Benefícios do tratamento térmico do colostro

Há apenas uma década, a pasteurização do colostro era ignorada na indústria de lácteos dos Estados Unidos. À medida que foram percebidos os benefícios da pasteurização do leite residual para bezerros, iniciou-se também o interesse pela tecnologia com o colostro.

Publicado por: MilkPoint

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Há apenas uma década, a pasteurização do colostro era ignorada na indústria de lácteos dos Estados Unidos. À medida que foram percebidos os benefícios da pasteurização do leite residual para bezerros, iniciou-se também o interesse pela tecnologia com o colostro.

A veterinária pesquisadora da Universidade de Minnesota, Sandra Godden, é pioneira no tratamento térmico do colostro. Os testes iniciais não foram totalmente bem sucedidos, principalmente por causa das diferentes características entre o leite residual e o colostro. Além de criar um produto que tinha uma consistência inaceitável para alimentação dos animais, Godden e outros pesquisadores descobriram que o processo de pasteurização desnaturava todos os importantes anticorpos do colostro, reduzindo os níveis de imunoglobulina (IgG) em até 30%

A pesquisa evoluiu até que a equipe de Minnesota chegou a uma prática que funcionou: aquecer o colostro em lotes a uma temperatura menor (60oC) por um período maior de tempo (60 minutos). Godden disse que é importante descrever esse processo como "tratamento com calor" e não como "pasteurização", porque as diretrizes de tempo e temperatura não cumprem com as especificações da pasteurização.

Eles provaram que o processo reduz significativamente os níveis de bactérias, incluindo E.coli, Salmonella, Mycoplasma, Listeria e Mycobacterium paratuberculosis, causadora da doença de Johne's. O acompanhamento dos bezerros alimentados com o colostro tratado com calor mostrou que eles tinham níveis maiores de proteína total (PT) sérica em 24 horas e de IgG. "Achamos que isso é porque existem menos bactérias no intestino para interferir com a absorção passiva dos anticorpos do colostro".

Para deixar essa metodologia aplicável às fazendas, o grupo de pesquisadores trabalharam com seis fazendas comerciais em Minnesota e Wisconsin para comparar os efeitos do fornecimento de colostro cru versus colostro tratado com calor para mais de 1.000 bezerros recém-nascidos. Os funcionários da fazenda foram treinados pelos pesquisadores, mas então, deixados para implementar os protocolos do estudo sozinhos.

Um grupo de bezerros receberam 4 quartos de colostro cru e um outro grupo recebeu colostro tratado com calor algumas horas após o nascimento. A contagem total de bactérias em placas e contagem de coliformes foram medidas para todos os lotes, bem como a concentração de IgG no colostro.

As contagens de bactérias para colostros tratados com calor foram significantemente menores, sem efeitos significantes nos níveis de IgG no colostro.

O estudo também incluiu uma coleta de sangue em todos os bezerros de um a sete dias de idade para comparar as concentrações séricas de IgG e PT entre os dois grupos. Além disso, a equipe da fazenda registrou todos os tratamentos de doenças em todos os bezerros do estudo, do nascimento ao desmame. "A última medida dessa pesquisa foi descobrir se os bezerros alimentados com colostro tratado com calor eram mais saudáveis".

Especificamente, eles descobriram que as concentrações séricas de IgG foram significativamente maior em bezerros alimentados com colostro tratado com calor. Os bezerros do grupo do colostro tratado também tiveram menos chances de sofrer de diarreia ou ser tratado para alguma outra doença.

"Eu provavelmente fui um pouco tendenciosa, mas acho que os bezerros alimentados com o colostro tratado fizeram melhor - comendo os grãos iniciais mais cedo e adoecendo menos frequentemente", disse Sarah Kreft, da fazenda Jon-De-Farms. "Os números mostraram que eles realmente estavam mais saudáveis". Um benefício adicional que Kreft aprecia é que o tratamento com calor preserva a validade do colostro, que eles refrigeram após o processamento.

Dicas para tratamento de colostro com calor

Tratar o colostro com calor de forma bem sucedida requer uma atenção rotineira aos detalhes, aconselha Godden. Ela sugere que:

1. Não tente tratar com calor colostro fermentado ou você pode se deparar com um pudim. O colostro fresco deve ser tratado dentro de duas horas após a coleta da vaca ou refrigerado imediatamente e então tratado dentro de um a dois dias da coleta.

2. Monitore regularmente o tempo e a temperatura do processo de aquecimento. O processamento por menos de 60 minutos resultará em uma eliminação subpadronizada de bactérias, enquanto temperaturas maiores que 61oC começarão a causar danos à IgG. O sistema precisa ser capaz de controlar precisamente a temperatura para evitar que essa ultrapasse os limites. Um excesso de temperatura pode resultar em uma quantidade reduzida de IgG no colostro e/ou aumentar a viscosidade, possivelmente a um ponto de produzir um colostro gelatinoso em um produto com altos sólidos totais.

3. O colostro deve ser agitado durante as fases de aumento da temperatura, manutenção e redução da temperatura para garantir o tratamento em todo o colostro e evitar excesso de aquecimento/desnaturação da IgG.

4. Faça cultura do colostro cru e tratado pelo menos uma vez por mês para medir os benefícios do tratamento com calor. Meta: contagem bacteriana total do colostro tratado com calor de menos de 20.000 UFC/mL.

5. Estabeleça protocolos efetivos de limpeza para equipamentos de tratamento com calor, estocagem do colostro e equipamentos de fornecimento do colostro. Isso ajuda a preservar a qualidade do colostro e reduz dramaticamente os erros de manejo do mesmo.

6. Refrigere imediatamente o colostro tratado no pasteurizador. O colostro tratado termicamente que fica parado sem refrigeração pode rapidamente ter um novo crescimento bacteriano para os níveis de pré-tratamento ou mais.

7. Rotineiramente monitore a incidência de doenças e as taxas de transferência passiva em bezerros. Meta: 90% de bezerros testados entre um a sete dias de idade devem ter uma concentração sérica de IgG de pelo menos 10,0 g/L e um valor sérico de PT de pelo menos 5,0 g/dL.

A reportagem é do Dairy Herd, traduzido e adaptado pela Equipe MilkPoint.
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