Mee (2008) relatou que nessas situações acaba sendo muitas vezes necessário o auxílio obstétrico, gerando muitas perdas econômicas e reprodutivas. O autor também acrescenta como causa de distocia, os problemas na vaca, como pequeno tamanho do canal do parto e/ou excesso de gordura corporal. Assim, a dificuldade de parto se comporta de maneira diferente entre raças leiteiras especializadas, sendo este um fator de relevância.
Van Raden e Tooker (2006) apud Pizzol (2012) estimaram que 0,8% dos partos são considerados difíceis para a raça Jersey (raça britânica de pequeno porte) contra 7,9% para Holandês (raça continental de grande porte) nos Estados Unidos. Corroborando, Felippe (2013) descreveu a ocorrência de 15% de partos difíceis para novilhas Holandesas contra 4% na raça Jersey em rebanhos canadenses. Não obstante, no Brasil, Dias (2010) avaliando partos de fêmeas da raça Holandesa, inseminadas com touros da raça Holandesa e Jersey em Lages/SC, observou resultados semelhantes com percentual de 17,3% de partos distócicos quando utilizado touros Holandeses, e nenhuma ocorrência de distocia com paternidade da raça Jersey.
O uso de reprodutores com estimativa de maior facilidade de parto e cruzamentos com outras raças leiteiras estão sendo utilizados e avaliados como alternativas à redução do número de partos distócicos, principalmente na raça Holandesa (FELIPPE, 2013). De maneira semelhante, Pizzol (2012) sugere o emprego do cruzamento como alternativa para a diminuição dos problemas de dificuldade de parto.
A partir dessa orientação, Heins et al. (2006) ao avaliarem a ocorrência de distocia em vacas puras Holandês em relação às vacas cruzadas, encontraram menor incidência nas F1 de Holandês x Sueca Vermelha (Figura) e nos animais Holandês x Norueguês Vermelho (7,2%) em relação às vacas Holandesas puras (17,7%). Já Pizzol (2012) encontrou índices de dificuldade de parto de 14,81% para fêmeas holandesas e de 9,09% para mestiças Holandês x Jersey em um rebanho localizado em Carambeí/PR. Este autor constatou que as vacas F1 Holandês x Jersey não apresentaram aumento na dificuldade de parto ao serem comparadas a vacas da raça Holandesa, quando ambas foram inseminadas com touros holandeses.
De forma oposta, Felippe (2013) avaliando a ocorrência de distocia em uma propriedade de Santa Catarina com fêmeas puras Holandesas e Jerseys e mestiças F1 (½ sangue), ¾ Holandês-1/4 Jersey e ¾ Jersey-1/4 Holandês, entre 2010 e 2012, não confirmou os indícios de partos com elevada dificuldade (escore de 4 ou 5 em escala de 1 a 5) nos grupamentos genéticos avaliados, observando apenas 9,5% de necessidade de pequena assistência em fêmeas ¾ Holandês-1/4 Jersey.
Figura 1 - Heins et al. (2006a) encontraram menor incidência de partos difíceis nas F1 de Holandês x Sueca Vermelha e Branca.
Referências bibliográficas
DIAS, A. L. G. Avaliação do parto de vacas da raça Holandesa inseminadas com Holandês ou Jersey e do desenvolvimento, sanidade e concentração de Imunoglobulinas dos bezerros. 2010. 51 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, 2010.
FELIPPE, E. W. Comparação de vacas mestiças das raças Holandesa x Jersey com vacas puras quanto à eficiência produtiva e reprodutiva. 2013. 55 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, 2013.
HEINS, B. J.; HANSEN, L. B.; SEYKORA, A J. Calving difficulty and stillbirths of pure Holsteins versus crossbreds of Holstein with Normande, Montbeliarde, and Scandinavian Red. Journal of Dairy Science, v. 89, n. 7, p. 2805–10, jul. 2006.
MEE, J.F. Prevalence and risk factors for dystocia in dairy cattle: With Emphasis on Confinement Systems. Veterinary Journal, v. 24, p.113-125, 2012.
PIZZOL, J. G. D. Comparação entre vacas da raça Holandesa e mestiças das raças Holandesa x Jersey quanto à sanidade, imunidade e facilidade de parto. 2012. 55 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, 2012.