Na quarta-feira houve outra tentativa por parte do Governo de Santa Fé de solucionar o impasse, mas a negociação fracassou. No entanto, o Governo nacional da Argentina decidiu olhar para outro lado, disse que o conflito é com o setor privado.
O fato é que o preço final do leite vendido por 12.000 produtores à 10 usinas leiteiras foi regulado pela Secretaria de Comércio Interior, sendo responsável o secretário Guillermo Moreno. Porém, o tema ficou nas mãos de Augusto Costa, segundo vice-ministro de Economia, que não deu nenhuma resposta.
O preço no campo está congelado há dois anos enquanto o leite no varejo subiu. Assim, eles recebem 1,50 pesos (US$ 0,32) por litro e o saquinho de leite integral mais barato custa no supermercado 5 pesos (US$ 1,08).
Sem nenhum sinal por parte dos funcionários, o conflito parece se encaminhar a um quadro de maior gravidade entre indústrias e produtores. Na quarta-feira, soube-se que as indústrias solicitaram intervenção da justiça. Porém, os produtores prometem não abandonar os bloqueios.
De madrugada, às 3 da manhã, ocorreram momentos de forte tensão na porta da planta da SanCor em Sunchales, Santa Fé. Foi quando um grupo de cooperativistas tentou romper o bloqueio. A discussão durou até às 6 horas e o bloqueio continuou.
Os bloqueios também provocaram críticas severas do público que viram imagens de televisão mostrando o leite derramado nas usinas e estradas rurais. Os produtores pediram que entendam sua luta. "Mais do que ninguém, dói ao produtor descatar seu trabalho diário." Eles esperam que as pessoas se coloquem na pele de alguém que há dois anos está trabalhando com perdas".

Leite derramado em frente à planta da Milkaut em Colonia Nueva, Santa Fé. (Foto: Jose Almeida)
Na manhã de quinta-feira, o ministro de Produção de Santa Fé, Carlos Fascendini, recebeu produtores de leite e representantes das indústrias. O diálogo não chegou a nenhum resultado. Após a reunião, Fascendini decidiu enviar uma nota dirigida ao ministro da Agricultura da Argentina, Norberto Yahuar, e ao chefe de Gabinete de ministros, Juan Manuel Abal Medina, onde expressa a "preocupação pelo desenlace do conflito" e solicita que "convoque uma reunião de urgência com todos os membros da cadeia de lácteos para encontrar uma saída a essa grave situação".
Segundo informações do Clarín, apesar dos bloqueios, as distribuidoras de Santa Fé e do interior da província garantirão a entrega de produtos terminados e não faltarão nas gôndolas. O mesmo foi dito na província de Córdoba. Isso porque, com a queda das exportações, calcula-se que há excedente na produção e bons estoques nas mãos dos distribuidores.
Os produtores estão pedindo uma recomposição no pagamento pelo litro de leite por parte da indústria, pedindo um aumento para 2 pesos (US$ 0,43) por litro, como única alternativa para manter as fazendas leiteiras funcionando.
A essa altura, a paralisação na produção das indústrias é total.
A reportagem é do Clarín, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
