Após bons resultados, meta dos produtores de leite de SC é exportar

A meta dos produtores de leite catarinenses para 2018 é a exportação. Apesar de a produção de leite ser a terceira maior economia vinda da agropecuária em Santa Catarina, o estado consome menos da metade do leite que produz.

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - 5 minutos de leitura

Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 2

A meta dos produtores de leite catarinenses para 2018 é a exportação. Apesar de a produção de leite ser a terceira maior economia vinda da agropecuária em Santa Catarina, o estado consome menos da metade do leite que produz. 

“O caminho do leite tem que ser a exportação, Santa Catarina tem as portas abertas para isso: nosso status sanitário, a qualidade do produto e a modernidade na industrialização do leite”, afirma Moacir Sopelsa, secretário de Estado da Agricultura. 

Crescimento

Nos últimos dez anos a produção de leite cresceu 82%, acima da média nacional. Um dos fatores é o investimento em tecnologia e melhoramento genético pelos produtores rurais. 

“A expansão se deu sempre pela necessidade de suprir a indústria”, afirma o produtor Enedi Zanchet. Ele faz parte do crescimento da cadeia do leite. A movimentação financeira em 2017 foi de R$ 3,5 bilhões, 13% do volume total do agronegócio catarinense. 

Há 29 anos ele trabalha com gado de leite. Este ano a propriedade dele vai ter 70 vacas leiteiras. A propriedade do Enedi Zanchet, em Arvoredo, deve ser a primeira capacitada a ter o leite exportado por uma indústria multinacional aqui em Santa Catarina.

Produtores de leite do Oeste se qualificam para buscar mercado exterior

De olho no planejamento do Estado para começar a exportar leite nos próximos anos, o produtor Nilsom Rosalem convenceu a filha mais velha e o genro a ficarem na propriedade, refez as contas e decidiu com a família investir mais no setor. Ele sabe que apesar de a demanda internacional e o maior consumo dependerem de esforço técnico e da vontade política, a ponta mais importante do novo passo recai sobre ele e os outros 60 mil produtores de leite espalhados em Santa Catarina.

Continua depois da publicidade

A família de Nilsom tem 60 bovinos na propriedade na Linha Tiradentes, em Pinhalzinho, a 55 quilômetros de Chapecó. Trinta deles são vacas holandesas que produzem 600 litros de leite por dia, 18 mil por mês. A propriedade de 24 hectares é uma das que estão em procedimento na região para viabilizar a certificação de propriedade livre de brucelose e tuberculose, requisitos sanitários exigidos para exportação. O Estado já é livre da febre aftosa sem vacinação.

Na região, assistida pela Cooperativa Regional Itaipu, são 38 propriedades com certificação sanitária entre as mais de duas mil que produzem.

– Parece pouco, mas é a região do Estado com maior número de (propriedades) certificados, conforme nos apresentou relatório da Cidasc (Companhia Integrada para o Desenvolvimento da Agropecuária) – argumenta o engenheiro agrônomo e responsável pela área de bovinos de leite da Itaipu, André Balestrini.

Os poucos certificados têm explicação. A primeira é que não há lei que obrigue a certificação para venda de leite e de carne bovina no mercado interno, apenas uma instrução normativa federal (62), publicada em 29 de dezembro de 2011 e em vigor desde 2016 para controle das duas doenças sanitárias.

Segundo a normativa, todo produtor de leite deveria ter certificação de propriedade livre de brucelose e tuberculose bovina, além de respeitar os limites de células somáticas e bacterianas que influenciam na qualidade do leite. Porém, a própria Embrapa atesta que nem todos os produtores seguem a normativa, por não ter força de lei. Quem segue, ganha a mais por litro de leite acima do padrão, uma forma de os laticínios exigirem qualidade e incentivarem o produtor a agregar valor ao produto.

Exames e controle de doenças sanitárias

O outro porém está no preço e na burocracia dos exames. Para obter o certificado de área livre de brucelose e tuberculose, o produtor precisa fazer dois exames em cada animal, ao custo aproximado de R$ 20 por cabeça. O exame de sangue vai identificar se o bovino tem brucelose e o teste de sensibilidade, se está com a bactéria causadora da tuberculose.

Em caso de positivo para as doenças, o animal deve ser descartado para abate sanitário.

– Já tivemos produtores que descartaram todo o rebanho. Um animal transmitiu para o outro e contaminou todos – ressalta o engenheiro André. Ele defende que a certificação de área livre das doenças também deve ser exigida para gado de corte, não só de leite, já que as doenças sanitárias podem atingir a todos, sem distinção de raça.

Para certificação, a propriedade precisa fazer dois exames num intervalo de seis meses. Depois, o exame passa a ser anual, valendo o atestado pelo mesmo prazo.

Outro aspecto que está sendo levado muito a sério pelo produtor Nilson, além da certificação, é o controle diário da qualidade do leite, principalmente a contagem de células somáticas e bacterianas. As primeiras não podem ultrapassar 400 mil/ml e as outras 100 mil/ml. Na propriedade dele, ambas não passam de 20 mil/ml.

Continua depois da publicidade

– Temos sempre que melhorar a qualidade, até porque é também uma garantia de melhora no preço. Se conseguirmos exportar, com certeza vão nos pagar mais – projeta.

Além da sanidade do rebanho, o Estado precisa investir em melhoramento genético e superar a ineficiência logística que tem na situação precária das rodovias um dos maiores entraves.

Investimentos para competir

Para aumentar a renda e a produtividade dos animais, a família de Nilsom Rosalem estipulou metas ousadas e investimentos maiores na produção e na qualidade do leite. A busca é por competitividade.

O primeiro investimento é no novo sistema de manejo e alimentação dos animais: o compost barn, sistema que prevê o confinamento dos animais em barracões forrados de maravalha ou serragem, tendo a silagem, o feno e a ração como alimentos. O sistema que custará R$ 140 mil, é baseado no bem-estar animal e promete aumentar a produção de três a cinco litros por vaca.

- Aumenta porque a vaca não vai precisar se deslocar para se alimentar como fazia no pasto. Sem se locomover, a vaca come de 30% a 40% menos, porém tendo menos desgaste físico de locomoção, ela aumentará a produção – explica o engenheiro André.

A meta da família Rosalem é confinar 50 animais, aumentando em 40% o rebanho e 100% a produção em um ano e meio. Com isso, os atuais 18 mil litros por mês se tornariam 40 mil.

Hoje, a família tem na atividade leiteira o principal sustendo de três gerações que moram na casa. É claro que o preço do litro de leite ainda não agrada: R$ 1,11 o litro, somando as bonificações de qualidade do leite.

- Estamos investindo, prevendo a melhora no preços, porque hoje o custo é alto para manter a produção. De cada R$ 1,11 são R$ 0,90 para custos. Sobram só R$ 0,21 para investir.

- O preço ruim é devido à alta importação, o aumento da produção e a queda no consumo no país. Neste cenário, a exportação se torna a válvula de escape. Porém, por enquanto, o produtor está investindo sem saber quanto vai receber (a mais pela exportação) – analisa André.

As informações são do G1 e do Diário Catarinense.

Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 2

Publicado por:

Foto MilkPoint

MilkPoint

O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Qual a sua dúvida hoje?