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Seca na região Sul: orientações emergenciais aos produtores de leite

WAGNER BESKOW

EM 14/01/2022

3 MIN DE LEITURA

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Produtores rurais da Região Sul, em particular o RS, mas também o sul do MS (ver mapa), atravessam um período extremamente difícil, com um déficit hídrico que se acumula desde junho de 2021, agravado a partir de novembro (veja gráfico que elaboramos, onde a linha preta é a média mensal de 30 anos e a vermelha, a registrada em 2021, para a região NE do RS - Fonte dos dados: CPTEC/INPE).


Fonte dos dados: CPTEC/INPE

Na região do mapa em tons vermelhos há perda total de lavouras, falta de pasto e muitas propriedades que o volumoso conservado terminou ou está terminando, e até incêndios.

Com base no que estamos vendo a campo e nos questionamentos que recebemos diariamente, elaboramos um resumo para orientar produtores e técnicos neste momento difícil

Perguntas e respostas:

1. Não tenho mais pasto nem silagem. O que posso fornecer aos animais?
O alimento sólido principal do ruminante (bovino, ovino, caprino) é fibra vegetal (celulose). Qualquer fibra vegetal que não seja tóxica é potencialmente um alimento. Em condições extremas, os microrganismos do rúmen conseguem transformar até papel em energia para sobrevivência, desde que forneçamos, também, nitrogênio e enxofre (explicado mais abaixo).

Alternativas a serem consideradas:

  • Negociar acesso a áreas de vizinhos com pastos, áreas de banhados, restevas de culturas de inverno que não foram plantadas etc. Mesmo o famigerado capim-annoni será útil neste momento. Barba-de-bode, capim-caninha, não importa.
  • Permitir acesso dos animais aos corredores e estradas locais (usar arame eletrificado para impedir acidentes e atropelamentos e contato com gado vizinho por questões sanitárias). Se necessário, consulte a autoridade responsável.
  • Cuidado!!! As plantas de milho colhidas sem granar, podem ser usadas em qualquer estágio que estiverem, mas faça adaptação dos animais, fornecendo pouco e aumentando a cada dia, pois estarão com altos teores de nitratos.
  • Palha de qualquer cereal de inverno, seja enfardada ou ainda na lavoura é alimento.
  • Galhos de algumas árvores, desde que abundantes em folhas e de espécies seguras. Todos os salsos e o vime são seguros, assim como todos os álamos (não confundir com plátano, este não é recomendado). Aroeiras NÃO. Na dúvida, evitar arbustos e árvores de espécies leitosas ou que produzam resinas, aromas fortes, ou espinhos.


 

2. Como e quando devo fornecer esse nitrogênio e enxofre?
Com qualquer fibra de baixa qualidade. No caso do milho planta, se estiver verde, não adicione nitrogênio extra, neste caso.

Palhas, pastos passados, encanados, canas etc. devem receber nitrogênio e enxofre. Para todos os detalhes, clique aqui e baixe o pdf onde explicamos a mistura e quantidades seguras de nitrogênio e enxofre:
 

3. Qual seria o preço justo para adquirir uma tonelada de um milho que não granou?
Se fosse um caso isolado, a metade do valor de uma silagem boa já seria caro. No entanto, neste momento, vai depender de quão apertado você está e da procura na sua região.


 

4. Como posso estimar o rendimento de uma área de milho planta, sem granar? Meu vizinho plantou para grão e está oferecendo. Botou preço na lavoura como está, mas preciso ter uma ideia da quantidade de comida que estarei comprando.
Obtenha o número médio de plantas por metro linear e a distância entrelinhas, em metros. Conte as plantas em 10 metros, dentro da lavoura. Corte umas 3-5 plantas que representem a maioria da lavoura e pese estas plantas. Divida pelo número de plantas para dar kg/planta. O peso normal de um planta granada, bem adubada é 0,9 a 1,1 kg.

O rendimento esperado vai ser: Número de plantas por metro dividido pelo espaçamento em metros x 10.000 x peso médio da planta.

Exemplo: 4 plantas/m; 0,50 m de espaçamento; 0,3 kgMN/planta
Então: 4 / 0,50 = 8 x 10.000 = 80.000 plantas/ha x 0,3 = 24.000 kg de matéria natural/ha
 

5. Qual a quantidade máxima de grão, concentrado ou "ração" que posso dar para as vacas?
Está difícil a situação: concentrado caríssimo e volumoso faltando! Como regra geral, considere que o limite seguro é 50% do total de MS (matéria seca) ingerida, podendo chegar até 60%. Próximo a 60% já ocorrerão problemas de laminite, acidose e possíveis casos de torção de abomaso, também.
 

6. Posso usar casca de arroz?
Pode, com restrições. Ela é basicamente celulose, porém rica em oxalatos (o que NÃO é bom). Serve para uma emergência como esta, mas é um alimento de baixíssima qualidade. Não use em outras épocas. Obrigatório o nitrogênio + enxofre explicado no boletim acima.


Importante: em todos os casos citados, faça uma adaptação do rúmen, fornecendo quantidades pequenas no primeiro dia e aumentando até o 5° ou 7° dia.

Nossos sinceros desejos de que todos vocês consigam superar este desafio, com a certeza de que dias melhores virão 

WAGNER BESKOW

TRANSPONDO Pesquisa Treinamento e Consultoria Agropecuária Ltda: Leite, pastagens, manejo do pastoreio, rentabilidade, custos, gestão, cadeia do leite, indústria, mercado. palestras, consultoria, cursos e treinamentos.

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PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 17/01/2022

Parabéns pelas orientações. Conhecimento denso, orientação clara e de fácil entendimento e senso de oportunidade fazem de você um grande profissional. Parabéns por esta iniciativa.
WAGNER BESKOW

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 17/01/2022

A situação ainda está se agravando, infelizmente. Veremos aqueles números de evasão da atividade divulgados pela Emater/RS, que tu e eu discutimos, se intensificarem ainda mais. Mesmo após aliviada a estiagem, veremos consequências por mais de ano, tanto físicas (reserva alimentar, solo, condição corporal, reprodução, estado das pastagens etc.) como econômico-financeiras (fluxo de caixa, endividamento, falta de reservas, margens negativas etc.). Agradeço por tuas palavras e considerações. Grande abraço.

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