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O verão se aproxima: estratégias para melhorar o desempenho reprodutivo de vacas em estresse térmico

VÁRIOS AUTORES

RODRIGO DE ALMEIDA

EM 26/11/2019

7 MIN DE LEITURA

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A fertilidade de vacas leiteiras é prejudicada pelo estresse térmico devido a inúmeras respostas fisiológicas dos animais, desde a redução da expressão do estro até a morte embrionária precoce. As oportunidades de manejo de bovinos leiteiros sob estresse calórico variam muito e incluem usos de aditivos, técnicas de resfriamento, seleção genética, transferência de embriões e cruzamentos entre diferentes raças. Infelizmente, nenhuma abordagem isoladamente consegue recuperar completamente a fertilidade das vacas em estresse térmico e, com isso, combinações de estratégias apropriadas para cada região podem elevar os índices reprodutivos a níveis satisfatórios.

Sabe-se que o estresse térmico diminui a eficiência produtiva dos animais, gerando prejuízos financeiros aos produtores, justamente pela redução na produtividade leiteira e na eficiência reprodutiva das vacas. Os seus efeitos sobre a produção de leite são imediatos e facilmente percebidos durante o monitoramento da produtividade diária; já a redução na fertilidade não é facilmente quantificada, pois seus efeitos são mais tardios. As taxas de concepção podem diminuir de 20 a 30% nos meses mais quentes do ano, resultando em maior número de dias abertos e maior descarte de vacas devido a falhas reprodutivas.

Por décadas, uma gama de estratégias tem sido desenvolvida com objetivo de reduzir os efeitos deletérios do estresse térmico, mas nenhuma foi capaz de promover um desempenho similar ao verificado em termoneutralidade. Portanto, antes de utilizar uma técnica de resfriamento, é muito importante que se considere o custo benefício do emprego desses métodos para vacas leiteiras.

O metabolismo do estresse térmico no gado leiteiro é único e não está completamente compreendido. Apesar de ser um grande contribuidor, o menor consumo de matéria seca (MS) não explica totalmente a diminuição de produção de leite por vacas em estresse térmico. De modo geral, a redução na ingestão de nutrientes contribui somente com 35% dessa menor produtividade. Em vacas estressadas termicamente algumas mudanças metabólicas tem sido observadas, como alterações nas concentrações sanguíneas de ácidos graxos não esterificados, IGF-I, proteína, albumina, nitrogênio ureico, metil histidina, creatinina, mediadores imunológicos e proteínas do choque térmico. 

A seguir (Tabela 1), estão descritos os principais efeitos prejudiciais do estresse calórico sobre a fertilidade.

Tabela 1. Efeito do estresse calórico sobre a fertilidade de vacas leiteiras.

Existem técnicas relativamente simples que promovem conforto e produtividade em vacas leiteiras durante o estresse térmico, baseadas na variação da temperatura durante o dia, no comportamento alimentar e na estratégia de fornecimento do alimento. Por exemplo, fornecer a dieta aos animais nas horas mais frescas do dia pode reduzir a frequência de respiração e a temperatura retal das vacas.

Outra técnica utilizada é a inclusão de aditivos alimentares, que representam uma estratégia importante no combate ao estresse térmico. O fornecimento de aminoácidos, vitaminas, minerais, antioxidantes e outros nutrientes específicos melhoram várias respostas fisiológicas em condições de estresse calórico. Na Tabela 2 estão representados os efeitos de alguns aditivos testados em vacas leiteiras sob condições de estresse térmico.

Tabela 2. Aditivos alimentares que promovem uma melhora no desempenho reprodutivo de vacas sob estresse calórico.

Uma estratégia comum para o resfriamento dos animais é o uso de ventiladores e exaustores, com ou sem o uso de aspersores, de forma a tentar diminuir a temperatura corporal e as taxas respiratórias de vacas leiteiras. Porém, há grande divergência no método de utilização dessas técnicas, já que o tamanho, poder e localização dos ventiladores variam muito entre propriedades.

Um estudo recente, realizado por Spiers et al. (2018), demonstra que a temperatura corporal mínima diária está mais correlacionada com a produção de leite do que a temperatura corporal máxima durante o período de estresse térmico. Quando as vacas foram resfriadas durante a noite, a produção de leite caiu somente 1,66%, comparada com a queda de 6,81% para as vacas resfriadas durante o dia. Isso ocorre porque os animais estressados termicamente passam a consumir a maior parte da dieta durante o período da noite, e com isso, o resfriamento noturno encoraja os animais a ingerir mais alimento.

No geral, vários métodos de resfriamento são utilizados para diminuir os efeitos negativos do estresse calórico durante os períodos de pré e pós-parto. As opções de manejos são numerosas e variadas, portanto, a utilização dos mesmos deve ser avaliada de acordo com a região, clima, disponibilidade e custo-benefício.

Vacas secas e novilhas em período reprodutivo não devem ser deixadas de lado no que concerne ao estresse calórico. As taxas de prenhez em épocas quentes podem ser melhoradas mesmo com resfriamento a curto prazo. De acordo com Moghaddam et al. (2009), as taxas de prenhez de novilhas resfriadas são de 56,7%, contra 23,3% para as não-resfriadas. O resfriamento de vacas prenhas secas é ainda mais importante, pois o estresse térmico pode afetar tanto a vaca quanto o bezerro. Na tabela a seguir, estão sumarizados os efeitos positivos do resfriamento sobre a fertilidade de vacas leiteiras.

Tabela 3. Potenciais efeitos positivos na fertilidade da vaca após o resfriamento. FONTE: Negrón-Pérez et al. (2019).

Outro fator que pode afetar a reprodução das vacas leiteiras é a seleção de touros (Figura 1). Sabe-se que o gado zebuíno (Bos indicus) apresenta maior tolerância a altas temperaturas em relação ao europeu (Bos taurus). Portanto, incluir touros Bos indicus nos programas de inseminação artificial em épocas de alta temperatura pode melhorar a tolerância do rebanho às altas temperaturas.

Contudo, para alguns produtores, o uso de raças zebuínas não é possível ou não é desejado, principalmente devido às menores produções de leite. Com isso é de grande importância a identificação de animais Bos taurus que transmitam a tolerância ao calor aos embriões e sua prole de fêmeas adultas. Animais termotolerantes são capazes de regular melhor sua temperatura corporal, e, portanto, serão mais bem-sucedidos em manter a gestação quando sujeitos ao estresse térmico, porém, como esperado, podem apresentar menor produção de leite.

Figura 1. Folículos em desenvolvimento, oócitos e células espermáticas são altamente susceptíveis aos efeitos prejudiciais do estresse calórico. Da mesma forma, o embrião pré-implantado é susceptível ao estresse calórico no estágio de mórula e blastocisto. Portanto, a transferência de embrião (TE) pode servir como uma alternativa para ultrapassar os efeitos negativos do estresse calórico no embrião. Além disso, raças Bos indicus são conhecidas como mais tolerantes ao calor em relação as raças Bos taurus. O uso de sêmen de animais termicamente adaptados, touros Bos indicus ou cruzados pode melhorar as taxas de prenhez durante períodos de estresse calórico. FONTE: Adaptado de Negrón-Pérez et al. (2019).

A inseminação artificial em tempo fixo (IATF) também é um manejo importante para melhorar os índices reprodutivos de uma fazenda. Por mais que as estratégias para evitar o estresse calórico em vacas leiteiras sejam eficientes, o sucesso reprodutivo depende de que os animais sejam inseminados no momento correto do ciclo estral. Como o estresse térmico diminui a expressão e detecção do estro, os produtores podem passar mais tempo observando os sinais de estro nas vacas, além de fazer uso de programas de IATF, a fim de garantir que a IA seja realizada no momento correto.

Como as elevadas temperaturas corporais podem causar danos embrionários, a transferência de embriões (TE) é outra estratégia utilizada para ultrapassar o obstáculo do estresse calórico. A transferência, se realizada durante o estágio de blastocisto, apresenta altas taxas de sucesso, já que nesse momento os embriões começam a apresentar termo tolerância inata.

Algumas estratégias destinadas a melhorar a fertilidade e/ou a produtividade na lactação mostraram serem benéficas, enquanto outras resultaram em pouca ou nenhuma melhora. Mesmo que as técnicas para diminuir os efeitos deletérios do estresse térmico sejam incapazes de resgatar o desempenho produtivo e reprodutivo total, as mesmas podem ser favoráveis para as fazendas. A escolha cuidadosa e planejada dos métodos pode resultar em melhores taxas de prenhez para o rebanho. Infelizmente, não existe uma abordagem única que possa ser aplicada amplamente em todas as regiões e climas, pois a eficácia varia de fazenda para fazenda, e as estratégias precisam ser escolhidas com base nas circunstâncias, recursos e oportunidades disponíveis para os produtores.

Referências bibliográficas

MOGHADDAM, A.; I. KARIMI; M. POOYANMEHR. Effects of short-term cooling on pregnancy rate of dairy heifers under summer heat stress. Vet. Res. Commun., 2009.

NEGRÓN-PÉREZ, V. M.; D. W. FAUSNACHT; M. L. RHOADS. Invited review: Management strategies capable of improving the reproductive performance of heat-stressed dairy cattle. J. Dairy Sci., 2019.

SPIERS, D. E.; J. N. SPAIN; M. R. ELLERSIECK; M. C. LUCY. Strategic application of convective cooling to maximize the thermal gradient and reduce heat stress response in dairy cows. J. Dairy Sci., 2018.

JEAN CARLOS STEINMACHER LOURENÇO

Aluno de doutorado do programa de pós-graduação em zootecnia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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