uma usina beneficiadora em Minas Gerais, de 30 milhões de Reais. Mas o produtor, arrasta por longos periodos e isso é ruim pros dois lados, pois, se a industria massacrar o produtor certamente ela vai ser massacrada no futuro. Quem sabe já não é reflexo de periodos anteriores que a industria hoje começa a reclamar, juntamente com o produtor. Quem sabe, o governo dá uma reduzida nas importações e dá uma "ajudinha" pros conterrâneos!!!
José Eustáquio Bernardino de Sena - Nenê Sena
JOSÉ EUSTÁQUIO BERNARDINO DE SENA - NENÊ SENA

CANDEIAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/05/2012

O gráfico acima é bem claro, estamos estabilizando o preço de lácteos, veja o início de 2.011 e compare com a tendência inicial de 2.012.

Não haverá pico de alta nos meses de junho/julho, caminha para não haver pico de baixa no final de ano.

Com toda incerteza econômica, o Brasil bebe todo leite produzido aqui e mais um volume importado representativo.

Esta estabilidade de preço é bom para todos, a indústria planeja melhor seus investimentos, o produtor também ajusta seu fluxo de caixa e seus investimentos.

As questões tributárias no setor lácteo deveriam ser levadas com mais seriedade do que são...

Agropecuária 2N Ltda

Candeias -MG

Nenê Sena
Lucas Batista
LUCAS BATISTA

ORIZONA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/04/2012

Tomara que a expectativa dos 64% dos entrevistados se concretize. Nos produtores não aguentaremos queda de preço de leite em plena entressafra, como está se propagando  pelo campo.
Junior Catanduva
JUNIOR CATANDUVA

GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 30/04/2012

Matéria bem realista com o mercado atual.

Na minha opinião, essa "demanda" desaquecida é mais um sinal de que o consumidor assimilou o atual patamar de preços dos lacteos, e não esta disposto a pagar mais por eles.

Só para confirmar isso, seria interessante os pesquisadores do CEPEA comparar o preço do UHT em Abril de 2012 (R$ 1,77) contra o mesmo periodo em 2011. Verão que a diferença é de R$ 0,10 por litro mais barato em Abril de 2012 do que Abril de 2011. Enquanto o leite ao produtor em Abril de 2012 está R$ 0,08 mais caro do que em Abril de 2011.

A muçarela quando bem vendida no Atacado do Rio de Janeiro é de R$ 7,50 a R$ 9,00 o Kg. Se gasta 10 litros de leite para fazer 1 Kg Muçarela, como ficam as contas??

Isso significa que a Industria não consegue repassar ao Atacado e Verejo esse "aperto" na Margem dela!
Kleber José Cabrini
KLEBER JOSÉ CABRINI

MARÍLIA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 30/04/2012

Como podemos aumentar o Preço ao Produtor se não conseguimos implementar reajustes ao Varejo? Incompetência da Industria? Excesso de oferta?
Qual a sua dúvida hoje?