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Como podemos aumentar o consumo de leite no Brasil?

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EM 23/01/2018

6 MIN DE LEITURA

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Nos últimos 20 anos, houve grande crescimento da produção de leite no Brasil. Até 2013, o aumento da população do país e o aumento do consumo per capta, absorveu grande parte dessa demanda crescente, porém, nos últimos anos, com a redução no crescimento populacional e aumento pouco expressivo do consumo per capta, só existe 2 formas para que não haja uma tendência crescente de excedente de produção (e consequentemente queda no preço de leite) no país: aumentar o consumo interno ou, aumentar as exportações de leite. Neste artigo vamos abordar algumas estratégias que poderiam ser utilizadas para aumentar o consumo de leite no Brasil.

Produtos derivados lácteos atendem a uma considerável parcela da exigência diária de proteínas, vitaminas e minerais. Esses alimentos oferecem cálcio prontamente disponível para o fortalecimento dos ossos, principalmente durante a adolescência, onde aproximadamente 60% da massa óssea é adquirida. Porém, nas últimas décadas, o consumo de derivados lácteos pelos adolescentes vem perdendo espaço, por exemplo, para os refrigerantes. Em um estudo feito no Brasil, a prevalência de consumo de leite foi maior no sexo feminino, idosos, residentes da região sul, e entre os indivíduos de maior renda per capta (Possa et al., 2017).

Por uma questão nutricional da população e econômica do país, é de extrema importância que sejam estudados os fatores que aumentam o consumo de láteos em toda a população e principalmente nos adolescentes. Em uma revisão de literatura realizada por pesquisadores da Universidade de Guelph, Canadá (Marquez et al., 2015), foi avaliado a eficiência de diversas intervenções que buscavam aumentar o consumo de derivados lácteos entre os adolescentes.

Dezessete intervenções (de 16 publicações) foram avaliadas, dessas 11 (aproximadamente 69%) foram classificadas como eficientes. As intervenções foram avaliadas quanto a duração, frequência, intensidade e efeito negativo na dieta (Tabelas 1 e 2). A eficiência da intervenção também foi avaliada de acordo com a técnica usada para a mudança de comportamento (Tabela 3).

Tabela 1 – Características das intervenções realizadas para aumentar o consumo de derivados lácteos (“puros” ou misturados com outros alimentos) em adolescentes.

Tabela 2: Características de frequência e intensidade das intervenções associadas com a eficiência da intervenção.

Tabela 3: Técnica de mudança de comportamento associada à eficiência da intervenção.

As intervenções eficientes apresentaram maior intensidade. Isso também já foi observado em intervenções para aumento de consumo de leite em crianças. A diferença mais notável entre estudos eficientes e ineficientes, foi a duração da intervenção (a média da nota de duração das intervenções eficientes foi 4, das intervenções ineficientes foi 2). A maioria das intervenções com maior intensidade duraram de 6 meses a mais de 1 ano, enquanto que as intervenções ineficientes duraram 5 meses ou menos. Pequenas diferenças foram notadas nas categorias frequência, contato e alcance.

A única categoria em que as intervenções eficientes apresentaram menor intensidade, foi a de contato, que descreve o grau de personalização da intervenção, sendo que quanto mais personalizado o contato, maior a intensidade. Curiosamente, os resultados desta categoria sugerem que o contato individual com adolescentes não é necessário para que haja mudança no consumo de derivados lácteos, ou seja, atingir essas pessoas em grupo (por exemplo na escola) é o suficiente, isso é importante para o planejamento das intervenções.

Apesar de não ser uma técnica explicita de mudança comportamental, o uso de tecnologia nas intervenções merece atenção. Nessa e em outras revisões, as intervenções que usaram tecnologia (internet) apresentaram bons efeitos na eficiência da intervenção, pois podem auxiliar em algumas técnicas de mudanças comportamentais, como: fornecer informações gerais, revisão dos objetivos comportamentais, fornecer oportunidades para comparação social, e planejamento para uma mudança/apoio social. Considerando a crescente influência da internet e mídias sociais sobre o comportamento das pessoas, é de extrema importância que sejam esclarecidos alguns mitos e falsas crenças que possam afetar o consumo de derivados lácteos.   

A revisão de literatura feita por Marquez et al. (2015), concluiu que foram identificadas algumas características de intervenções eficientes que resultaram no aumento de consumo de derivados lácteos (e/ou Cálcio), como revisão dos objetivos comportamentais, monitoramento e prática do próprio comportamento (hábito), dar feedback, promover oportunidades para comparação social, e ter breves conversas e aconselhamentos. Além disso, a intensidade da intervenção foi claramente associada à sua eficiência, principalmente em intervenções de maior duração.

E o que pode ser feito para atingir toda a população (inclusive fora do Brasil)?

·      Educar as crianças para continuarem a beber leite durante toda a vida (o consumo cai conforme a idade aumenta).

·      Enfatizar o valor nutricional dos derivados lácteos, aumentar a disponibilidade e satisfação dos consumidores.

·      Atender às mudanças do padrão de consumo tradicional do leite, com variedade de sabores e inclusão no estilo de vida (por exemplo, bebidas de café da manhã).

·      Associar uma dieta balanceada contendo derivados lácteos a atividades físicas.

·      Promover cursos para educadores (professores).

·      Promover integrações entre escola e fazenda.

·      Inserir no currículo das escolas a discussão sobre os benefícios dos derivados lácteos.

·      Ter produtos lácteos com diferentes teores de gordura.

·      Ter leites flavorizados com baixos teores de açúcar.

·      Conscientizar e educar adultos sobre o consumo insuficiente de Cálcio, e promover instruções específicas de como o hábito de consumir produtos lácteos pode ser inserido em suas vidas.

·      Ter mensagens distintas para públicos distintos. Por exemplo: homens preferem informações com fatos bem embasados, mulheres preferem mensagens saudáveis e de bem-estar, e desaprovam apelos estéticos.

·      Combinar leite e derivados lácteos com outras comidas.

·      Atingir a família como um todo, não apenas a criança, engajando diretamente os pais.

·      Aumentar o consumo de produtos lácteos em países com baixo consumo: a venda de leite embalado, ao invés de leite não embalado, direto para consumidores de outros países, pode aumentar o consumo de pessoas que já possuem o hábito de tomar leite.

·      Ajustar as variedades de sabor para atender a diferentes paladares pode ser uma estratégia chave para aumentar o mercado em países como Índia e Paquistão.

·      Inserir produtos lácteos como parte da dieta tradicional de alguns países, como China e Vietnã.

Marketing

A estratégia de marketing mais conhecida (e talvez mais impactante) que objetivou o aumento no consumo de derivados lácteos, foi a “Got Milk”. Essa “campanha” teve 3 fases principais:

Fase 1: aumentar o número de consumidores de leite associando-o a comidas, celebridades e ocasiões.

Fase 2: aumentar o consumo de leite em pessoas que já consumiam este produto. Através de uma imagem de que beber leite é legal e interessante!

Fase 3: desenvolvimento de novos produtos que utilizam leite, através de parcerias com grandes redes alimentícias (por exemplo, Macdonald’s).

Mais detalhes da campanha “Got Milk” e a viabilidade de marketing institucional no Brasil, podem ser conferidos nos seguintes endereços eletrônicos: (https://are.berkeley.edu/~sberto/2009Got_Milk.pdf); (https://www.milkpoint.com.br/cadeia-do-leite/editorial/marketing-institucional-para-aumentar-o-consumo-de-leite-no-brasil-93082n.aspx).

No Brasil, recentemente foi lançada uma campanha que objetiva aumentar o consumo de leite, a “Beba mais Leite” (https://www.bebamaisleite.com.br/), que está promovendo os benefícios do consumo de lácteos à saúde. Vamos torcer e apoiar esta iniciativa para obter bons resultados de conscientização dos brasileiros sobre o leite!

Por fim, pode-se concluir que existem diversas ações que podem ser realizadas com o objetivo de aumentar o consumo de derivados lácteos no Brasil. Talvez, ainda estejamos “engatinhando” nesse processo, pois ainda existe muita falta/falha de informação a respeito dos benefícios nutricionais do leite. Em grande parte do mundo, os benefícios na saúde promovidos pelos derivados lácteos são quase que inquestionáveis (não é à toa que a OMS recomenda um consumo de 200 litros/habitante/ano), porém no Brasil, parece que poucas mídias estão interessadas em falar a verdade (argumentos técnicos e pesquisas bem embasadas) sobre o leite.

Referências:

Marquez O., Racey M., Preyde M., Hendrie G., e Newton G. Interventions to increase dairy consumption in adolescents. 2015. ICAN: Infant, Child, & Adolescent Nutrition. Vol 7, Issue 5.

Possa G., Castro M., Sichieri R., Fisberg R., e Fisberg M. Consumo de lácteos e derivados no Brasil está associado com fatores socioeconômicos e demográficos: resultados do Inquérito Nacional de Alimentação 2008-2009. 2017. Rev. Nutr. vol.30 no.1 Campinas.

GRUPO APOIAR

O "Grupo Apoiar" foi criado com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento da pecuária leiteira, através de trabalhos de pesquisa e de consultoria em diversos segmentos da cadeia agroindustrial do leite.

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ALESSANDRO

CASSILÂNDIA - MATO GROSSO DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/01/2018

bom dia...
O problema não e aumentar o consumo de leite, para podermos resolver a crise no setor produtivo, temos que dar valor e credito ao leite produzido no Brasil, nos somos auto sustentáveis, NOSSO MAIOR PROBLEMA É A IMPORTAÇÃO DE LEITE, NÃO O CONSUMO DE LEITE E DERIVADOS.
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 25/01/2018

Alessandro, infelizmente não é esse problema, ou não é o único e nem principal problema do leite no país. As importações caíram 32% em 2017, e veja o que houve com o preço. Neste ano, elas representaram 5,3% do nosso consumo formal. Se considerar o leite informal na conta, cai para 3,7%. Ou seja, 96,3% do nosso consumo é produção interna. E foi justamente essa produção que aumentou e causou a situação verificada no ano passado, além, é claro, do baixo consumo em função de 3 anos seguidos de crise.

Claro que as importações trazem leite para dentro e, em determinados momentos, podem ser o fator decisivo. Mas os dados mostram claramente que não foi o problema neste ano, e isso é importante sabermos para "acertarmos de problema".

O artigo que traz as informações sobre consumo é https://www.milkpoint.com.br/noticias-e-mercado/giro-noticias/importacoes-caem-32-em-2017-206347/.

Obrigado pela sua participação!
JORGE ALMEIDA

PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/01/2018

E necesssario disciplinar via MAPA os compostos, com predominancia de soro em po, gordura vegetal que vem substituindo o leite de vaca no Norte e Nordeste com as formulações a base derivados de milho e arroz, e leite que nao esta sendo consumido inclusive em Escolas e outros programas de alimentação estatais, e necessario que o produtor exija somente leite nas formulações, pois fica mais barato para industria importar soro e acrescer a estes produtos (enriquecidos)
DIVANIR RUBENICH

CARLOS BARBOSA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/01/2018

Texto com excelente abordagem.
Aumentar o consumo de leite através do ensinamento de seus BENEFÍCIOS É FUNDAMENTAL.
Utilizar as redes sociais na divulgação dos mesmos também é extremamente necessário, dado a importância que as mesmas tem sobre as pessoas.
Melhorar e aumentar o marketing sobre o leite também é preciso, a exemplo dos refrigerantes.
Incrementar a exportação de lácteos, pois temos leite e derivados com qualidade para competir.
Vemos então que temos diversas ações a serem tomadas para estimular o consumo consciente e saudável do LEITE, aumentando a demanda e melhorando a economia do setor.
GRUPO APOIAR

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/01/2018

Divanir, agradecemos seu comentário. Você pode ler também outros artigos, através do nosso site: www.grupoapoiar.com

Abraços!

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