Egon será um dos palestrantes do Dairy Vision 2017, um dos principais eventos mundiais da cadeia do leite no mundo que ocorrerá em Curitiba/PR, entre 30 de novembro e 01 de dezembro. O tema da sua palestra será: “Inovar é pensar ao contrário. Inovação de valor para novos consumidores”.
“A partir do conceito de Paul Arden, ‘tudo o que você pensar, pense ao contrário’. A ideia da palestra é provocar a discussão de caminhos para gerar valor para o negócio de lácteos no Brasil e uma autorreflexão sobre qual a responsabilidade de cada player nesta cadeia de valor. Levaremos o frescor do olhar de fora para gerar perguntas que estimulem novos debates, ao mesmo tempo em que contribuiremos com a expertise em construção de lideranças em outras categorias”, acrescentou. Para ele, a Coca-Cola começou com o pé direito quando o assunto são os lácteos, visto que a Verde Campo [empresa adquirida pela Coca-Cola em 2015] possui em seu DNA o ‘pensar ao contrário’.
Mas o que é pensar ao contrário?
Para Egon, pensar ao contrário é gerar diferenciação. “Ninguém consegue se diferenciar de maneira contundente seguindo as tendências como todos os outros. Pensar ao contrário gera novas tendências. O mercado de alimentos e bebidas brasileiro é muito pouco sofisticado e de certa forma, bem simples. Temos vários skus (stock keeping units) [em tradução livre: unidade de controle de estoque] lançados todos os anos. Porém, mais de 90% deles fracassam em permanecer no mercado. E sabem o que falta? Diferenciação, já que maioria das inovações no Brasil são incrementais. O problema é que as inovações disruptivas ocorrem em intensidade e impacto muito menores quando comparadas à média mundial”.
Ele destaca que quando se compara o Brasil com Estados Unidos, Europa, China e Japão, somos considerados analfabetos funcionais da inovação. “Isso também ocorre com o setor lácteo, que tem desafios adicionais em função da natureza de sua matéria-prima, problemas de infraestrutura na cadeia de frios, entre outros”.
Questionado sobre qual a razão fundamental para que o mercado lácteo brasileiro comece a pensar ao contrário e barreira a se transpor, ele percebe grandes ‘pensadores ao contrário’ neste meio. “Com relação à criatividade e vontade, aliadas ao talento dos líderes no setor do Brasil, não devemos nada a ninguém. Desenvolver ideias não me parece ser uma barreira. A grande questão é como executar. Uma ideia brilhante mal executada, ou não executada, não gera valor. Barreiras como infraestrutura, baixo nível tecnológico, fragmentação da indústria, custo de mídia, baixa qualidade de manuseio e exposição nos pontos de vendas são as questões mais óbvias. Mas, todas estas podem ser equacionadas”. Ele acrescenta, que, no entanto, o Brasil está vivendo uma crise de valor, já que o endividamento das famílias, a baixa empregabilidade e falta de uma perspectiva de futuro estão levando o consumidor a entender a equação de valor de forma diferente. As fórmulas clássicas para resolução da equação de valor já não são mais suficientes.
“É preciso repensar estratégias e ferramentas, mas fundamentalmente, é preciso repensar os modelos de negócios”, explica. Sobre os consumidores, ele ressalta: “o consumidor é a classe na qual tudo o que fazemos se materializa. Mas, se quisermos conquistar o novo consumidor, precisamos pensar em toda a cadeia de valor e não somente em produto-placement-preço. Os novos consumidores, que vivem pelo propósito e têm o poder da comunicação a um clique, on the go, estão cada vez mais sofisticados. Há alguns anos atrás era uma ‘nova geração’ que estava vindo. Mas esta geração que pensa, faz negócio e compra de forma diferente não é só mais uma geração que está vindo. Em 2020 as gerações Y, Z e W serão mais da metade da população brasileira. Nossa cadeia industrial é longa. Nos adaptarmos em dois ou três anos não é tarefa fácil, mas, se não encararmos o difícil agora, não teremos valor em curtíssimo prazo”.
E como fazer essa revolução?
Na opinião de Barbosa, não há uma receita de bolo. “A verdade é que temos que tentar arriscar, errar e aprender. Precisamos perder o medo de ousar, de trazer o desconhecido para a mesa. Isto é que gera diferenciação, gerando novos segmentos, contribuindo com maiores margens. Isto é uma forma de pensar ao contrário. O que é certo é que se continuarmos a fazer os mesmos produtos, nas mesmas embalagens, vendendo através dos canais convencionais, para os mesmos consumidores, vamos continuar disputando preços e baixando o valor médio da indústria. Assim, estaremos expostos a um risco muito maior. Eu vejo um oceano de oportunidades na indústria no Brasil. Não é em vão que grandes companhias internacionais estão de olho no mercado brasileiro. Apesar de sua grandeza e maturidade, os sinais são de que estamos ainda no começo. Esta é uma notícia excelente. Temos muito a questionar, errar, reaprender, reconstruir. Podemos modificar a tendência do CAGR (Compound Annual Growth Rate) da indústria, a partir de novos caminhos, promissores e de ainda maior valor”.
O que é certo é que se continuarmos a fazer os mesmos produtos, nas mesmas embalagens, vendendo através dos canais convencionais, para os mesmos consumidores, vamos continuar disputando preços e baixando o valor médio da indústriaEgon BarbosaEgon salienta que a compra da Verde Campo não foi por acaso e que a Coca-Cola busca crescer nesse mercado, sempre focada em adicionar valor. “Desde que a companhia tomou a decisão estratégica de atuar como total beverage company, temos buscado atuar dentro de nosso DNA e, ao entender o que é valor para o consumidor, construir uma cadeia de diferenciação. Identificamos um parceiro que partilha dos mesmos valores e com muito espaço para crescer. É certo que estamos ainda, mundialmente, aprendendo sobre a indústria de lácteos. Adquirir operações como a Verde Campo é uma das ações para acelerar o aprendizado e, desta forma, contribuir para o segmento com a geração de valor”, concluiu.
Dairy Vision 2017
Além das apresentações e debates de alto nível - característica marcante do evento e amplamente elogiada nas edições anteriores - o Dairy Vision proporcionará diversos momentos para networking, como os espaços empresariais, jantar de confraternização, almoços e diversos breaks. Será o melhor evento já realizado para o setor lácteo no Brasil!
Confira a programação completa clicando aqui.
O Dairy Vision 2017 é uma realização da AgriPoint e da Zenith Global. Esta iniciativa conta com patrocínio Gold da Beneo, ICL, Plastipak, PolyOne e Sealed Air. Participação das empresas ADI, Auto Analítica, Biomérieux, Dupont, Ecolean, Geiger, Quintiq e RMBPack. Apoio da ABIQ, ABLV, ABIS, Embrapa Gado de Leite e FEPALE. Apoio de mídia da Revista Indústria de Laticínios e da Revista Mais Leite.