Califórnia deverá perder 6% das fazendas leiteiras

A seca e os altos preços do milho que têm afetado os Estados Unidos estão devastando a indústria de lácteos da Califórnia - de US$ 8 bilhões - a um ponto que os produtores não estão tendo condições de alimentar suas vacas.

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - 3 minutos de leitura

Ícone para ver comentários 12
Ícone para curtir artigo 0

A seca e os altos preços do milho que têm afetado os Estados Unidos estão devastando a indústria de lácteos da Califórnia - de US$ 8 bilhões - a um ponto que os produtores não estão tendo condições de alimentar suas vacas.

Especialistas da indústria estimam que até o final do ano, o Estado da Califórnia, o maior estado produtor de leite dos Estados Unidos, terá mais de 100 fazendas leiterias falidas, fechadas ou vendidas. As vacas leiteiras estão sendo abatidas a uma taxa acelerada por causa dos altos custos do milho. De acordo com o Western United Dairymen, um grupo comercial da Califórnia, três produtores de leite cometeram suicídio desde 2009, desesperados por perderem suas fazendas.

"Eu nunca tinha visto isso tão terrível como está agora", disse o produtor de leite de Tulare que faz parte da diretoria da Western United Dairymen, Frank Mendonsa. "As pessoas estão me chamando e perguntando o que fazer".

Os problemas começaram em 2009, quando os preços do leite caíram e os preços dos grãos aumentaram (parcialmente devido à lei do etanol do Governo). O Congresso está exigindo que os produtores de gasolina misturem 15 bilhões de galões de etanol, feito a partir do milho, na oferta de gasolina dos Estados Unidos até 2015. Os produtores de leite foram forçados a pedir empréstimos para pagar suas contas.

O gráfico abaixo mostra que a relação de troca dos produtores americanos (razão entre o preço do leite e o preço da ração) vem caindo desde o final de 2009. É possível observar que o produtor vem amargando prejuízos e comprometendo sua lucratividade.

Gráfico 1: Relação de troca do produtor americano
Figura 1

Esse ano, no meio oeste, está tendo a pior seca dos últimos 50 anos e os preços do milho aumentaram para mais de US$ 300 a tonelada. Historicamente, o preço do milho era em média US$ 130 por tonelada. Mesmo com os preços do leite subindo lentamente, em novembro, estará próximo ao nível recorde de US$ 51,08 por 100 quilos de leite fluido. Os produtores não estão conseguindo um equilíbrio por causa dos custos dos grãos e do feno. Especialistas acreditam que os consumidores começarão a ver um aumento de preços aos produtos lácteos em novembro.

Mapa da seca dos EUA (09/10/12)
Figura 2
Legenda: D0: seca normal; D1: seca moderada; D2: seca severa; D3: seca extrema; D4: seca excepcional

Agora, os produtores não conseguem pagar pelos alimentos animais, e também, não conseguem pagar seus empréstimos. Como resultado, os produtores estão tendo que abater vacas leiteiras produtivas, e estão recebendo apenas US$ 1.200 por cabeça. "Eu nunca vi um período em que a vaca leiteira vale mais para produção de carne do que para leite", disse o produtor de Turlock, Ray Souza.

O diretor executivo da Western United Dairymen, Michael Marsh, disse que em comparação com 2011, foram enviadas para abate mais de 24.900 vacas leiteiras.

As empresas de alimentos animais, com medo de não receber, estão pedindo que os produtores paguem adiantado ou na entrega. Para os produtores atrasados com seus pagamentos, algumas companhias estão pedindo medidas extras de garantia. Muitos produtores de leite estão simplesmente desistindo e deixando a atividade.

Marsh estimou que a indústria perderá 100 das 1.675 fazendas leiteiras da Califórnia nesse ano, equivalente à 6% das fazendas.

Muitos produtores de leite estão tendo que suplementar suas vacas com commodities locais, como cascas de amêndoas, semente de algodão ou polpa de maçã.

Os produtores planejam ir para Sacramento nessa semana, para falar com a secretaria de Agricultura e Alimentos da Califórnia, Karen Ross, para pedir ajustes nos preços do leite, que são fixados pelo Chicago Mercantile Exchange. Os produtores tem pedido a Ross para aumentar a porção do soro do leite na fórmula de fixação de preço do leite usado nos queijos em US$ 2 a mais por 100 libras. No entanto, o Departamento de Agricultura e Alimentos, que em julho fez uma concessão de 50 centavos no fator soro do leite, já disse aos produtores que não aumentará mais.

O porta-voz do departamento, Steve Lyle, disse que "Quando se considera mudanças nas fórmulas usadas para calcular o preço mínimo, o departamento é obrigado a equilibrar os impactos econômicos sobre os produtores, processadores e consumidores para garantir que exista leite suficiente para suprir a demanda e que a demanda continue consistente. Dados mostram que ajustes de preços de curto prazo não serão efetivos".

Ao invés disso, o departamento está montando o Dairy Future Task Force, uma coalizão de produtores de leite, processadores e cooperativas que farão recomendações para dar longevidade à indústria, disse Lyle.

A reportagem é do www.sfgate.com, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
QUER ACESSAR O CONTEÚDO? É GRATUITO!

Para continuar lendo o conteúdo entre com sua conta ou cadastre-se no MilkPoint.

Tenha acesso a conteúdos exclusivos gratuitamente!

Ícone para ver comentários 12
Ícone para curtir artigo 0

Publicado por:

Foto MilkPoint

MilkPoint

O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Hermenegildo de Assis Villaça
HERMENEGILDO DE ASSIS VILLAÇA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 23/10/2012

Prezado  conterrâneo Gilherme  A. de Mello Franco.
   Agradeço a ratificaçao de seu  comentário,sinal de bom caráter.
   Sempre ao seu dispor
   Hermenegildo


.
anderson
ANDERSON

ARROIO DO MEIO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/10/2012

Parabens pelo comentario , paulo ricardo klapfe...

Cada vez mais o produtor deverá se preocupar em produzir com qualidade e em larga escala para reduzir custos, implantando, na medida do possível, o sistema de associativismo na aquisição de implementos agricola necessarios, reduzindo e diluindo custos que seriam de uma só propriedade, em diversas propriedades, ou seja, imobilizado parado na metade do tempo é custo altíssimo e desperdício
Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/10/2012

Prezado conterrâneo Hermenegildo Villaça: Penitencio-me por ter entendido, de forma errônea, a sua informação. Havia entendido que você reclamava da utilização de alimentos necessários para os humanos (como soja e milho) para alimentar os animais (vacas, frangos). Alertado pelo companheiro Creomatson Bezerra de Almeida, de Recife, PE, a quem agradeço pela intervenção, reli sua exposição e, realmente, concordo com ela. Desviar produtos como milho, soja e cana de açúcar para programas energéticos é causar uma falta de alimentos em cadeia. Precisamos, realmente, repensar estes programas de biodiesel e de álcool combustível, se não quisermos colocar a fome nos tanques de nossos veículos automotores. Mil desculpas.


Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO


FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG


=HÁ SETE ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
José Maria Solis
JOSÉ MARIA SOLIS

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/10/2012

Nosso colega Hermenegildo nos lembra que esta interação, alimento x energia tem que ser repensada. A seca no Estados Unidos fala por si. Considerando que ambos (energia e alimentos) são decisivos no desenvolvimento da humanidade, vemos que o equacionamento tem que passar pelos gabinetes dos governos. O Brasil com seus peculiares recursos, tem especial oportunidade de entrar nesse contexto, seriamente. Precisa de pessoas competentes e interessadas nessas áreas.
paulo ricardo klafke
PAULO RICARDO KLAFKE

SANTA CRUZ DO SUL - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/10/2012

Meus Parabéns Sr.Guilherme Alves de Mello Franco, produtor de leite.Sou há 16 anos confinador também de qualidade de leite e prezo os produtores que tem a honra de defender a classe leiteira tão sofrida pela sua carga de trabalho,e  que coloca no mercado um produto que alimenta nossas crianças e nossa população com muito orgulho.

parabéns!!!!!
creomatson bezerra de almeida
CREOMATSON BEZERRA DE ALMEIDA

RECIFE - PERNAMBUCO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/10/2012

não tenho procuração do sr. Hermenegildol Vilaça, mas entendi exatamente o contrario do Sr. Guilherme Alves. Pelo que entendi ele é contra usar alimentos proprios para humanos e animais, na produção de combustiveis.


Não sou contra, mas toda ação não planejada resulta nesse tipo de acidente, coisa que tambem está acontecendo no nordeste, onde a solução para minimizar a tragedia está sendo a cana de açucar. Por sinal cara para a atividade leiteira.


creomatson
Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2012

Prezado conterrâneo Hermenegildo Vilaça: Esquece-se você, infelizmente, a quem admiro pelas intervenções constantes aqui no MIlk Point, antenado com as inovações da pecuária leiteira, um pesquisador de grande valia, que o leite é, de igual sorte, um alimento essencial e que, portanto, produzí-lo, também, é matar a fome do mundo.


Além das proteínas, vitaminas e sais minerais do produto "in natura", seus derivados são apreciados pelo mundo e matam a fome de muitas crianças, principalmente, em países paupérrimos da Africa e em inúmeras cidades, que sobrevivem abaixo da linha da pobreza, em regiões menos privilegiadas do globo terrestre.


Destarte, falar em utilização de alimentos próprios aos humanos para alimentar bovinos leiteiros é desconhecer as potencialidades não só do fruto lácteo, mas, também, da carne, dos ovos e de todos os seus derivados, que alimentam seus forncedores com soja e milho.


Um abraço,





GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO


FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG


=HÁ SETE ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
Gabriel
GABRIEL

ARCOS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2012

leite so é valorizado  pra quem tira mt  nos pequenos estamos nun barco q so vai afundando...
José Maurício Gomes
JOSÉ MAURÍCIO GOMES

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2012

Um dia isso acontecerá aqui, e com este governo que só sabe dar propinas para Deputados através de mensalão, estaremos todos condenados a falencia
Jose Cyríaco de Godoy Neto
JOSE CYRÍACO DE GODOY NETO

RECIFE - PERNAMBUCO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2012

Em Pernambuco e demais estados do NE que possuem bacias leiteiras ,as vacas foram abatidas e o restante migrou p/o Maranhão onde tem pastagens ,porém esses animais não podem retornar por causa do status de aftosa desse estado. Como esses fazendeiros irão repor seus rebanhos para retornar suas atividades?


Em PE dos 180mil ha de palma só restam 70mil,nos governos anteriores ao atual foi extinto a EMATER PE orgão de assistencia tecnica do estado no mínimo avisado aos produtores dessa estiagem(que é ciclica) sem se falar na atuação junto à conab para estimar as reais necessidades de milho do estado.


Pergunto: se não é mais barato realizar ações  conviver com a estiagem dando sobrevida aos rebanhos(calculando as reais ncessidades de cada fazenda, de palma,capineira aguadas,silagem e demais medidas)e tudo isso com juros e prazos de acordo com as reais condições de cada região ou usar quantias fabulosas dos recursos da união só p/ combater os efeitos da sêca e que no próximo ciclo será novamente necessario.
Hermenegildo de Assis Villaça
HERMENEGILDO DE ASSIS VILLAÇA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 18/10/2012


     Esta é a conta a ser paga por usar alimento de humanos, e animais para uso sem sentido  na produção de energia     Ainda,tem muita gente morrendo de fome no mundo,a cada minuto.
Paula Cristina Marcondes Lários
PAULA CRISTINA MARCONDES LÁRIOS

MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/10/2012

Nossa.


Achei que esse tipo de catástrofe econômica-ambiental iria demorar mais a ocorrer.


Com relação a seca acho deveria ser uma consciência mundial, fazer um plano de reflorestamento(coerente e praticável). ninguém vai sair perdendo não, ao contrário. Temos que mudar o jeito de pensar por exemplo em pecuária de extensão, precisamos pensar no futuro.


A maior nação do mundo está em crise e imagine nós meros emergentes.


Pra quem produz grãos no MT o mercado dou recorde e excelente. Mas não podemos prever o dia de amanha.


O que está acontecendo com os EUA poderia ser conosco e vale lembrar que existem vacas de corte morrendo de fome no nordeste, pelo preçco absurdo do milho.


Temos que pensar em alternativas de alimentos para os animais e mais do que tudo preservar o meio ambiente!
Qual a sua dúvida hoje?