Na última semana um ciclone extratropical atingiu em cheio várias cidades do sul, comovendo e assustando o país todo já que o fenômeno nessa magnitude raramente é observado no Brasil. 52 cidades foram atingidas no Rio Grande do Sul, com ventos de até 150 km/hora.
Sede Nova foi uma das cidades mais atingidas, e além de perdas nas áreas rurais teve grandes prejuízos na área urbana. Conversamos com o produtor rural Sr. Jair Brentano de 43 anos que nos contou um pouco da tragédia.
Jair relata que houve a previsão da vinda do ciclone via noticiários, porém nenhuma orientação foi dada para proteger as pessoas e animais. Ele diz que após o desespero da tempestade quem ajudou com alimentos, colchões e outros itens foi a população da cidade e os vizinhos que se uniram, e que isso foi impressionante. Não houve feridos graves, apenas 3 animais que se machucaram mais.
Fonte: produtor Jair Brentano
Brentano já estava na atividade há 25 anos e há 6 investiu num barracão de 115m x 36m totalizando uma área de pouco mais de 4.000m², que abrigava 140 vacas em lactação além de 70 novilhas além das vacas secas. Hoje esses animais estão alocados nos vizinhos, com exceção das novilhas que puderam ficar nos pastos. A propriedade tem 40 hectares e luta para sobreviver na atividade. Além da perda do barracão que não tinha seguro, a família perdeu mais de um terço do silo.
Segundo Nacir Penz, vice-presidente da associação de criadores de gado holandês (Gadolando), na região de Celeiro, cerca de oito cidades foram atingidas e mais de 500 produtores locais tiveram estruturas danificadas. O dirigente reforça o pedido de apoio das autoridades para que possam auxiliar os atingidos.
"A coisa está cruel. Teremos que achar um jeito de distribuir os animais entre os produtores que não foram atingidos. Muitos produtores de outras cidades já estavam ajudando e tentando salvar os animais", destacou, ressaltando o pedido de apoio entre os produtores da região.
Marcos Tang, presidente da Gadolando, relata que há um "cenário de guerra". "Temos produtores procurando vacas em escombros, não temos onde ordenhar e os vizinhos estão ajudando, levando as vacas para tentar ordenhar. Realmente é um cenário muito triste e lamentável que estamos atravessando", reforça, lembrando que eles já vivem uma dificuldade do setor e agora enfrentam uma nova tragédia.
Ainda não há sinalização por parte do Estado se haverá algum tipo de assistência a esses produtores. Por enquanto apenas a união entre eles e a fé fazem algum tipo de arcabouço para que consigam planejar os próximos passos. Jair diz que não sabe se vai continuar na atividade, que ainda está pensando pois já vinha passando grandes dificuldades e agora precisa avaliar.
Autores:
Hayla Fernandes
Gadolando