O ano de 2020 chega a sua metade como sendo um ano totalmente atípico e desafiador para os estudiosos do mercado do leite. Um início do ano com muita chuva no Centro-oeste e uma seca histórica no Sul, tudo isso colaborando para a produção diminuir.
Imaginava-se então que, com a oferta baixa, o preço pago ao produtor se elevaria, o que em partes aconteceu. O que ninguém esperava era a chegada do coronavírus, trazendo com ele uma quarentena, mudando hábitos alimentares e de consumo da população.
Momento em que queijos tiveram uma redução significativa no consumo, visto lancherias e restaurantes estavam fechados, alguns laticínios baixaram na hora o preço pago, mesmo que queijo não fosse seu "carro-chefe"(atenção com estes laticínios).
A necessidade de ficar em casa associada à busca por estoque de comida fez com que o UHT, o leite em pó e alguns derivados tivessem maior procura. Laticínios que não tiveram suas vendas afetadas e que trabalham de forma idônea mantiveram o preço para o produtor e hoje acenam para uma alta.
Eis que surge a conversa de que o leite vai a 2 reais (para alguns talvez chegue), aí aqueles laticínios que baixaram o preço e até atrasaram pagamentos correm fazer ofertas milagrosas.
O preço de leite sempre teve altos e baixos e os dois extremos não são bons: preço muito baixo ninguém quer e preço muito alto não se sustenta.
Sabemos que os queijos voltaram a ter alta com a gradativa abertura do comércio e que o dinheiro injetado na economia via auxílio emergencial estão segurando o consumo. Segundo Andrés Padilla, analista sênior do Robobank Brasil, o crescimento da renda real da população tem uma correlação de 98% com o avanço do consumo de alimentos, como lácteos.
Expectativas de que a volta às aulas ajudem a segurar um pouco mais este consumo. Mas vejamos que a produção ja está aumentando e que o preço subindo faz com que o produtor dê mais ração para sua vaca, deixe mais tempo no pasto, retome o uso de BST e faça indução a lactação. Todas estas iniciativas somadas tem um resultado instantâneo.
O momento é de pés no chão para aproveitar a alta, sem se iludir achando que ela vai durar para sempre, ou seja, sem investimentos a longo prazo, contando com o leite a "2 reais ".