Argentina: 4 milhões de litros de leite são descartados

As principais usinas de lácteos das províncias de Santa Fé e Córdoba seguem bloqueadas pelos produtores de leite, em um conflito que ameaça se agravar mais. Durante os quatro dias, já foram descartados cerca de 4 milhões de litros de leite.

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As principais usinas de lácteos das províncias de Santa Fé e Córdoba seguem bloqueadas pelos produtores de leite, em um conflito que ameaça se agravar mais. Durante os quatro dias, já foram descartados cerca de 4 milhões de litros de leite.

Na quarta-feira houve outra tentativa por parte do Governo de Santa Fé de solucionar o impasse, mas a negociação fracassou. No entanto, o Governo nacional da Argentina decidiu olhar para outro lado, disse que o conflito é com o setor privado.

O fato é que o preço final do leite vendido por 12.000 produtores à 10 usinas leiteiras foi regulado pela Secretaria de Comércio Interior, sendo responsável o secretário Guillermo Moreno. Porém, o tema ficou nas mãos de Augusto Costa, segundo vice-ministro de Economia, que não deu nenhuma resposta.

O preço no campo está congelado há dois anos enquanto o leite no varejo subiu. Assim, eles recebem 1,50 pesos (US$ 0,32) por litro e o saquinho de leite integral mais barato custa no supermercado 5 pesos (US$ 1,08).

Sem nenhum sinal por parte dos funcionários, o conflito parece se encaminhar a um quadro de maior gravidade entre indústrias e produtores. Na quarta-feira, soube-se que as indústrias solicitaram intervenção da justiça. Porém, os produtores prometem não abandonar os bloqueios.

De madrugada, às 3 da manhã, ocorreram momentos de forte tensão na porta da planta da SanCor em Sunchales, Santa Fé. Foi quando um grupo de cooperativistas tentou romper o bloqueio. A discussão durou até às 6 horas e o bloqueio continuou.

Os bloqueios também provocaram críticas severas do público que viram imagens de televisão mostrando o leite derramado nas usinas e estradas rurais. Os produtores pediram que entendam sua luta. "Mais do que ninguém, dói ao produtor descatar seu trabalho diário." Eles esperam que as pessoas se coloquem na pele de alguém que há dois anos está trabalhando com perdas".

Figura 1
Leite derramado em frente à planta da Milkaut em Colonia Nueva, Santa Fé. (Foto: Jose Almeida)

Na manhã de quinta-feira, o ministro de Produção de Santa Fé, Carlos Fascendini, recebeu produtores de leite e representantes das indústrias. O diálogo não chegou a nenhum resultado. Após a reunião, Fascendini decidiu enviar uma nota dirigida ao ministro da Agricultura da Argentina, Norberto Yahuar, e ao chefe de Gabinete de ministros, Juan Manuel Abal Medina, onde expressa a "preocupação pelo desenlace do conflito" e solicita que "convoque uma reunião de urgência com todos os membros da cadeia de lácteos para encontrar uma saída a essa grave situação".

Segundo informações do Clarín, apesar dos bloqueios, as distribuidoras de Santa Fé e do interior da província garantirão a entrega de produtos terminados e não faltarão nas gôndolas. O mesmo foi dito na província de Córdoba. Isso porque, com a queda das exportações, calcula-se que há excedente na produção e bons estoques nas mãos dos distribuidores.

Os produtores estão pedindo uma recomposição no pagamento pelo litro de leite por parte da indústria, pedindo um aumento para 2 pesos (US$ 0,43) por litro, como única alternativa para manter as fazendas leiteiras funcionando.

A essa altura, a paralisação na produção das indústrias é total.

A reportagem é do Clarín, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
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paulo roberto fonseca
PAULO ROBERTO FONSECA

ITAPEVA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/08/2012

É isso ai Fabio, enquanto o governo nao se preocupar com  os produtores,vai acontecer o que esta havendo na Argentina. Dessa forma vão achar que tanto os produtores de graos ou de leite serao os viloes da  historia..Ja tivemos por aqui situaçao identica.É´MUITA POBREZA DE ESPIRITO,POR PARTE DOS GOVERNANTES.
FÁBIO BITTI LOUREIRO
FÁBIO BITTI LOUREIRO

ARACRUZ - ESPÍRITO SANTO - MÉDICO VETERINÁRIO

EM 21/08/2012

Alimento é questão de segurança Nacional! Deveria ser abordada sobre este prisma, para que não venha a faltar na mesa, mesmo você tendo dinheiro para comprar. Fico triste com a situação de ver alimento ser jogado fora , mas acredito que se os produtores forem sempre tratados como os vilões da cadeia produtiva poderá chegar ao ponto de desabastecimento efetivo, por falta de pessoas dispostas a dedicar-se a esta atividade.

Quando falta mercadoria e o preço sobe para o produtor, como é o caso dos grãos, agora, ninguém lembra os anos de penúria onde se via produtores entregando 1 saco de milho de 60 kg por R$7,00.

Há que se exigir eficiência na gestão e garantir dignidade aos produtores pelo fruto de seu trabalho.  
celia azevedo
CELIA AZEVEDO

BELÉM - PARÁ - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 17/08/2012

Fernando,

Sou zootecnista, e encerramos a uma semana as Chamadas Públicas do Leite, projeto do MDA juntamente com a EMATER, caso queira interagir mais sobre o assunto meu email; celiaazevedo10@hotmail.com


Grata,


Célia Azevedo


Zootecnista, Esloc Bannach - Pa-
Fernando Melgaço
FERNANDO MELGAÇO

GOIÂNIA - GOIÁS - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 15/08/2012

Eh, a coisa la na Argentina está mais preta que por aqui. Vender leite  R$ 0,64 o litro é coisa triste mesmo.

Lá estão tentando obter preço de R$0,86 por litro. Parece que os custos de produção de lá são mais baixos que os daqui. Até  a pouco tempo atrás, nossos produtores estavam recebendo em torno de R$ 0,80 a 0,90 por litro, se não me engano.

O problema de preço do leite pago aos produtores parece ser mundial. Já li aqui mesmo no MikPoint  que produtores de alguns países Europeus também estão descontentes com com os preços recebidos pelo produto.

Ando preocupado com a atual crise financeira mundial, mormente dos países Europeus. Acredito que ela ainda vai continuar por muitos anos. Não vejo como aqueles  países, que a meu ver são países, onde quase tudo já está pronto, tenham como crescer. Acredito eu, que as únicas medidas que têm que tomar são as de redução de gastos públicos e outros.

A conclusão a que quero chegar é a de que aqueles países tendo que reduzir seus gastos, também vão importar cada vez menos, afetando assim os países exportadores, como é o caso do Brasil.

Atenciosamente,

Fernando Melgaço

celia azevedo
CELIA AZEVEDO

BELÉM - PARÁ - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 14/08/2012

Estou com o produtor e nao abro... Nao é fácil acordar as 3;h da manha, ter altos custos de produçao.. e no final da história ver todo seu trabalho ser pago a 0.43 o litro. Isso é mesmo um absurdo!!!
paulo roberto fonseca
PAULO ROBERTO FONSECA

ITAPEVA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/08/2012

Temos que fazer como os ARGENTINOS, se verificarmos  a Industria sempre  fica com a fatia maior. Quem sabe  se tomarmos medidas identicas ,seremos recompensados.Parabens LOS MANOS,  pela iniciativa.
Qual a sua dúvida hoje?