Agrosecurity: protecionismo dos EUA pode gerar demanda por soja e milho brasileiros

"A demanda por soja e milho brasileiros vai crescer mais rápido do que a procura por produto norte-americano", apontou, se referindo à possibilidade de a China e outros países retaliarem a decisão dos EUA de sobretaxar importações de aço e alumínio. "Brasil e Argentina vão ter um share maior no abastecimento de países asiáticos."

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O posicionamento protecionista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode gerar oportunidades para o Brasil, avaliou o sócio da Agrosecurity Consultoria, Fernando Lobo Pimentel. “O efeito Trump hoje está gerando um direcionamento interessante. Nosso agronegócio tem a oportunidade de capitalizar isso”, disse Pimentel no painel “O futuro para o mercado de commodities e seus impactos sobre o agronegócio”, no Seminário Desafios e Perspectivas do Agronegócio Brasileiro, realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, na última sexta-feira, 16, em São Paulo.

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“A demanda por soja e milho brasileiros vai crescer mais rápido do que a procura por produto norte-americano”, apontou, se referindo à possibilidade de a China e outros países retaliarem a decisão dos EUA de sobretaxar importações de aço e alumínio. “Brasil e Argentina vão ter um share maior no abastecimento de países asiáticos.”

O diretor técnico do Instituto de Economia Agrícola (IEA), Celso Vegro, destacou, entretanto, a ameaça que vem do protecionismo, assinalando que “o que está vingando é uma visão equivocada que trata déficit ou superávit como prejuízo ou lucro”. “O que tem de se procurar é o desenvolvimento por meio do comércio.” Ele assinalou que o Brasil enfrenta problemas na negociação comercial, citando a lentidão nas discussões entre Mercosul e União Europeia. “O Brasil foi muito incapaz de fazer acordos bilaterais, apostando no multilateralismo. Quando o Brasil resolve fazer acordos bilaterais, o mundo entra num processo antiglobalização”, afirmou. “Vamos ter de ser competitivos nos nossos produtos.”

Pimentel ressaltou, ainda, que o Brasil cresceu “de forma caótica” no ambiente de crédito do agronegócio. “Começa uma tendência de rediscutir esse assunto. Para ter um salto de crescimento, vamos precisar ter um modelo revisado.” Ele destacou a necessidade de melhorar o acesso a informações sobre crédito no setor, dentro e fora das instituições bancárias, uma vez que tradings, cooperativas, revendas e distribuidores têm movimentado grande volume de recursos no financiamento do agronegócio. “Existe uma discussão para unificar e criar uma central de registro de ônus e gravames, com informações dos financiadores de qualquer natureza. Precisa uma proposta de lei para regulamentar e uma plataforma tecnológica, que a B3 se prontificou a construir.”

Segundo ele, também é preciso melhorar o acesso ao seguro rural. “Governança por si só não vai ser suficiente para atrair de forma maciça capital bancário e do mercado financeiro. Mas é possível que a queda da taxa Selic traga recursos da subvenção das taxas de juros para subvenção de prêmio de seguro.”

Ainda sobre crédito, Vegro apontou que é preciso monitorar o excesso de liquidez no agronegócio. “Tem muita gente oferecendo dinheiro no agro. A cada cinco sete anos há uma grande crise de inadimplência. E normalmente as crises acontecem após momentos de excesso de liquidez”, alertou.

As informações são do jornal O Estado de São Paulo.

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